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Ato Institucional número 5 (AI-5)

O AI-5, decretado em 1968 pela Ditadura Militar, representou o período mais repressivo do regime.

Tanques de guerra em 1968 no Rio de Janeiro, ano do AI-5. Tanques de guerra em 1968 no Rio de Janeiro, ano do AI-5.

O AI-5 foi um decreto feito na Ditadura Militar e que representou o período mais repressivo do regime, suspendeu direitos civis, e permitiu o fechamento do Congresso, a cassação de mandatos e a censura extrema. Determinado pelo presidente Costa e Silva, com apoio do Conselho de Segurança Nacional, o AI-5 tinha como objetivo centralizar o poder no Executivo, eliminar a oposição política e conter movimentos sociais sob a justificativa de combate ao comunismo.

Leia também: Principais acontecimentos da Ditadura Militar no Brasil

Resumo sobre o AI-5

  • O AI-5 foi o decreto emitido pela Ditadura Militar em 1968 e que suspendeu direitos civis e permitiu o fechamento do Congresso, a cassação de mandatos e a censura, marcando o período mais repressivo do regime militar, conhecido como os “anos de chumbo”.
  • Surgiu em um momento de forte tensão política e social no Brasil, em 1968, quando manifestações populares, ações estudantis e a polarização ideológica geraram respostas autoritárias do regime, agravadas após o discurso do deputado Márcio Moreira Alves.
  • Foi decretado pelo presidente Artur da Costa e Silva, com apoio do Conselho de Segurança Nacional, como resultado de uma decisão colegiada da cúpula militar para endurecer o regime e eliminar a oposição.
  • Tinha como objetivo centralizar o poder no Executivo, eliminar a oposição política e silenciar movimentos sociais.
  • Resultou em censura extrema, tortura, assassinatos e desaparecimentos forçados, além do fechamento do Congresso, cassação de mandatos, intervenções estaduais e municipais, e um clima de medo que consolidou o autoritarismo no Brasil.
  • Foi revogado em 1979, durante o governo João Figueiredo, como parte do processo de abertura política e aprovação da Lei da Anistia.
  • Além do AI-5, outros atos institucionais, como o AI-1 e o AI-2, foram usados para consolidar o regime militar, permitindo cassações de mandatos, extinção de partidos políticos e institucionalização de medidas autoritárias no Brasil.

Videoaula sobre o AI-5

O que foi o AI-5?

O Ato Institucional nº 5 (AI-5) foi um decreto emitido pela Ditadura Militar no Brasil em 13 de dezembro de 1968. Considerado o mais repressivo de todos os atos institucionais, o AI-5 consolidou o poder autoritário dos militares, permitindo a suspensão de direitos civis e políticos e dando ao governo poderes amplos e arbitrários.

Primeira página do AI-5.

Ele instituiu o fechamento do Congresso Nacional, a cassação de mandatos de parlamentares, a censura à imprensa, a restrição ao direito de reunião e a instauração de inquéritos policiais-militares (IPMs) contra opositores. O AI-5 marcou o início do período mais sombrio do regime militar, conhecido como os “anos de chumbo”.

Contexto histórico do AI-5

O AI-5 foi promulgado em um cenário de crescente tensão política, econômica e social. Em 1968, o Brasil enfrentava uma intensa polarização ideológica, com manifestações estudantis, movimentos operários e aumento das ações de grupos contrários ao regime militar. Esse período foi influenciado pelo clima da Guerra Fria, com o temor do avanço do comunismo servindo como justificativa para ações repressivas por parte dos militares.

A oposição ao regime se intensificou com o aumento da censura e da repressão às manifestações. O estopim para o AI-5 foi o discurso do deputado Márcio Moreira Alves, que, em setembro de 1968, pediu ao povo brasileiro que boicotasse as comemorações do Dia do Soldado.

Os militares consideraram o discurso uma afronta à autoridade das Forças Armadas e exigiram que o Congresso autorizasse a cassação do deputado. Quando o Congresso negou o pedido, o presidente Costa e Silva utilizou essa recusa como pretexto para decretar o AI-5.

Márcio Moreira Alves, deputado cujo discurso foi o estopim para o AI-5.

Quem determinou o AI-5?

O AI-5 foi decretado pelo presidente Artur da Costa e Silva, o segundo general a assumir a presidência durante o regime militar, com apoio do Conselho de Segurança Nacional. Embora Costa e Silva tenha sido a figura central na promulgação do ato, ele representava uma decisão colegiada das altas cúpulas militares, que estavam alinhadas na intenção de endurecer o regime e eliminar qualquer forma de oposição.

