Fábula é um gênero caracterizado por ser uma narrativa curta, em que animais como personagens representam características humanas e, no fim, apresenta-se uma moral.
Fábula é um gênero do tipo narrativo muito popular e apreciado por pessoas de diferentes idades. Nascida da tradição oral (estudos indicam que no Oriente, por volta do século V a.C.), o próprio nome remete a histórias contadas e passadas de geração para geração (fabulare significa história, jogo, narrativa).
Quem não se lembra de ter ouvido, em algum momento, histórias curtas com personagens que são animais? A cigarra e a formiga, O leão e o ratinho e A raposa e as uvas são exemplos de fábulas, narrativas que constroem um ensinamento, uma moral.
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A fábula é uma narrativa de caráter ficcional e que usa a alegoria para construir seus sentidos. Os animais, que são personagens, possuem características humanas, como a ganância, a preguiça, a inveja, a sabedoria, a astúcia etc. Por meio dessas características, as personagens movimentam-se e a história desenrola-se, levando à construção de um ensinamento.
Considerando que a fábula pode ser contada oralmente, sabemos que há diferentes versões de uma mesma história, o que não compromete a sua função: a de levar as pessoas a refletirem sobre o comportamento em sociedade.
As fábulas podem ser escritas em prosa (texto em parágrafos) ou em versos. Os títulos geralmente fazem referência às personagens, e o tempo e o espaço relacionam-se ao habitat delas. A linguagem é simples, objetiva e direta, e pode haver diálogos com a presença do discurso direto.
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Sendo a fábula um texto narrativo, é importante lembrar-se de que ela deve ter uma estrutura mínima de começo, meio e fim, ou seja,
no início, apresentamos as personagens e a situação;
depois, desenvolvemos o texto de forma que as personagens interajam em torno de uma situação;
por fim, criamos um final surpreendente, que gere a reflexão dos leitores sobre um ensinamento, uma moral, a qual aparece no final do texto geralmente.
As temáticas são variadas e ligadas às características que os animais representam, por exemplo: o leão, a força; a coruja, a sabedoria; a raposa, a astúcia.
Lembre-se do título!
Os mais conhecidos autores de fábulas são Esopo, Fedro e La Fontaine, a quem são atribuídas as autorias dos textos mais famosos entre os leitores. No Brasil, temos representantes como Monteiro Lobato e Millôr Fernandes, que se dispôs a uma construção de releituras de fábulas.
Exemplos
A cigarra e a formiga
A lebre e a tartaruga
A rã e o touro
A raposa e o corvo
O leão e o rato
Vamos ler uma fábula? Observe no próximo tópico um exemplo e os elementos que o constituem.
A cigarra e a formiga
Fábula atribuída a Esopo
Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiguinha, que carregava uma folha pesada, perguntou:
— Ei, formiguinha, para que todo esse trabalho? O verão é para a gente aproveitar! O verão é para a gente divertir-se!
— Não, não, não! Nós, formigas, não temos tempo para diversão. É preciso trabalhar agora para guardar comida para o inverno.
Durante o verão, a cigarra continuou divertindo-se e passeando por todo o bosque. Quando tinha fome, era só pegar uma folha e comer. Um belo dia, passou de novo perto da formiguinha que carregava outra pesada folha.
A cigarra então aconselhou:
— Deixa esse trabalho para as outras! Vamos divertir-nos. Vamos, formiguinha, vamos cantar! Vamos dançar!
A formiguinha gostou da sugestão. Ela resolveu ver a vida que a cigarra levava e ficou encantada. Resolveu viver também como sua amiga. No entanto, no dia seguinte, apareceu a rainha do formigueiro e, ao vê-la divertindo-se, olhou feio para ela e ordenou que voltasse ao trabalho. Havia terminado a vidinha boa.
A rainha das formigas falou então para a cigarra:
— Se não mudar de vida, no inverno você há de arrepender-se, cigarra! Vai passar fome e frio.
A cigarra nem ligou, fez uma reverência para rainha e comentou:
— Hum! O inverno ainda está longe, querida! Para as cigarras, o que importa é aproveitar a vida e o hoje, sem pensar no amanhã. Para que construir um abrigo? Para que armazenar alimento? Pura perda de tempo.
Certo dia o inverno chegou, e a cigarra começou a tiritar de frio. Sentia seu corpo gelado e não tinha o que comer. Desesperada, foi bater na casa da formiga. Abrindo a porta, a formiga viu na sua frente a cigarra quase morta de frio, puxou-a para dentro, agasalhou-a e deu-lhe uma sopa bem quente e deliciosa.
Naquela hora, apareceu a rainha das formigas, que disse à cigarra:
— No mundo das formigas, todos trabalham, e se você quiser ficar conosco, cumpra o seu dever: toque e cante para nós. Para a cigarra e para as formigas, aquele foi o inverno mais feliz das suas vidas