A literatura infantojuvenil é aquela destinada a crianças e adolescentes. Ela apresenta temas do cotidiano dessa faixa etária e sua linguagem é de fácil entendimento.
A literatura infantojuvenil é aquela feita para crianças e adolescentes. As obras infantojuvenis apresentam linguagem de fácil entendimento e costumam apresentar belas e provocativas ilustrações. Assim, existem obras indicadas para cada faixa etária, de acordo com os interesses de crianças e adolescentes. No Brasil, esse tipo de literatura começou a ficar em evidência com as obras do escritor Monteiro Lobato.
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A literatura infantojuvenil é composta por narrativas ou poesias feitas para crianças e adolescentes.
Esse tipo de literatura possui linguagem de fácil entendimento e apresenta o cotidiano de crianças e adolescentes.
A literatura infantojuvenil desperta a imaginação e gera reflexão, além de divertir.
A literatura infantojuvenil brasileira surgiu no século XIX com a finalidade de educar crianças e adolescentes.
Atualmente, a literatura feita para crianças e adolescentes não apresenta função educativa, mas estimula a reflexão acerca da realidade.
Nos estudos literários, ainda não há uma definição clara do que seja literatura infantojuvenil. Quando buscamos estudos de pesquisadores de universidades sobre o assunto, eles usam a expressão “literatura infantojuvenil” para se referir, ao mesmo tempo, à literatura infantil (para crianças) e à literatura juvenil (para jovens ou adolescentes).
No entanto, a expressão “literatura infantojuvenil” acaba sugerindo um período de transição entre a infância e a adolescência ou juventude. Desse modo, podemos pensar que existe uma literatura infantil, uma literatura infantojuvenil e uma literatura juvenil, não é mesmo?
Infelizmente, a coisa não é assim tão simples e, até o momento, “literatura infantojuvenil” é uma expressão com significado amplo, já que vem sendo usada, por estudiosos da literatura, para se referir à totalidade de livros infantis e juvenis. Então, ficamos assim: a literatura infantojuvenil é aquela feita para crianças e adolescentes.
Caráter lúdico.
Estímulo à reflexão e à imaginação.
Valorização das emoções.
Temáticas diversas.
Relato de aventuras.
Linguagem simples e clara.
Foco no cotidiano de crianças ou adolescentes.
As ilustrações são outra característica marcante da literatura infantojuvenil. Mas elas se tornam menos frequentes em obras destinadas a leitoras e leitores críticos, ou seja, a partir de 13 anos de idade.
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Já que a literatura infantojuvenil se refere a livros infantis e juvenis, vamos mostrar, a seguir, a faixa etária da literatura infantojuvenil, que extraímos de um artigo publicado por três pesquisadoras|1|:
FAIXA ETÁRIA |
TIPOS DE LEITURA |
3 a 6 anos |
“Livros de gravuras, rimas infantis, cenas individualizadas.” |
6 a 8 anos |
“Aventuras no ambiente próximo: família, escola, comunidade, histórias de animais, fantasias, e problemas infantis.” |
8 a 11 anos |
“Contos fantásticos, contos de fadas, folclore, histórias de humor, animismo.” |
11 a 13 anos |
“Aventuras sensacionalistas: detetives, fantasmas, ficção científica, temas da atualidade, história de amor.” |
13 a 15 anos |
“Aventuras intelectualizadas, narrativas de viagens, conflitos psicológicos, conflitos sociais, crônicas, contos.” |
Fonte: Retirado do artigo A questão da faixa etária da literatura infantil, de Silva, Freitas e Bertoletti (2006).
Essa última fase se refere a um leitor crítico, como nos informa a Editora Lê|2|, especializada na publicação de literatura infantojuvenil:
Fase de total domínio da leitura e da linguagem escrita. Desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo. Capacidade de assimilar ideias e reelaborá-las a partir da própria experiência. Preferência por aventuras intelectualizadas, viagens, conflitos psicológicos, crônicas e contos. A partir de 14 anos, o leitor crítico e independente se aproxima cada vez mais da literatura adulta.
A bolsa amarela, de Lygia Bojunga.
A droga da obediência, de Pedro Bandeira.
Fala sério!, de Thalita Rebouças.
Indez, de Bartolomeu Campos de Queirós.
Marcelo, marmelo, martelo, de Ruth Rocha.
Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado.
Menino de asas, de Homero Homem.
Meninos sem pátria, de Luiz Puntel.
Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos.
O escaravelho do diabo, de Lúcia Machado de Almeida.