Além disso, o AI-5 foi elaborado por ministros militares e civis próximos ao governo, como o ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva, que redigiu o texto do decreto. O Conselho de Segurança Nacional, composto por militares de alta patente e civis alinhados ao regime, teve papel fundamental na sua implementação, consolidando o poder autoritário do Executivo. Para saber mais sobre o governo de Costa e Silva, clique aqui.

Objetivos do AI-5

O principal objetivo do AI-5 era centralizar ainda mais o poder nas mãos do Executivo, eliminando as limitações impostas pelos poderes Legislativo e Judiciário. O regime militar pretendia sufocar a oposição e consolidar o controle total sobre o país, justificando suas ações como uma forma de proteger a segurança nacional contra ameaças comunistas e subversivas.

Além disso, o AI-5 buscava conter a crescente insatisfação popular e as manifestações que ganhavam força em 1968. Ao suspender os direitos civis e políticos, o governo visava silenciar críticos, enfraquecer partidos de oposição, coibir a organização de movimentos sociais e impedir a disseminação de ideias contrárias ao regime. O AI-5 também foi um instrumento para proteger o governo militar de questionamentos jurídicos e políticos, garantindo a impunidade de seus atos repressivos.

Consequências do AI-5

As consequências do AI-5 foram devastadoras para a democracia e os direitos humanos no Brasil. Ele inaugurou um período de repressão extrema, caracterizado por prisões arbitrárias, torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados de opositores políticos. A censura à imprensa, à música, ao teatro e a outras formas de expressão cultural foi intensificada, resultando em um ambiente de controle total sobre a informação e a produção cultural.

O fechamento do Congresso Nacional e a intervenção em Assembleias Legislativas Estaduais e Câmaras Municipais eliminaram qualquer possibilidade de oposição política institucional. Parlamentares, governadores e prefeitos tiveram seus mandatos cassados, enquanto partidos políticos foram desarticulados. O AI-5 também facilitou a instauração de inquéritos policiais-militares, que se tornaram instrumentos de repressão contra cidadãos considerados subversivos.

Economicamente, o período foi marcado por políticas de arrocho salarial e pela manutenção de desigualdades sociais, enquanto o milagre econômico beneficiava apenas uma parcela restrita da população. Socialmente, o AI-5 instaurou um clima de medo e desconfiança, com cidadãos temerosos de serem denunciados por atividades políticas ou críticas ao regime.

Revogação do AI-5

O AI-5 permaneceu em vigor por mais de uma década, sendo revogado apenas em 1º de janeiro de 1979, durante o governo do general João Baptista Figueiredo, o último presidente militar. Sua revogação fez parte do processo de abertura política, iniciado no governo anterior de Ernesto Geisel, que buscava uma transição gradual para a democracia.

A revogação do AI-5 ocorreu no contexto da aprovação da Lei da Anistia, que concedeu perdão a crimes políticos cometidos tanto por agentes do Estado quanto por opositores do regime. Embora a revogação tenha representado um passo importante para a redemocratização do Brasil, os efeitos do AI-5 continuaram sendo sentidos, especialmente no que diz respeito à impunidade dos agentes de repressão e à dificuldade de reconstrução das instituições democráticas.

Leia também: Estado Novo — outro período ditatorial na história do Brasil

Outros atos institucionais

O AI-5 foi o mais emblemático dos 17 atos institucionais decretados durante o regime militar, mas não foi o único instrumento utilizado para restringir liberdades e consolidar o poder autoritário. O primeiro Ato Institucional, de 1964, foi emitido logo após o golpe militar que depôs o presidente João Goulart, estabelecendo a base para o regime militar ao permitir a cassação de mandatos e a suspensão de direitos políticos.

Outros atos institucionais que se destacaram incluem o AI-2, que extinguiu os partidos políticos e instituiu o bipartidarismo com a criação da Arena (Aliança Renovadora Nacional) e do MDB (Movimento Democrático Brasileiro); e o AI-3, que transferiu ao Congresso Nacional a prerrogativa de eleger governadores, limitando a participação popular. O AI-4, por sua vez, convocou o Congresso para aprovar a nova Constituição de 1967, que institucionalizou o regime militar.

Fontes

CAMPOS, Tiago. Compêndio de História do Brasil – Volume III: República. São Paulo: Cosenza, 2024

GASPARI, Elio. A Ditadura Escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

SKIDMORE, Thomas E. Brasil: De Castelo a Tancredo (1964-1985). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

SILVA, Hélio. 1968: O Ano que Não Terminou. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1988.

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: O Longo Caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

FICO, Carlos. O Grande Irmão: Da Operação Brother Sam aos Anos de Chumbo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

Por Tiago Soares Campos

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