Guerrilha do Araguaia (1960-1970) foi um movimento armado organizado pelo PCdoB. Tinha o objetivo de derrubar o regime militar e implantar o socialismo no Brasil.
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento armado organizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) entre as décadas de 1960 e 1970, na região do Vale do Araguaia, durante a Ditadura Militar Brasileira. Buscava promover uma revolução socialista para combater o regime autoritário. Recebeu seu nome devido à sua localização geográfica estratégica, que facilitava a mobilização de camponeses e dificultava a repressão militar.
Surgiu como resposta à repressão intensa do governo e à falta de liberdades civis, adotando a luta armada como forma de resistência. Seu principal objetivo era derrubar o regime militar e implantar um governo socialista, expandindo o movimento a partir do campo.
A repressão do governo incluiu operações militares, como a Papagaio, a Marajoara e a Limpeza, que aumentaram progressivamente a violência contra os guerrilheiros.
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A Guerrilha do Araguaia foi um movimento armado organizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) entre 1960 e 1970, na região da Amazônia Legal, especificamente no sudeste do Pará, no Vale do Araguaia.
O movimento tinha como objetivo estabelecer uma revolução socialista no Brasil, inspirando-se em modelos de luta armada comunista, como o de Mao Tsé-Tung, na China. Para tanto, membros do PCdoB se estabeleceram na área rural, buscando apoio entre camponeses e preparando uma força de resistência armada que poderia se expandir para outras regiões do país.
A Guerrilha do Araguaia representou uma das maiores tentativas de resistência contra a Ditadura Militar (1964-1985) e, consequentemente, foi combatida com extrema violência pelas Forças Armadas.
A Guerrilha do Araguaia surgiu no contexto da Ditadura Militar Brasileira, instaurada em 1964 após um golpe que destituiu o então presidente, João Goulart. Com a ascensão de um regime autoritário, diversas liberdades civis foram restringidas, e o governo perseguiu duramente movimentos de esquerda, sindicatos e opositores do regime.
Diante disso, alguns grupos, especialmente os ligados ao comunismo, passaram a adotar estratégias de luta armada contra o regime, inspirados por experiências revolucionárias bem-sucedidas, como a Revolução Cubana, em 1959. Esse contexto levou o PCdoB a elaborar uma resistência rural, baseada na formação de guerrilhas, com o intuito de iniciar uma guerra popular prolongada que pudesse se expandir para centros urbanos e enfraquecer a estrutura militar.
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A guerrilha recebeu o nome “Araguaia” devido à localização geográfica onde o movimento se instalou. A guerrilha ocorreu na região próxima ao Rio Araguaia, nas fronteiras dos estados do Pará, Maranhão e Goiás (atualmente Tocantins). Essa área foi escolhida estrategicamente, pois, além de ser de difícil acesso, era caracterizada por seu isolamento e por contar com uma população de camponeses e ribeirinhos, que poderiam apoiar o movimento ou serem convencidos a aderir à luta.
As causas da Guerrilha do Araguaia foram múltiplas e se relacionaram com o desejo de setores do Partido Comunista do Brasil de resistir à Ditadura Militar e lutar por uma transformação revolucionária no país. A falta de liberdade de expressão, a repressão violenta aos movimentos sociais e a perseguição contra lideranças políticas de esquerda durante o regime militar incentivaram a formação de movimentos radicais.
A escolha pela luta armada também reflete uma divisão dentro do próprio movimento comunista brasileiro, com setores que defendiam a via institucional e pacífica e outros, como o PCdoB, que acreditavam na necessidade de resistência violenta contra o autoritarismo.
O principal objetivo da Guerrilha do Araguaia era a criação de um movimento revolucionário no Brasil que resultasse na derrubada do regime militar e na implantação de um governo socialista. Para alcançar essa meta, os guerrilheiros pretendiam criar uma base de resistência rural, seguindo o exemplo de estratégias como a de Mao Tsé-Tung, na China.
A intenção era iniciar uma guerra de guerrilhas no campo, no intento dos revolucionários se fortaleceram e gradualmente conquistarem apoio da população local, para, assim, expandirem o movimento a outras regiões do país. A guerrilha esperava que, ao longo do tempo, o movimento obtivesse adesão popular suficiente para desencadear uma revolução em âmbito nacional.
As operações realizadas no contexto da Guerrilha do Araguaia envolveram tanto as ações do próprio grupo guerrilheiro quanto as operações militares conduzidas pelas Forças Armadas Brasileiras para eliminá-lo. A repressão foi realizada em etapas, com operações distintas que foram aumentando em intensidade e severidade ao longo do tempo.
A Operação Papagaio foi a primeira ofensiva das Forças Armadas contra a Guerrilha do Araguaia e iniciada em 1972. Essa operação tinha como objetivo capturar e aniquilar os guerrilheiros, utilizando unidades das Forças Armadas e uma ampla estrutura de inteligência.
No entanto, a Operação Papagaio enfrentou dificuldades logísticas, já que a região do Araguaia era de difícil acesso e a guerrilha estava bem adaptada ao ambiente, dificultando a localização e a captura dos guerrilheiros. Além disso, as Forças Armadas inicialmente não tinham informações detalhadas sobre a organização e o número de guerrilheiros, o que reduziu a eficácia das ações iniciais.
Após as dificuldades da primeira ofensiva, as Forças Armadas lançaram a Operação Marajoara, que começou em 1973 e envolveu ações mais intensas de repressão e eliminação dos guerrilheiros.
Para essa fase, foram empregados métodos mais violentos e de maior alcance. A operação incluiu a infiltração de militares disfarçados entre a população local, interrogatórios, tortura e uso de técnicas de contrainsurgência, muitas das quais envolveram violações dos Direitos Humanos.