O gênio do crime, de João Carlos Marinho.
O menino maluquinho, de Ziraldo.
O mistério do cinco estrelas, de Marcos Rey.
Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa.
A culpa é das estrelas, de John Green.
A fantástica fábrica de chocolate, de Roald Dahl.
Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll.
A pequena sereia, de Hans Christian Andersen.
As aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi.
As crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis.
Contos da mamãe gansa, de Charles Perrault.
Contos de Grimm, dos irmãos Grimm.
Coraline, de Neil Gaiman.
Extraordinário, de R. J. Palacio.
Fábulas de Esopo, de Esopo.
Fábulas de La Fontaine, de Jean de la Fontaine.
Heartstopper, de Alice Oseman.
O chamado de Sosu, de Meshack Asare.
O diário da princesa, de Meg Cabot.
O jardim secreto, de Frances Hodgson Burnett.
O mágico de Oz, de L. Frank Baum.
O menino do dedo verde, de Maurice Druon.
Onde vivem os monstros, de Maurice Sendak.
O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.
Peter Pan, de J. M. Barrie.
Bartolomeu Campos de Queirós.
Homero Homem.
João Carlos Marinho.
José Mauro de Vasconcelos.
Lúcia Machado de Almeida.
Luiz Puntel.
Lygia Bojunga.
Marcos Rey.
Mauricio de Sousa.
Monteiro Lobato.
Pedro Bandeira.
Ruth Rocha.
Thalita Rebouças.
Alice Oseman (Inglaterra).
Antoine de Saint-Exupéry (França).
Carlo Collodi (Itália).
Charles Perrault (França).
C. S. Lewis (Irlanda do Norte).
Esopo (Grécia).
Frances Hodgson Burnett (Inglaterra).
Hans Christian Andersen (Dinamarca).
Irmãos Grimm (Alemanha).
Jean de la Fontaine (França).
J. M. Barrie (Escócia).
John Green (Estados Unidos).
Lewis Carroll (Inglaterra).
L. Frank Baum (Estados Unidos).
Maurice Druon (França).
Maurice Sendak (Estados Unidos).
Meg Cabot (Estados Unidos).
Meshack Asare (Gana).
Neil Gaiman (Inglaterra).
R. J. Palacio (Estados Unidos).
Roald Dahl (País de Gales).
A literatura infantojuvenil brasileira começou a ser produzida no século XIX. É claro que estamos falando de uma literatura escrita. Então você deve estar se perguntando. Existe literatura que não é escrita? Existe sim! É o que chamamos de literatura oral, aquela que é contada em vez de lida. Essa prática de contar histórias é muito antiga e surgiu antes da literatura infantojuvenil escrita.
Os primeiros textos impressos da literatura infantojuvenil brasileira tinham como principal objetivo instruir ou educar crianças e adolescentes por meio de histórias ou poesias. Os primeiros livros desse gênero publicados no Brasil eram traduções de obras europeias já consagradas, além de histórias do folclore brasileiro.
Os primeiros autores brasileiros de literatura infantojuvenil foram:
Alberto Figueiredo Pimentel;
Câmara Cascudo;
Carl Jansen;
Júlia Lopes de Almeida;
Sílvio Romero;
Viriato Correia.
Mas a literatura infantojuvenil no Brasil só ganhou força com a publicação dos livros infantis do escritor Monteiro Lobato, no início do século XX. Já não era mais uma literatura que tinha apenas o objetivo de educar, mas também divertir e estimular a imaginação. Hoje, a literatura infantojuvenil conta com inúmeros autores e autoras, com obras diversificadas para atender a todos os tipos de gosto.
A literatura é uma arte. Por isso, ela não tem uma utilidade, ou seja, ela não existe com uma finalidade única. Portanto, a literatura infantojuvenil não apresenta uma função específica. No entanto, a pessoa que lê um livro infantojuvenil pode ter objetivos como diversão ou reflexão, por exemplo. Além disso, muitos professores acreditam que esse tipo de literatura serve para despertar o interesse de crianças e adolescentes pela leitura.
É por meio da literatura infantojuvenil que crianças e adolescentes têm seu primeiro contato com os textos literários. Ela é, portanto, formadora de leitoras e leitores. Isso significa que as obras lidas nesse período de nossas vidas vai direcionar nosso caminho como leitores e leitoras. Portanto, essa experiência vai determinar que tipo de livros você vai ler na fase adulta, isto é, se vai ler apenas obras de entretenimento ou também obras críticas.
