Acesse o texto e saiba mais sobre a Doutrina Monroe. Entenda a partir de uma definição bem rápida o que foi essa doutrina e qual era o contexto que levou o presidente norte-americano James Monroe a anunciá-la em 1823. Veja como essa doutrina foi uma tentativa dos EUA de assumir um papel de guardião da América.
A Doutrina Monroe surgiu nos Estados Unidos, em meados do século XIX, como uma resposta à suposta ameaça das nações europeias de invadir e recolonizar o continente americano. O lema dessa doutrina era “América para os americanos” e, nela, os Estados Unidos posicionavam-se como o guardião da integridade territorial do continente.
A Doutrina Monroe surgiu durante o governo de James Monroe, presidente dos Estados Unidos de 1817 a 1825, e era uma reação dos norte-americanos em relação à ameça que existia naquela época de que o continente americano fosse invadido e recolonizado pelas nações europeias, o que colocaria em risco os interesses e a soberania dos norte-americanos.
Para entendermos melhor essa questão, é importante retomarmos alguns eventos que estão relacionados com o período napoleônico. Em 1815, Napoleão Bonaparte foi definitivamente derrotado após a Batalha de Waterloo. Essa batalha foi um desdobramento da disputa que Napoleão travava contra as nações absolutistas da Europa, em especial contra ingleses, prussianos, austríacos e russos.
As nações absolutistas juntaram esforços para impedir que os ideais da Revolução Francesa espalhassem-se pela Europa. Após consolidarem a derrota de Napoleão, as nações absolutistas da Europa reuniram-se no Congresso de Viena. Nesse congresso, formaram a Santa Aliança e impuseram uma série de medidas conservadoras para garantir a manutenção das monarquias absolutistas.
A proposta da Santa Aliança visava a promover o combate de maneira radical à proliferação dos ideais liberais em diversas partes do mundo. A Santa Aliança restaurou a dinastia dos Bourbons na França e colocou como um de seus objetivos primordiais a intervenção no continente americano. Isso foi determinado porque aqui na América borbulhavam os movimentos de independência na América Espanhola – movimentos esses influenciados pelos ideais liberais da Revolução Francesa.
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A ideia de intervenção no continente americano só não se efetivou porque os ingleses intervieram, pois o surgimento de novas nações na América era interessante para ampliação do comércio inglês no continente.
Levando em consideração esse contexto exposto acima, a Doutrina Monroe surgiu oficialmente em 1823. Foi anunciada pelo presidente norte-americano James Monroe em 2 de dezembro de 1823 durante um discurso em que afirmava que os europeus não deveriam mais se intrometer em assuntos relacionados às nações que surgiam no continente americano. A garantia dada em troca era a de que os americanos não interviriam em assuntos europeus.
A mensagem dada pelo presidente norte-americano voltava-se, principalmente, contra Portugal e Espanha – justamente as duas nações que lidavam com os processos de independência de suas (agora ex) colônias na América. A Doutrina Monroe ficou conhecida por ter o lema “América para os americanos”.
A postura dos americanos de não aceitar mais nenhum tipo de intervenção europeia contra as nações americanas que já haviam conquistado a sua independência fica bastante clara no trecho abaixo:
Devemos, no entanto, à nossa boa-fé e às relações amistosas que existem entre as potências aliadas e os Estados Unidos, declarar que consideraríamos como perigosa para a nossa paz e segurança qualquer tentativa da sua parte, para estender seu sistema a qualquer parcela deste hemisfério. Não temos interferido, nem interferiremos em assuntos das atuais colônias ou dependências de nenhuma das potências europeias. Mas, quanto aos governos que proclamaram e têm mantido sua independência que reconhecemos, depois de séria reflexão e por motivos justos, não poderíamos considerar senão como manifestação de sentimentos hostis contra os Estados Unidos qualquer intervenção de alguma potência europeia com o propósito de oprimi-los ou de contrariar, de qualquer modo, os seus destinos|1|.
Com esse trecho, podemos identificar claramente a postura do governo norte-americano de considerar como um ato de agressão contra si qualquer intervenção realizada pelas nações europeias no continente americano. Dessa forma, os Estados Unidos acabaram por assumir um papel de guardião do continente americano.
Os historiadores apontam, no entanto, que, apesar de sua enunciação, a Doutrina Monroe só foi efetivamente aplicada pelos Estados Unidos após a Guerra de Secessão. Isso porque, antes disso, os Estados Unidos permaneceram ocupados com questões consideradas mais importantes, como a expansão territorial e o debate acerca da proibição do trabalho escravo. Por isso que a Doutrina Monroe só foi revertida em política de caráter imperialista a partir da segunda metade do século XIX.