A Operação Marajoara teve como objetivo eliminar sistematicamente os guerrilheiros restantes, mesmo que isso resultasse em um número expressivo de vítimas civis e em deslocamentos forçados de famílias da região.
A Operação Limpeza, a terceira e última fase da repressão contra a guerrilha, teve início em 1974. Essa operação marcou o estágio final e mais brutal da repressão, com o propósito de erradicar qualquer traço da Guerrilha do Araguaia. Incluiu ações de extermínio e ocultação de cadáveres como forma de garantir que não restassem vestígios do movimento nem dos abusos cometidos pelas Forças Armadas.
Essa operação buscou eliminar testemunhas e documentos que pudessem revelar o tratamento dado aos guerrilheiros e à população local, e empregou métodos altamente sigilosos para assegurar que o episódio fosse suprimido da memória pública.
A Guerrilha do Araguaia foi finalizada em 1974, após as Forças Armadas lançarem sucessivas operações de repressão que resultaram na morte ou desaparecimento de grande parte dos guerrilheiros. A Operação Limpeza foi a última etapa, em que os militares intensificaram a eliminação física dos guerrilheiros e de possíveis apoiadores ou simpatizantes.
O uso de métodos violentos e de contrainsurgência foi essencial para o término do movimento, e muitos dos envolvidos desapareceram, sendo até hoje considerados vítimas do regime. A guerrilha terminou sem que o movimento alcançasse seus objetivos, e o governo militar impôs um silêncio sobre o ocorrido, apagando registros e suprimindo informações sobre o combate.
As consequências da Guerrilha do Araguaia foram múltiplas e se estenderam até o período da redemocratização do Brasil, na década de 1980. A repressão violenta e os desaparecimentos forçados ocorridos na região evidenciaram o caráter autoritário e repressivo do regime militar, levando a uma crescente pressão por abertura política e respeito aos Direitos Humanos. A guerrilha também se tornou um símbolo da resistência contra o regime, sendo frequentemente mencionada como um exemplo de luta contra o autoritarismo.
Outro impacto significativo foi o início do processo de responsabilização dos abusos cometidos durante o regime militar, incluindo as tentativas de localizar corpos e restos mortais de guerrilheiros desaparecidos.
A partir da década de 2010, com a criação da Comissão Nacional da Verdade, o episódio da Guerrilha do Araguaia voltou ao debate público. Esse órgão passou a investigar e esclarecer as violações de Direitos Humanos ocorridas durante o combate aos guerrilheiros.
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1. Durante o período da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), grupos de oposição ao regime buscaram formas alternativas de resistência, especialmente após a instauração do Ato Institucional Nº 5, em 1968, que intensificou a repressão política e limitou as liberdades civis. A Guerrilha do Araguaia foi organizada principalmente com o objetivo de:
A) proporcionar assistência social e médica à população ribeirinha do Vale do Araguaia.
B) combater o regime militar instaurado no Brasil por meio de uma estratégia de resistência armada e revolução socialista.
C) estabelecer uma comunidade independente e autônoma na Amazônia, afastada das políticas do governo central.
D) facilitar a fuga de lideranças políticas perseguidas pelo regime para outros países da América Latina.
E) promover uma campanha de conscientização pacífica contra o autoritarismo militar, sem recorrer à violência.
Resposta: B
A Guerrilha do Araguaia, organizada pelo PCdoB, tinha como principal objetivo a derrubada do regime militar brasileiro e a implantação de um governo socialista. Inspirados em modelos de revoluções rurais, os guerrilheiros pretendiam iniciar um movimento armado no campo para, gradualmente, mobilizar a população e expandir a luta revolucionária pelo país. Ao contrário do que as demais alternativas sugerem, a guerrilha visava à resistência armada e não à assistência social ou à fuga do país.
2. A Guerrilha do Araguaia foi uma das tentativas de resistência ao regime militar brasileiro por meio de luta armada. Sobre as operações realizadas pelas Forças Armadas contra a Guerrilha do Araguaia, é correto afirmar que:
A) A Operação Papagaio foi a mais violenta das operações e teve sucesso imediato em capturar os principais líderes guerrilheiros.
B) A Operação Marajoara caracterizou-se pela intensificação da violência e utilização de técnicas de contrainsurgência, visando eliminar os guerrilheiros.
C) A Operação Limpeza teve como principal objetivo capturar guerrilheiros e garantir que eles fossem julgados em tribunais militares.
D) A Operação Marajoara buscou limitar a atuação dos guerrilheiros sem interferir na vida dos camponeses e ribeirinhos da região.
E) A Operação Papagaio foi a etapa final da repressão e contou com táticas de ocultação de provas e eliminação de testemunhas.
Resposta: A
Operação Marajoara foi a segunda fase da repressão contra a Guerrilha do Araguaia e intensificou a violência com o uso de técnicas de contrainsurgência voltadas à eliminação dos guerrilheiros. As demais alternativas estão incorretas: a Operação Papagaio foi a primeira fase da repressão, e a Operação Limpeza, a última, marcada por táticas de ocultação de provas e eliminação de rastros da guerrilha e dos abusos cometidos pelas forças militares.
Créditos das imagens
Fontes
CAMPOS FILHO, Romualdo Pessoa. Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas. São Paulo: Anita Garibaldi, 2012. 344 p.
MECHI, Patricia Sposito; JUSTAMAND, Michel. Arqueologia em contextos de repressão e resistência: a guerrilha do Araguaia. Revista Arqueologia Pública, Campinas, SP, v. 8, n. 2[10], p. 108–120, 2015. DOI: 10.20396/rap.v8i2.8635642. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rap/article/view/8635642. Acesso em: 5 nov. 2024.