O Período Homérico é um período intermediário da história grega entre o fim da civilização micênica e a ascensão da civilização grega, de XII a.C. ao início do século IX a.C.
O Período Homérico é um período histórico da Grécia que, de modo geral, se iniciou entre 1200 a.C. e 1150 a.C. e se encerrou entre os anos 800 a.C. e 700 a.C. Foi marcado pelo declínio da civilização micênica, que antecedeu a civilização grega. A periodização da história grega gera debates entre os historiadores e, consequentemente, as datas de início e fim do Período Homérico também variam, a depender do historiador.
O período se inicia com as invasões dórias na Grécia continental, o que levou ao declínio das cidades micênicas. Houve grande migração para a área rural e as cidades foram destruídas ou simplesmente abandonadas.
Durante o Período Homérico os gregos passaram a utilizar o ferro, o que possibilitou maior produtividade agrícola e fez com que os genos evoluíssem para as cidades-estados gregas, tão conhecidas por nós.
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O Período Homérico foi um período da história grega que vai do ano 1150 a.C. até o ano 800 a.C. Ele recebe esse nome porque, inicialmente, as únicas fontes existentes do período eram duas obras atribuídas a Homero, Ilíada e Odisseia.
A Ilíada narra a história da guerra entre gregos e troianos, iniciada após o rapto da rainha Helena, por Páris, príncipe de Troia. Ultrajados pelo rapto, os gregos cercaram Troia por dez anos, e o cerco só terminou após os gregos utilizarem o Cavalo de Troia para conseguir abrir os portões da cidade e conquistá-la. Participaram da guerra heróis como Ajax, Aquiles, Odisseu e Heitor.
A Odisseia narra a história de Odisseu, chamado pelos romanos de Ulisses. Na Odisseia o herói grego tenta de todas as formas voltar para sua cidade natal, Ítaca. Após dez anos, enfrentando diversos desafios, ele consegue retornar para sua casa, recuperando a família e seu trono.
A partir de 1600 a.C., os micênicos, que se autodenominavam aqueus, construíram uma grande civilização na região da atual Grécia, mantendo relações comerciais com regiões distantes como o Egito, o Levante e a Ásia Menor. As cidades micênicas eram muradas, com muralhas que podiam chegar a 8 metros de altura. A principal cidade edificada por eles foi Micenas, que acabou nomeando a civilização.
Por volta de 1200 a.C. a civilização micênica entrou em um processo de decadência, com muitas pessoas deixando as cidades e migrando para as áreas rurais. Grande parte das cidades foram abandonadas.
Existem duas principais teorias que tentam explicar a decadência micênica. A primeira delas defende que diversos terremotos, seguidos por tsunamis, foram os responsáveis. E a segunda defende que as invasões dórias foram as responsáveis pelo colapso da civilização micênica. Alguns historiadores defendem que os dois fenômenos ocorreram juntos.
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O Período Homérico se iniciou por volta de 1150 a.C., quando a civilização micênica entrou em decadência e suas cidades foram abandonadas. No início do Período Homérico os gregos viviam em comunidades familiares, chamadas de genos. Segundo as pesquisas arqueológicas, houve redução no comércio entre as cidades gregas, assim como no comércio de longa distância. Também houve redução da população da região da Grécia, e as edificações, como templos e túmulos, se tornaram mais simples.
No final do Período Homérico se iniciou um processo em que os genos passaram a crescer e a formar alianças com outros genos, muitas vezes a aliança de genos possuía um único líder. Esse processo de crescimento e união dos genos levou à origem das primeiras cidades-estados gregas, como Atenas e Esparta.
Os micênicos possuíam cidades-estados governadas por monarcas que eram auxiliados por um conselho, composto na maioria das vezes por membros de uma aristocracia militar. A vida social nas cidades micênicas era hierarquizada, composta por diferentes grupos sociais.
No Período Homérico as cidades micênicas foram abandonadas e a vida no genos passou a ser predominante em toda região do Mar Egeu. O geno era composto por uma grande família, na qual tios, primos, irmãos, escravos e agregados eram vistos como membros.
O geno era geralmente governado por um páter, que era responsável pelo controle da produção agrícola, pela justiça, religião e pela organização militar. A produção dos genos era coletiva, assim com o uso das terras e das ferramentas e animais necessários para o trabalho.
A economia do Período Homérico se baseava na agricultura. O trigo, a cevada e a uva eram alguns dos alimentos cultivados no período. Também eram criados animais como bois, vacas, cabras, cabritos, ovelhas e carneiros. Com o leite os gregos produziam queijo e com a uva, o vinho, a bebida mais apreciada na época.
Existiam pequenas vinícolas em cada geno, com lagar, onde a uva era pisada, e ânforas de cerâmica, onde o suco de uva era fermentado até se transformar em vinho. A produção têxtil também era realizada no próprio geno, o linho e a lã eram as principais fibras utilizadas no período. Cada geno possuía ainda uma olaria, onde tijolos, telhas, lamparinas e ânforas eram produzidos.
Os achados arqueológicos indicam que, no Período Homérico, o comércio perdeu importância econômica e as comunidades rurais eram autossuficientes.
