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Soneto

O soneto é um poema que tem 14 versos. Ele pode ser italiano, inglês, monostrófico ou estrambótico.

Imagem explicando o que é soneto e mostrando como exemplo o “Amor é fogo que arde sem se ver”, de Luiz Vaz de Camões. O soneto é um poema com 14 versos. (Créditos: Gabriel Franco | Escola Kids)

O soneto é um poema de 14 versos e apresenta uma estrutura fixa. O soneto italiano é formado por dois quartetos e dois tercetos, e é o tipo de soneto mais popular no Brasil. O soneto inglês é formado por três quartetos e um dístico. Já o soneto monostrófico apresenta apenas uma estrofe. Por fim, o soneto estrambótico tem até três versos além dos 14 versos obrigatórios.

Leia também: Quais as diferenças entre a poesia, o poema e o soneto?

O que é soneto?

O soneto é um poema que tem 14 versos.

Tipos de soneto

Os tipos de soneto são os seguintes:

  • soneto italiano ou petrarquiano;
  • soneto inglês ou shakespeariano;
  • soneto monostrófico;
  • soneto estrambótico.

Características do soneto

→ Estrutura do soneto

Tipo de soneto

Estrutura

Italiano ou petrarquiano

Tem dois quartetos e dois tercetos.

Inglês ou shakespeariano

Tem três quartetos e um dístico.

Monostrófico

Tem apenas uma estrofe.

Estrambótico

Além dos 14 versos, pode ter até mais três versos.

Para facilitar seu entendimento, saiba que:

  • Quarteto é uma estrofe com quatro versos.
  • Terceto é uma estrofe com três versos.
  • Dístico é uma estrofe com dois versos.

Saiba também que, no Brasil, a maioria de autoras e autores prefere o soneto italiano, e que, no soneto inglês, os quartetos ficam grudadinhos uns nos outros, e o dístico no final fica destacado por um recuo. Veja um exemplo mais abaixo.

→ Métrica do soneto

A métrica é a medida dos versos. Para medir os versos, nós contamos as sílabas. Para exemplificar, vamos contar as sílabas do seguinte verso do “Pequeno poema didático”, de Mario Quintana:

To/dos/ os/ po/e/mas/ são/ um/ mes/mo/ po/e/ma,

Esse verso tem 12 sílabas porque nós contamos até a última sílaba tônica, ou seja, a última sílaba tônica é o “e” da palavra “poema”. Um verso de 12 sílabas é chamado de alexandrino. Já um verso com 10 sílabas é chamado de decassílabo. São esses dois tipos de metrificação que os poetas e as poetisas mais utilizam.

Outros tipos de versos também podem ser usados, como a redondilha menor (cinco sílabas) e a redondilha maior (sete sílabas). Isso vai depender da época em que são produzidos e da escolha de autores e autoras. De toda forma, o decassílabo e o alexandrino são os preferidos por sonetistas no mundo inteiro.

Veja também: Quais as diferenças entre verso, estrofe e rima?

Principais sonetistas

→ Principais sonetistas do Brasil

  • Augusto dos Anjos
  • Cláudio Manuel da Costa
  • Cruz e Sousa
  • Francisca Júlia
  • Gregório de Matos
  • Jorge de Lima
  • Mario Quintana
  • Olavo Bilac
  • Vinicius de Moraes 

→ Principais sonetistas do mundo

  • Charles Baudelaire (França)
  • Florbela Espanca (Portugal)
  • Francesco Petrarca (Itália)
  • Garcilaso de la Vega (Espanha)
  • Luís Vaz de Camões (Portugal)
  • Manuel Maria du Bocage (Portugal)
  • William Shakespeare (Inglaterra)

Exemplos de soneto

  • Exemplo 1:

O poema “Dorme ruazinha...”, de Mario Quintana, é um soneto italiano:

Dorme, ruazinha... É tudo escuro...
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos...

Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos...

O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão...
Dorme, ruazinha... Não há nada...

Só os meus passos... Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração…|1|

  • Exemplo 2:
William Shakespeare é o mais famoso sonetista inglês.

O poema a seguir, de William Shakespeare, é um soneto inglês:

Dos astros não retiro entendimento
Embora eu tenha cá de astronomia,
Mas não para prever a sorte, o intento
Das estações, ou fome, epidemia;
Nem sei dizer o que será do instante,
Prever a alguém quer chuva, ou vento, ou raio;
Se tudo há de sorrir ao governante
Segundo as predições que aos céus extraio.
De teus olhos provêm meus atributos
E, astros constantes, leio ali tal arte:
“Que a verdade e a beleza darão frutos
Se em ti deixas de tanto reservar-te”;
Ou um vaticínio sobre ti revelo:
“Teu fim põe termo ao verdadeiro e ao belo”.|2|

  • Exemplo 3:

O poema “Tarde antiga”, de Mario Quintana, é um soneto monostrófico:

Era a mais suave, a mais azul das tardes...
tão calma que só poderá ter sido
naqueles tempos do bom Reyno Unido
de Portugal, Brasil & Algarve...
Te lembras dessas tardes, Dom João VI?
Pois foi por uma dessas nossas tardes.
Estava eu a meditar um texto
do meu querido Manuel Bernardes
eis senão quando... nada aconteceu:
apenas, eu... não era eu...
nem tu o Rei... as almas não têm nome...
e — no Todo onde tudo se consome —
a mesma pura chama consumia
minha miséria e tua hierarquia!|3|

  • Exemplo 4:

O poema a seguir, retirado do romance Dom Quixote, escrito por Miguel de Cervantes, é um soneto estrambótico:

No soberbo trono diamantino
que com pés sangrentos pisa Marte,
frenético o Manchego seu estandarte
hasteia com brio peregrino,
descansa a armadura e o aço fino
com que destroça, assola, racha e parte...
Novas proezas!, mas inventa a arte
um novo estilo para o novo paladino.
E se Gaula se orgulha de seu Amadis,
se a Grécia, com seus bravos descendentes,
triunfou mil vezes e a fama alcança,
hoje Quixote é coroado na corte
onde Belona preside, e dele se orgulha,
mais que a Grécia ou Gaula, a nobre Mancha.

O esquecimento nunca suas glórias mancha,
pois até Rocinante, em ser galhardo,
excede a Brilhadouro e a Baiardo.|4|

Notas

|1| QUINTANA, Mario. Antologia poética. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.

|2| SHAKESPEARE, William. 50 sonetos. Tradução de Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

|3| QUINTANA, Mario. Antologia poética. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.

|4| CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote de la Mancha. Tradução de Ernani Ssó. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2015.

BIZ, Ricardo. A escrita psicanalítica e a psicanálise da escrita. Jornal de Psicanálise, São Paulo, v. 50, n. 92, jun. 2017.

BUARQUE, Jamesson. Soneto como variação fixa formal. Texto Poético, Goiânia, v. 19, jul./ dez. 2015.

CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote de la Mancha. Tradução de Ernani Ssó. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. 13. ed. São Paulo: Ática, 2001.

PIRES, Antônio Donizeti. Fios da trama poética de Adriano Espínola. Texto Poético, Goiânia, v. 19, jul./ dez. 2015.

QUINTANA, Mario. Antologia poética. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.

SHAKESPEARE, William. 50 sonetos. Tradução de Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

Por Warley Souza

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