O Modernismo foi o principal movimento literário do século XX e teve manifestações na Europa e no Brasil.
O Modernismo é o principal movimento literário do século XX. Fortemente influenciado pelos movimentos de vanguarda que ocorreram na Europa no início dos anos 1900, esse estilo literário foi revolucionário em diversos níveis.
No Brasil, o marco inicial do Modernismo foi a Semana de Arte Moderna de 1922. Alguns dos principais autores brasileiros enquadrados dentro do Modernismo são: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Clarice Lispector e Cecília Meireles.
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Os principais fatos históricos que influenciaram fortemente o Modernismo foram:
Quebra da bolsa de Nova York em 1929;
Na Europa, a partir do começo do século XX, diversos movimentos artísticos novos começaram a surgir. Tais movimentos foram influenciados pela industrialização e urbanização dos principais centros sociais do continente, com uma população vivendo cada vez mais nas cidades e com a tecnologia avançando visivelmente. Chamados de “vanguardas”, esses movimentos foram as bases do Modernismo europeu e, posteriormente, brasileiro. As principais vanguardas foram:
Futurismo
Cubismo
Expressionismo
Impressionismo
Dadaísmo
Surrealismo
A partir das experiências literárias promovidas pelas vanguardas, diversos autores produziram obras que passariam, portanto, a compor o Modernismo. Em Portugal, alguns dos maiores escritores desse movimento são Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e José Saramago.
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Na fotografia, os organizadores da Semana de Arte Moderna, entre eles Guilherme de Almeida e Mário de Andrade.
O Modernismo brasileiro teve como marco inicial a Semana de Arte Moderna, em 1922. Seus autores permanecem entre os mais lidos do país, e a influência do movimento na cultura brasileira é enorme. De modo didático, os principais teóricos da teoria da literatura dividem o Modernismo em três fases:
Na primeira década (1920 a 1930), os principais autores do Modernismo brasileiro criaram obras que buscavam desconstruir a identidade cultural nacional para, em seguida, reconstruí-la sob uma ótica nova.
Mediante o Manifesto Pau-Brasil e do Manifesto Antropofágico, é possível perceber que os escritores do movimento pretendiam contar a história do Brasil sob um viés mais crítico e incluindo o cotidiano da população. Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira são os principais autores dessa fase. Veja, a seguir, um trecho do “Manifesto Pau-Brasil”:
“Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das ideias.
A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.
Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros.
Uma única luta - a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.”
Oswald de Andrade
A partir dos anos 30 até meados da década de 40, uma forte tendência regionalista passou a existir no Brasil. Romances como O quinze, de Rachel de Queiroz, ou Vidas Secas, de Graciliano Ramos, contavam as penúrias da população sertaneja nordestina. Érico Veríssimo, em livros como O tempo e o vento, por sua vez, narrou a vida no sul do Brasil. Leia, a seguir, um trecho de Vidas Secas:
"Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se.
O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão."
Graciliano Ramos
Autores como Clarice Lispector, Cecília Meireles, Guimarães Rosa e Vinícius de Moraes produziram obras de densidade psicológica aprofundada, já sem necessariamente se vincular a uma visão regionalista. Leia, a seguir, um poema dessa fase:
4º Motivo da rosa
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
Cecília Meireles
O Modernismo é o principal movimento artístico do século XX. Na Europa, foi influenciado pelas vanguardas europeias. No Brasil, a crise dos governos “café com leite”, as guerras mundiais, entre outros fatos relevantes, produziram um Modernismo que pode ser compreendido em três fases. A primeira fase buscou reinventar a identidade cultural brasileira, a segunda fase retratou as diversas regiões brasileiras e denunciou as mazelas da população, e a terceira fase tem temática mais ampla e nítida densidade psicológica.