Os artefatos arqueológicos mais comuns encontrados nas necrópoles do Período Homérico são artefatos cerâmicos. Entre os artefatos cerâmicos escavados estão urnas funerárias ricamente decoradas, assim como vasos, vasos crateras e lamparinas.
A cerâmica do Período Homérico era decorada com um estilo chamado protogeométrico, no qual linhas e algumas formas geométricas eram pintadas sobre a cerâmica. Também foram encontradas cerâmicas decoradas com figuras humanas em cenas do cotidiano e de batalha.
Devido às poucas fontes do período, o estudo do Período Homérico possui grandes limitações, mas os achados arqueológicos apontam que um importante acontecimento no mundo grego ocorreu no período: o uso do ferro. No início do Período Homérico o bronze era o principal metal utilizado na produção das armas e das ferramentas agrícolas.
Durante o Período Homérico os gregos passaram a praticar a metalurgia do ferro, metal mais abundante no planeta, o que barateou a produção de objetos de metal. Com o ferro as ferramentas agrícolas se tornaram mais eficientes e duráveis, possibilitando o aumento da produção agrícola. A maior oferta de alimentos possibilitou o aumento demográfico que, por sua vez, levou à origem das primeiras cidades-estados gregas.
A Guerra de Troia pode ou não ser outro importante acontecimento do Período Homérico. A história da guerra e do cavalo de pau é conhecida por quase toda a humanidade, mas muitos historiadores acreditam que ela não aconteceu, pelo menos não como foi descrita por Homero.
Existe na atual Turquia um sítio arqueológico que, no século XIX, acreditava-se ser a antiga Troia. Mas as escavações arqueológicas não mostram presença dos gregos continentais neste sítio, o que torna improvável as ruínas pertencerem à antiga Troia.
A existência do próprio Homero é questionada pelos historiadores. Hoje é aceito que Ilíada e Odisseia são compilações de diversos mitos antigos, talvez do Período Micênico. Alguns defendem que Homero era, na verdade, o nome pelo qual os contadores de história eram chamados e que, de fato, existiram diversos Homeros.
Durante o Período Homérico os antigos genos evoluíram para as cidades-estados gregas. Quando elas se estabeleceram, o período terminou e se iniciou o Período Arcaico, também chamado de Pré-Clássico.
O Período Homérico pode ser dividido em duas partes:
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Existem diversas formas de periodizar a história da Grécia antiga, mas na maioria das vezes ela é dividida em cinco períodos.
1 - (Mackenzie) "Conta a história que, com a ajuda de Atena, Epeu construiu um grande cavalo de madeira, onde escondeu guerreiros. Ulisses ardilosamente introduziu-o em Troia para que os guerreiros a saqueassem." Em sua obra, o autor transformou a luta pelo controle do estreito de Dardanelos (Helesponto) num conflito envolvendo deuses e heróis. A obra e o respectivo autor são:
a) A República - Platão.
b) Édipo Rei - Sófocles.
c) A Ilíada - Homero.
d) Os Sete Contra Tebas - Ésquilo.
e) A História da Guerra do Peloponeso - Tucídides.
Resposta: Alternativa C
Foi na Ilíada que Homero escreveu sobre o lendário cavalo de madeira que colocou fim à Guerra de Troia, que já durava dez anos.
2 - “A Ilíada e a Odisseia são, certamente, fruto de uma longa tradição oral em que os poetas (chamados aedos) declamavam os episódios da guerra de Troia e as aventuras de Odisseu. Esses relatos eram cantados acompanhados por música, e passados de geração em geração, tendo sofrido muitas alterações e adaptações. Só mais tarde, cerca de 550 a.C., os poemas foram escritos pela primeira vez.”
Marcelo Rede. A Grécia antiga. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 16.
A partir do texto e de seus conhecimentos, pode-se afirmar que a Ilíada e a Odisseia são:
a) relatos que, à época, alimentavam a profunda rivalidade e os ininterruptos conflitos, hoje bastante estudados, entre gregos e troianos.
b) fonte importante para os historiadores, pois acumulam informações sobre diferentes épocas e sobre o funcionamento da sociedade grega.
c) registros sobre uma guerra decisiva, cuja precisão e veracidade podem ser confirmadas pela farta documentação hoje conhecida sobre Troia.
d) poemas interessantes, mas inúteis para os historiadores, pois suas informações não são verdadeiras e suas bases não são científicas.
Resposta: Alternativa B
Odisseia e Ilíada, obras atribuídas a Homero, são de fundamental importância para o estudo da Grécia Antiga. A obra nos dá importantes pistas sobre a religiosidade grega, suas crenças, organização social, estratégias militares, entre muitos outros aspectos.
Créditos das imagens
Fontes
CARTLEDGE, Paul. Grécia Antiga. Editora Ediouro, São Paulo, 2009.
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. Editora Contexto, São Paulo, 2011.
SILVA, Lorena Pantaleão da. Grécia e Roma e seus reflexos nos dias atuais. Editora InterSaberes, Paraná, 2017.