Alô, alô, testando! Clique e saiba como verificar o funcionamento da comunicação com a função fática da linguagem!
Falar, falar e falar! Esse é um dos passatempos favoritos dos seres humanos! Seja através da linguagem verbal ou da linguagem não verbal, o tempo todo estamos envolvidos em situações em que a comunicação é a principal atividade de interação social com nossa família e amigos. Mas os atos de fala, sejam eles escritos ou orais, não acontecem por acaso. Eles podem ser explicados através das funções da linguagem.
As funções da linguagem foram criadas pelo linguista russo Roman Jackobson, estudioso da comunicação que nos explicou que cada ato de fala apresenta uma intenção específica: se a intenção é informar, existe uma função mais adequada para esse propósito; se a intenção é convencer, adequamos nosso discurso para persuadir nosso interlocutor e assim por diante. Todas as intenções de fala foram sintetizadas no seguinte esquema elaborado por Jackobson:
contexto
mensagem
remetente função poética destinatário
função emotiva função conativa
contato
código
O esquema nos diz que cada função apresenta uma intencionalidade. Hoje vamos estudar um pouco mais sobre a função fática. A principal característica dessa função é conferir o funcionamento adequado do canal de comunicação. Por exemplo, quando você conversa com alguém por telefone, o tempo todo utiliza expressões para certificar-se de que seu interlocutor, que está do outro lado da linha, está te ouvindo e te compreendendo:
A função fática testa o funcionamento do contato. As conversas ao telefone são ótimos exemplos dessa função da linguagem
Quando Calvin diz “ouça”, no terceiro quadrinho, ele está testando o canal de comunicação. Outras expressões como “entende”, “alô” e “veja bem” também apresentam a mesma função. A professora, quando explica uma nova matéria na escola, também indaga seus alunos para comprovar que a mensagem transmitida foi compreendida, não é mesmo? Outra importante característica da função fática é criar uma espécie de vínculo solidário entre os falantes. Observe mais um exemplo de função fática:
Somos seres sociais, por isso elaboramos estratégias comunicativas para participar dos costumes verbais que integram as pessoas
Na história em quadrinhos Garfield, de Jim Davis, embora John esteja um pouco entediado, a personagem ao seu lado elabora estratégias para iniciar um possível diálogo. Esse tipo de conversa, que muitas vezes não está centrado na mensagem, mas sim no canal, é muito comum, sobretudo entre pessoas que não se conhecem, mas que têm interesse de tornar um ambiente mais amistoso e agradável através de um bate-papo descompromissado. Quem nunca entrou em um elevador e deu de cara com um desconhecido? Nessa situação, para evitar aquele silêncio constrangedor, lançamos mão, ainda que intuitivamente, da função fática.
Viu só? Todos os atos de fala podem ser explicados através do modelo de comunicação elaborado por Roman Jackobson. No caso específico da função fática, a linguagem atua como uma ferramenta que integra pessoas, possibilitando que os falantes permaneçam inseridos nos costumes verbais tão importantes em nossa sociedade.
Por Luana Castro
Graduada em Letras