Machado de Assis foi um famoso romancista brasileiro. Esse autor carioca escreveu obras românticas e realistas. Seu livro mais famoso é o romance realista Dom Casmurro.
Machado de Assis foi um famoso autor brasileiro. Ele nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839. Negro e de origem pobre, não fez faculdade, mas era autodidata (pessoa que tem facilidade de aprender por conta própria). Além de escrever, ele ganhava a vida como funcionário público.
As obras do escritor são marcadas pela forte ironia, pela crítica aos costumes da burguesia carioca do século XIX, além de análise psicológica e temáticas como adultério, corrupção humana e ascensão social. Ele faleceu no dia 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro. E nos deixou clássicos da literatura brasileira, como Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e Quincas Borba.
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Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839.
O pai do escritor Machado de Assis era brasileiro. Já a mãe era açoriana, isto é, nascera no arquipélago dos Açores. Eles eram pobres e viviam na chácara de um senador, onde o autor passou toda infância. A esposa desse senador era madrinha do pequeno Machado. Ele tinha cerca de 10 anos de idade, em 1849, quando sua mãe faleceu.
Em 1854, o pai de Machado de Assis se casou novamente. O jovem e a madrasta viviam em harmonia, sem brigas ou inimizade. Em 1856, Machado de Assis começou a trabalhar como aprendiz na Tipografia Nacional. Antes de completar 20 anos, começou a estudar francês e latim, tendo como professor um padre chamado Antônio José da Silveira Sarmento.
No ano de 1858, passou a trabalhar em outra tipografia, agora no cargo de revisor. Além disso, escrevia para jornais da época. Assim, em 1860, tornou-se redator do Diário do Rio de Janeiro. Os textos que escrevia para esse jornal eram assinados com diversos pseudônimos criados pelo autor.
A portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais chegou ao Rio de Janeiro em 1866. Assim, em 1869, ela se casou com Machado de Assis. Ficaram casados até 1904, quando Carolina faleceu. Carolina e Machado de Assis não tiveram filhos.
Em 1873, Machado de Assis ingressou no funcionalismo público, quando ocupou um cargo na Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Ordens Públicas. Ele foi funcionário público até o fim de sua vida.
O autor publicou seu primeiro livro em 1864, uma obra poética chamada Crisálidas. Ele também escreveu peças de teatro, mas não ficou muito conhecido no meio teatral. Em 1872, publicou seu primeiro romance, o livro Ressurreição. Mas foi em 1881 que publicou sua grande obra, o romance realista Memórias póstumas de Brás Cubas, que o consagrou como escritor.
O escritor Machado de Assis foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Desse modo, foi o primeiro presidente da ABL, em 1897.
Morreu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro.
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Machado de Assis escreveu muita coisa! Ele escreveu poesias, contos, romances e peças de teatro. O autor teve duas fases em sua carreira literária:
Uma característica da fase romântica recorrente na obra de Machado é o tema da ascensão social: um personagem é originalmente pobre, mas acaba subindo na vida. Já a ironia está presente tanto na fase romântica quanto na realista. Aliás, Machado de Assis é sempre lembrado pela sua ironia!
Depois de ler suas obras, é complicado dizer se Machado de Assis defendia isso ou aquilo. Afinal, as grandes obras do autor não fazem defesas, mas sim críticas! Assim, o autor criticou a futilidade, os costumes burgueses, o romantismo, as pessoas interesseiras, hipócritas e corruptas. Com base nisso, é possível, por exemplo, dizer que ele defendia a reflexão, a igualdade, o realismo, a honestidade, a sinceridade e a verdade.
Dom Casmurro é o romance mais famoso de Machado de Assis. Ele foi publicado, pela primeira vez, em 1899. Até hoje as pessoas ainda leem essa história e vão continuar lendo ainda por muitos séculos, não duvide. A história é contada pelo personagem Bentinho quando ele está velho.
Bentinho relembra sua adolescência, quando conheceu a também adolescente Capitu. Ela morava perto da casa dele, e Bentinho ficou logo apaixonado. Só que a mãe do Bentinho tinha feito uma promessa de cunho religioso. Ela prometera que seu filho seria padre. Bentinho então foi mandado para um seminário.
Parecia um amor impossível até que a mãe do Bentinho, a dona Glória, foi convencida de que se ela pagasse o seminário para um menino órfão, em lugar de Bentinho, a promessa seria cumprida. E sabe de quem foi essa ideia de gênio? Do melhor amigo de Bentinho, o esperto Escobar.
Problema resolvido, Bentinho e Capitu se casaram e foram felizes para sempre... Opa! Não, essa coisa de felizes para sempre não faz parte da literatura realista. Bentinho começou a desconfiar de que seu melhor amigo Escobar e Capitu estavam tendo um relacionamento amoroso.
Traído! Era o que Bentinho pensava. Quando ele e Capitu tiveram um filho chamado Ezequiel, não é que Bentinho começou a achar que o menino se parecia com o Escobar! Capitu negou a traição, mas Bentinho continuou com ciúme e achando motivo para ter certeza de que tinha sido traído.
Assim, Machado de Assis deixou uma pergunta que até hoje não tem uma resposta definitiva: afinal de contas, Capitu traiu ou não traiu o Bentinho? Cada leitora e leitor precisa chegar à sua própria conclusão. Ah, e por que o livro se chama Dom Casmurro? Isso é explicado logo no início da obra. É que, certo dia, um poeta ofendido chamou o velho Bentinho de Dom Casmurro. Olha só um trechinho do livro:
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
Machado de Assis é o autor mais valorizado da literatura brasileira. Ele introduziu o estilo realista no Brasil com sua obra Memórias póstumas de Brás Cubas, além de escrever outros clássicos de nossa literatura, como Dom Casmurro, Quincas Borba, O alienista, entre outras obras.
Além disso, nosso grande escritor era um homem negro em um tempo no qual ainda havia escravidão no Brasil (a Abolição da Escravatura ocorreu em 1888). Assim, apesar da origem pobre e do eventual preconceito racial, ele se tornou o maior escritor da literatura brasileira, valorizado pela sua genialidade e talento literário.
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Abaixo estão algumas frases retiradas do romance Dom Casmurro:
Créditos da imagem
[1] Editora Moderna (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
ABL. Machado de Assis: biografia. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/machado-de-assis/biografia.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Machado de Assis: vida e obra. Disponível em: http://machado.mec.gov.br/.
MACHADO DE ASSIS. Cronologia. In: MACHADO DE ASSIS. Crônicas escolhidas. Seleção, introdução e notas de John Gledson. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 322-330.
MACHADO DE ASSIS. Dom Casmurro. 2. ed. Brasília: Edições Câmara, 2019.