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Versificação

A engenharia das palavras: Conheça as características da versificação, a arte de combinar versos!

Um bom versejador nem sempre é bom poeta: A poesia é dom, enquanto a versificação é arte e técnica Um bom versejador nem sempre é bom poeta: A poesia é dom, enquanto a versificação é arte e técnica

Amor é um fogo que arde sem se ver

Amor é um fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói, e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer. 

É um não querer mais que bem querer; 
É um andar solitário entre a gente; 
É nunca contentar-se e contente; 
É um cuidar que ganha em se perder; 

É querer estar preso por vontade; 
É servir a quem vence, o vencedor; 
É ter com quem nos mata, lealdade. 

Mas como causar pode seu favor 
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? 


Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

O poema que você acabou de ler é de autoria de Luís Vaz de Camões, o maior nome da Literatura Portuguesa e um dos escritores mais lidos e apreciados da Literatura Mundial. Luís Vaz de Camões, além de hábil poeta, era também um exímio versejador. Falando nisso, você sabe o que é versificação?

A versificação consiste em uma técnica: a técnica de fazer ou de estudar versos. Nela, estuda-se o ritmo poético, caracterizado pela repetição. Nem todo grande poeta é um grande versejador, assim como nem todo grande versejador pode ser considerado um grande poeta. A poesia é um dom, nasce-se poeta; mas, para ser um grande versejador, é preciso estudar essa interessante arte.


Sobre a vida de Camões pouco se sabe, mas sua obra deixa claro que ele foi uma das maiores figuras da Literatura em Língua Portuguesa

Na versificação, existem critérios bem definidos que podem ser combinados de maneiras variadas. São eles:

  1. número fixo de sílabas;

  2. distribuição de sílabas fortes (ou tônicas) e fracas (ou átonas);

  3. cesura;

  4. rima;

  5. aliteração;

  6. encadeamento;

  7. paralelismo;

Grandes poetas brasileiros, como Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana, não se dedicaram ao estudo da métrica, portanto, não podem ser considerados bons versificadores. Contudo, esse fato em nada diminui a genialidade desses dois grandes nomes da Literatura. Olavo Bilac, outro grande nome das letras nacionais, foi um entusiasta da versificação, tendo dedicado muitos de seus poemas à descrição da técnica: entretanto, não é visto como um poeta que desperte grandes emoções, em virtude do tecnicismo de sua escrita.

Viu só? A poesia é arte e inspiração, e a versificação é estudo e técnica!


Por Luana Castro
Graduada em Letras

Por Luana Castro Alves Perez

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