Saiba mais: Qual a diferença entre um texto literário e um texto não literário?
Questão 1
A boneca
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: “É minha!”
— “É minha!”, a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxavam por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca...
Olavo Bilac.
O poema de Olavo Bilac fala de duas meninas que brigam por causa de uma boneca. Esse poema faz parte da literatura infantojuvenil porque:
A) é uma poesia, e toda poesia é infantojuvenil.
B) apresenta linguagem rebuscada, com palavras difíceis.
C) apresenta linguagem simples e o cotidiano infantil.
D) possui caráter mitológico, com valorização de lendas.
E) possui aspecto instrutivo, com poder de convencimento.
Resolução:
Alternativa C.
O poema de Bilac tem linguagem de fácil entendimento e mostra o cotidiano infantil, isto é, evidencia os elementos do universo das crianças.
Questão 2
Mantenha-se afastada
Maria de Lourdes pensa que eu não noto, mas está chegando naquela fase insuportável em que o ideal para ela seria que eu não existisse. Ou fosse invisível. Ideal mesmo seria que, além de invisível (e muda, claro), eu a alimentasse, lavasse suas roupas, desse sua mesada e me recolhesse num quarto escuro o restante do tempo.
Como sei isso? Fomos ao shopping outro dia. Foi ridículo.
— Vamos logo, tenho um cineminha marcado daqui a pouco e não quero perder a hora — avisei.
O projeto de gente saiu do carro, botou o walkman nos ouvidos e voou para dentro do shopping. Andou a léguas de distância de mim. Por mais que eu gritasse (e como eu gritei!) “Maria de Lourdes! Maria de Lourdes! Vem ver essa vitrine!”, a aprendiz de arrogante não se virava.
Peguei-a pelo braço:
— Posso saber por que você está nove metros à minha frente?
— Gente, essa mulher é louca! Louca! Nunca vi na vida — reagiu, sonsa.
— Se você quer plateia você vai ter, e ela não vai gostar de você...
Ela fez cara de tédio. Nem se abalou com a ameaça.
Sabe me deixar com raiva!
— Posso saber por que você me ignorou quando eu te chamei?
— Você me chamou? Daquele seu jeito discreto, berrando o meu nome? Não acredito! Alguém ouviu?
— Todo mundo menos você.
— Ai, mãe, que mico!
[...]
Thalita Rebouças.
No fragmento do livro Fala sério, mãe!, de Thalita Rebouças, a narradora mostra o conflito de gerações entre:
A) uma mãe e sua filha pré-adolescente.
B) uma mãe e sua filha universitária.
C) duas irmãs com grande diferença de idade.
D) uma avó e sua neta pré-adolescente.
E) uma avó e uma criança mimada.
Resolução:
Alternativa A.
No final do fragmento, percebemos que o diálogo ocorre entre mãe e filha, quando a filha diz “Ai, mãe, que mico!”. A gíria “mico” indica que ela está na pré-adolescência.
Notas
|1| SILVA, Elaine Aparecida Rodrigues da; FREITAS, Lucinéia Silva de; BERTOLETTI, Estela Natalina Mantovani. A questão da faixa etária da literatura infantil. Anais do Sciencult, Paranaíba, v. 1, n. 1, 2006.
|2| EDITORA LÊ. Leitor crítico. Disponível em: https://loja.le.com.br/leitor/leitor-critico.
Créditos das imagens
[2] Editora HarperCollins Brasil (reprodução)
Fontes
BILAC, Olavo. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Livraria Clássica de Francisco Alves & cia., 1904.
EDITORA LÊ. Leitor crítico. Disponível em: https://loja.le.com.br/leitor/leitor-critico.
LUFT, Gabriela. A literatura juvenil brasileira no início do século XXI: autores, obras e tendências. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, n. 36, jul./ dez. 2010.
MOURA, Arigésica Andrade. A literatura infantojuvenil na prática de licenciados em Letras Vernáculas da UNEB: entre fios, tramas e tecituras. 2016. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2016.
REBOUÇAS, Thalita. Fala sério, mãe! 2. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2012.
SILVA, Elaine Aparecida Rodrigues da; FREITAS, Lucinéia Silva de; BERTOLETTI, Estela Natalina Mantovani. A questão da faixa etária da literatura infantil. Anais do Sciencult, Paranaíba, v. 1, n. 1, 2006.
SILVA, Leda Cláudia da. Representação feminina na narrativa infantojuvenil brasileira contemporânea. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, n. 36, jul./ dez. 2010.