Os cretenses foram um povo que habitou a ilha de Creta, atual Grécia, e formou uma das grandes civilizações da Antiguidade, a chamada civilização cretense ou civilização minoica. Seus primeiros vestígios foram encontrados por um arqueólogo no começo do século XX, e diversos estudos desenvolveram-se a partir de então.
Acredita-se que os cretenses tenham começado a desenvolver-se por volta de 3000 a.C., embora a habitação humana em Creta seja de nove mil anos atrás. O auge dos cretenses aconteceu entre 2000 a.C. e 1500 a.C., e acredita-se que vários fatores, como desastres naturais, tenham contribuído para o desaparecimento desse povo.
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Os primeiros grupos humanos que habitaram Creta remontam a cerca de nove mil anos, mas a civilização desenvolvida pelos cretenses só começou a estabelecer-se, de fato, por volta de 3000 a.C. O marco utilizado pelos historiadores para explicar o início temporal dos cretenses é a introdução do bronze em Creta, embora não se saiba como ela aconteceu.
Outro marco importante para a civilização cretense é o período da construção dos grandes palácios que existiram na ilha. Isso se deu a partir de 2000 a.C., e considera-se que o período 2000-1400 a.C. é o clássico dessa civilização. O período anterior, e que se estende de 3000-2000 a.C., foi classificado como Minoano Antigo ou Período Pré-Palaciano.
Os cretenses eram uma civilização formada por grupos que haviam migrado da região da Anatólia (atual Turquia) e se estabelecido nas ilhas do mar Egeu. As primeiras evidências a respeito dessa civilização foram descobertas no final do século XIX por Minos Kalokairinos. Entretanto, atribui-se a Arthur Evans, que conduziu escavações na região entre 1900 e 1905, o feito de ter concluído de que os vestígios encontrados em Creta se tratavam de uma civilização até então desconhecida.
Evans também foi responsável por nomear os cretenses como minoicos (a nomenclatura original criada por ele no inglês foi minoan), sendo esse nome uma referência a Minos, suposto rei lendário que governou Creta.
Como foi falado, a partir de 2000 a.C., começaram a ser construídos grandes palácios em diferentes regiões de Creta, e os historiadores apontam que existiram quatro grandes deles. Cada um foi construído em lugares diferentes da ilha, e acredita-se que eles serviram como importantes centros políticos. Os palácios foram construídos nos seguintes locais: Cnossos, Festo, Mália e Cato Zacro.
Ao redor dessas construções, desenvolveram-se as vilas habitadas pelos cretenses. Os historiadores apontam que, além de prováveis centros políticos, os palácios eram centros administrativos, zonas de comércio e centros religiosos. Eles também reuniam recursos importantes para a sobrevivência, e estradas construídas na ilha levavam a eles.
No entorno dos palácios, não havia nenhum tipo de fortificação, o que sugere que os cretenses eram um povo pacífico. Entretanto, como foram encontradas armas na ilha, os historiadores apontam que eles poderiam defender-se caso fossem atacados. Ao longo do território, existiram torres de vigilância, sugerindo que havia um esforço para reduzir a ação de bandidos.
Esses palácios foram construídos entre 2000 a.C. e 1700 a.C. e foram destruídos por volta dessa última data por um terremoto, sendo reconstruídos, a partir de então, e permanecendo de pé até cerca de 1400 a.C. Eram construções gigantescas decoradas com chifres (símbolo religioso importante). Além disso, continham afrescos, isto é, pinturas nas paredes que retratavam situações do cotidiano e cenas religiosas e que foram uma típica demonstração artística desse povo.
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Os cretenses sobreviveram dos itens cultivados e dos animais criados, destacando-se a produção de grãos, figos e olivas. O excedente dessa produção era comercializado por eles, o que se transformou em uma das suas grandes vocações, o comércio marítimo. Os cretenses também ficaram conhecidos por possuir arte e arquitetura refinadas e técnica desenvolvida na produção de cerâmica.
A navegação marítima era uma das grandes habilidades dos cretenses, e existem registros deles em diferentes locais do mar Egeu, na Grécia Continental, e até em regiões costeiras do mar Negro. Os historiadores falam que, em determinado momento, Cnossos projetou seu poder sobre o mar, formando uma talassocracia, isto é, uma forma de governo que dependia da supremacia no mar. Acredita-se que o governo cretense era realizado por reis.
No campo da religião, os indícios descobertos por arqueólogos e analisados por historiadores apontam que os cretenses tinham uma grande divindade, a chamada “deusa-mãe”, pois existe uma série de imagens dessa deusa encontradas por toda a ilha. Acredita-se que o chifre de touro foi um símbolo sagrado para eles, pois seus grandes palácios foram ornados com esse item e existem inúmeras representações de chifres na sua arte. Eles também construíram altares e templos e realizaram sacrifícios e oferendas com finalidade religiosa.
Os cretenses sabiam escrever e tinham uma escrita em hieróglifos conhecida como Linear A. Sabemos que ela era usada para finalidades comerciais e administrativas porque tabletes com inscrições foram localizados próximo dos grandes palácios. Essa forma de escrita manifestava um idioma que, acredita-se, pertencera a um idioma de origem egeia (típico de povos das ilhas do mar Egeu), mas não se tem certeza disso, porque a Linear A ainda não foi decifrada.
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Estima-se que, por volta de 1500 a.C., os cretenses tenham iniciado sua fase de decadência até que foram assimilados pelos micênicos, por volta de 1400-1300 a.C. Essa datação leva em consideração indícios de incêndios que atingiram os grandes palácios da ilha, sobretudo o palácio de Cnossos, o principal de Creta.
Tais indícios sugerem que desastres naturais podem ter causado a destruição dos palácios, mas outra teoria levanta a questão de que ela pode ter sido consequência de um levante da camada mais pobre da população cretense devido a sua condição. O enfraquecimento cretense permitiu a assimilação micênica e contribuiu para o esvaziamento de muitas cidades. Algo próximo de 1200 a.C., diversas cidades cretenses já estavam totalmente vazias.
Entre as grandes teorias que explicam a decadência dos cretenses está a do terremoto provocado pelo vulcão Tera. Esse vulcão fica localizado na ilha de Santorini e pode ter causado grandes consequências em Creta, prejudicando seus agricultores e o comércio marítimo. Além disso, o esgotamento do solo é uma das hipóteses levantadas para explicar-se o desaparecimento cretense.