Os Tratados de Paz da I Guerra Mundial culparam a Alemanha pela guerra e levaram o país a uma crise econômica.
Durante o desenrolar das batalhas nos últimos anos da I Guerra Mundial, alguns tratados de paz foram sendo assinados para possibilitar a saída de alguns países do conflito.
O primeiro a ser assinado foi o Tratado de Brest-Litovsk, em 3 de março de 1918, que recebeu este nome em razão da cidade em que foi assinado. O novo governo bolchevique, que havia fundado a República Soviética Russa, entrava em acordo com a Alemanha, encerrando o conflito entre os dois países. No tratado, os russos perderam regiões fornecedoras de carvão e petróleo, além de vários outros territórios na região ocidental, como a Ucrânia e a Finlândia.
A guerra duraria ainda mais alguns meses, sendo encerrada em 11 de novembro de 1918, com a decretação de armistício e um cessar-fogo. A Alemanha se viu sem saída frente às derrotas que seu exército estava sofrendo. O kaiser Guilherme II renunciou ao trono, sendo substituído por um governo civil, cuja maioria dos membros era decorrente do Partido Social Democrata. A partir daí, iniciaram-se as negociações para o estabelecimento da paz entre os países beligerantes.
A primeira tentativa de se chegar a um acordo ocorreu com a iniciativa do governo dos EUA, através da proposta do plano de paz do presidente Woodrow Wilson. Neste plano, chamado de os 14 pontos de Wilson, os alemães deveriam se retirar dos territórios ocupados e criariam ainda a Liga das Nações, destinada a impedir o surgimento de novas guerras. Este tratado, aceito pelos alemães, previa o surgimento da “paz sem vencedores”.
Mas este não era o objetivo dos demais países da Entente, principalmente a Inglaterra e a França. Reunidos em Versalhes, nos arredores de Paris, entre janeiro e junho de 1919, os representantes dos países vencedores negociavam as condições do pós-guerra. Inglaterra e França não aceitaram os termos propostos pelo presidente dos EUA para a paz, exigindo que a Alemanha indenizasse os demais países pelos danos causados.
O Tratado de Versalhes considerou a Alemanha culpada pela guerra e impôs duras condições para a manutenção da paz. Os alemães deveriam pagar uma indenização de 30 bilhões de dólares; renunciar às colônias marítimas; ceder à França a região da Alsácia-Lorena, região de grande quantidade de recursos energéticos; reconhecer a independência da Polônia; não poderiam reestruturar suas Forças Armadas, limitando seu exército a 100 mil homens, perdendo ainda sua artilharia e aviação, além de não poderem construir navios de guerra.
Além disso, o Tratado de Versalhes previa ainda a formação da Liga das Nações, cuja função era a de ser um árbitro dos conflitos internacionais com o objetivo de evitar novas guerras. O projeto não obteve sucesso, pois não contou com importantes países do cenário mundial, como Rússia, EUA e a própria Alemanha.
Em setembro de 1917, seria ainda assinado o Tratado de Saint-Germain com a Áustria, que decidiu pelo desmembramento do Império Austro-Húngaro. Surgiram com isso novos países, como a Áustria, a Hungria, a Polônia, a Tchecoslováquia e o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (que mais tarde se transformaria na Iugoslávia). A Áustria perdia ainda seu acesso ao mar neste tratado.
Com a Turquia seria assinado ainda o Tratado de Sèvres, que colocou fim ao secular Império Turco-Otomano.
A I Guerra Mundial, que deixou perto de 13 milhões de mortos e 20 milhões de feridos, fez com que a Alemanha, através do Tratado de Versalhes, mergulhasse em uma profunda crise econômica e social. O resultado desta crise foi a ascensão do nazismo na década de 1930 e a posterior eclosão da II Guerra Mundial.
Por Tales Pinto
Graduado em História