Por tanto ou portanto?

Observe o trecho da música:

Caçador de mim – Milton Nascimento
(Sergio Magrão e Luiz Carlos Sá)

Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Perceba que “por tanto”, em destaque no texto, é grafado de forma separada. Essa forma de escrever tem um porquê, deve-se à intenção dos autores de a música de trazer o significado de quantidade, a quantida de amor responsável por transformar o eu lírico em quem ele é hoje (no tempo da fala). Interessante, não é? É assim mesmo que ocorre o processo de composição textual, a escolha das palavras não é feita por acaso, mas pensada cuidadosamente para atender as necessidades de quem comunica.

Agora, observe o seguinte trecho de uma outra música:

Solução de Vida - Paulinho da Viola
(Paulinho da Viola e Ferreira Gullar)

(...)
E por isso eu lhe digo
Que não é preciso
Buscar solução para a vida
Ela não é uma equação
Não tem que ser resolvida

A vida, portanto, meu caro,
Não tem solução

Veja que, agora, a palavra em destaque, “portanto”, está grafada junta. Isso se deve a uma intenção de trazer o significado de conclusão de uma ideia anterior, no caso dessa música, é a ideia de que, segundo os compositores, não há respostas para as questões da vida.

Assim, temos:

Veja mais alguns exemplos:

Você pode ficar com meu caderno por tanto tempo que necessitar.
Este caderno é muito caro, portanto, não o levarei.
Por tanto estudar, consegui a aprovação.
Eles estudaram muito, portanto, foram aprovados.