Por que é tão difícil um furacão atingir o Brasil?
Diferentemente de outros países da América, o Brasil é pouco atingido por tempestades tropicais como os furacões. No entanto, quais são os motivos que impedem essa ocorrência?
É comum as pessoas indagarem-se sobre o porquê de ser tão difícil um furacão atingir o Brasil. Países próximos ao território brasileiro sofrem constantemente as consequências desse fenômeno natural e, por isso, estão sempre em constate alerta na tentativa de evitarem o menor estrago possível. De todo modo, há uma explicação científica para esse fenômeno? Sim, há. No entanto, antes dessa explicação, é necessário entender o que é um furacão e em quais condições é formado. Vamos lá?
O que é furacão?
Furacão nada mais é que uma tempestade tropical, ou seja, uma perturbação atmosférica que se forma normalmente nos oceanos tropicais ou subtropicais. As áreas de formação dos furacões correspondem a centros de baixa pressão, caracterizados pela ocorrência de grandes tempestades, elevada formação de nuvens e muita umidade.
Essa instabilidade possibilita uma intensa movimentação do ar que acaba por concentrar calor e umidade. O furacão é, portanto, uma circulação fechada de ventos que opera “aspirando” o ar da superfície e transportando-o para áreas mais altas da atmosfera. Essa circulação cria uma espécie de olho em seu centro — o conhecido olho do furacão.
Todos sabemos que esse fenômeno meteorológico possui alto poder destrutivo, causando grandes estragos por onde passa, vitimando populações que, por vezes, veem-se desabrigadas, mobilizando governo e esforços para reconstrução das áreas atingidas.
A ocorrência desse fenômeno, na parte leste do Oceano Pacífico ou no Oceano Atlântico, determina que ele seja chamado furacão. Quando a ocorrência dá-se na parte oeste do Oceano Pacífico, tal fenômeno é chamado tufão.
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Furações no Brasil
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Por que é tão difícil um furacão atingir o Brasil?
Basicamente os furacões formam-se sobre águas quentes. Os principais “ingredientes” de um furacão são: calor concentrado e umidade, considerando que sua formação é motivada pela energia térmica, que é liberada quando o ar que apresenta maior concentração de umidade eleva-se para as camadas mais altas da atmosfera, sofrendo condensação.
Sendo assim, as tempestades tropicais surgem por meio do encontro de massas de ar frio com as águas quentes. Não é a toa que, muitas vezes, os furacões apresentam uma dada intensidade e, ao chegarem na porção continental, acabam perdendo sua força porque no continente não há a mesma disponibilidade de calor e umidade que nos oceanos.
Muitos países do continente americano, especialmente na América do Norte, como os Estados Unidos e México, e na América Central, como o Haiti e a Nicarágua, sofrem com frequência essas intempéries da natureza e já até possuem sistemas de alertas para a população preparar-se para as eventuais tempestades.
E o Brasil? Bom, meteorologistas e estudiosos da área, em entrevista à BBC News Brasil, afirmaram que as condições para ocorrência de furacões no Brasil são minímas caso não haja influência das mudanças climáticas.
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Mas o que são essas condições mínimas? Para que ocorra a formação de um furacão, é necessário que:
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as massas de água dos oceanos e mares apresentem temperatura acima de 27ºC;
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cisalhamento do vento, que nada mais é que a variação da corrente de vento, ou seja, as possíveis mudanças na velocidade e na direção dos ventos num determinado percurso.
O Brasil não apresenta as condições necessárias para a ocorrência dessas tempestades tropicais. As águas oceânicas não demonstram temperaturas superiores a 26ºC. Normalmente a porção mais quente delas encontra-se no litoral nordestino, contudo, não alcança a média necessária. E a questão do cisalhamento do vento é de rara ocorrência nos países muito próximos à Linha do Equador, o que é o caso do Brasil.
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Já houve furacão no Brasil?
Ao contrário do que muitos pensam e devido ao não favorecimento para a formação de furacões, o Brasil já registrou ocorrência de tempestade tropical. Conforme comentado, normalmente essas tempestades formam-se em oceanos tropicais ou subtropicais. Assim, a região que apresenta a maior possibilidade desse fenômeno meteorológico é a Região Sul, visto que os furacões tendem a migrar das regiões mais quentes para as regiões mais frias.
Nessa região, em 2004, ocorreu o Furacão Catarina. É válido dizer que há controvérsias a respeito dessa classificação, mas muitos estudiosos confirmam que essa tempestade corresponde a um furacão. O Catarina atingiu a região costeira dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e representa um caso raro no país. Os ventos formados por ele alcançaram 180 km/h e deixaram rastros por cerca de 40 cidades. Mais de 500 pessoas ficaram feridas e, aproximadamente, 30 mil ficaram desabrigadas.