A Ku Klux Klan é uma organização supremacista branca que defende uma ideologia racista, antissemita e xenófoba. Surgiu em 1865, nos Estados Unidos.
A Ku Klux Klan é uma organização supremacista branca que teve origem em 1865, nos Estados Unidos. É marcada por sua ideologia racista, antissemita e xenófoba, utilizando violência e terror para promover a supremacia branca e combater avanços nos direitos civis.
Sua história é dividida em três fases principais: a resistência à reconstrução após a Guerra Civil; a expansão política e social na década de 1910, impulsionada pelo filme O nascimento de uma nação; e a reemergência violenta contra os movimentos pelos direitos civis, nos anos 1950. Posteriormente, adaptou-se ao contexto digital contemporâneo.
Fundada por ex-soldados confederados no Tennessee, a Klan estruturou-se como uma irmandade secreta hierárquica e usou símbolos como vestes brancas, capuzes pontiagudos e cruzes em chamas para reforçar sua identidade de supremacia racial e intimidar oponentes.
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A Ku Klux Klan (KKK) é uma organização supremacista branca, caracterizada por sua ideologia racista, antissemita e xenófoba. Surgida nos Estados Unidos em 1865, após o fim da Guerra Civil Americana, a KKK foi inicialmente formada por veteranos confederados com o objetivo de resistir à reconstrução e manter a hegemonia racial branca no Sul dos Estados Unidos.
A organização rapidamente se tornou sinônimo de violência e terror, utilizando-se de práticas como linchamentos, incêndios criminosos e intimidações contra afro-americanos, imigrantes, judeus, católicos e outros grupos considerados “ameaças” ao ideal de supremacia branca.
A Klan está profundamente enraizada na história do racismo estrutural dos EUA, consolidando-se como um instrumento de opressão social e política. Além de atacar indivíduos, a organização frequentemente se opôs a reformas sociais e políticas que buscavam a igualdade racial e a integração social. Em suas várias iterações, a KKK adotou diferentes estratégias e frentes de atuação, sempre adaptando seu discurso ao contexto sociopolítico do momento.
Embora a Klan tenha sofrido declínios ao longo dos anos, permanece como um símbolo de intolerância e ódio racial. Suas ações foram não apenas localizadas, mas também influenciaram movimentos de supremacia branca em outras partes do mundo, mostrando o alcance global de sua ideologia.
A trajetória da Ku Klux Klan pode ser dividida em três fases principais, marcadas por diferentes estratégias, objetivos e contextos históricos.
A Klan foi fundada em Pulaski, Tennessee, por seis ex-soldados confederados insatisfeitos com as mudanças sociais e políticas trazidas pela derrota do Sul na Guerra Civil e pela abolição da escravatura. Inicialmente concebida como um grupo social, rapidamente se transformou em uma organização violenta que utilizava o terror como arma política. O principal objetivo da Klan nesse período era impedir a emancipação dos afro-americanos, o que incluía suprimir o direito ao voto e combater políticas de reconstrução implementadas pelo governo federal.
A organização utilizava métodos como linchamentos, agressões físicas e incêndios em propriedades para intimidar tanto afro-americanos quanto seus aliados brancos. A violência extrema gerou uma resposta federal, culminando na Lei de Direitos Civis de 1871, que permitiu ao governo combater diretamente a Klan. Apesar disso, a ideologia supremacista continuou a prosperar de maneira informal.
A segunda fase da KKK foi marcada pelo seu ressurgimento em 1915, impulsionado pelo filme O nascimento de uma nação, de D. W. Griffith. O longa retrata a Klan como heróis que defendem a “pureza racial” e a ordem social, fomentando uma onda de adesões à organização. Durante esse período, a Klan expandiu seu ódio para além dos afro-americanos, incluindo imigrantes, judeus e católicos entre seus alvos.
Essa fase foi caracterizada por um aumento significativo de membros e influência política. A Klan chegou a ter milhões de afiliados e exercia forte influência em eleições locais e estaduais. Promovia comícios e desfiles públicos, utilizando símbolos como cruzes em chamas para intimidar seus opositores. No entanto, escândalos internos e investigações federais levaram a um declínio gradual de sua força.
Após um período de inatividade relativa, a Klan ressurgiu durante os movimentos pelos direitos civis nas décadas de 1950 e 1960. Grupos menores, mas extremamente violentos, focaram seus ataques contra ativistas que lutavam por igualdade racial. Esse período foi marcado por bombardeios, assassinatos e outros atos de terrorismo.
Na atualidade, a Klan está fragmentada em diferentes facções, operando como uma rede descentralizada de grupos supremacistas. Apesar de ser uma sombra do que foi em termos de número, a Klan utiliza a internet para disseminar sua ideologia, recrutando membros e arrecadando fundos globalmente.
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A Klan surgiu em um contexto de desordem social e política após o fim da Guerra Civil Americana. Com a abolição da escravidão, milhões de afro-americanos recém-libertos começaram a buscar direitos civis e participação política. Para os brancos do Sul, isso representava uma ameaça direta ao status quo social e econômico que havia sido sustentado pela escravidão.
Os fundadores da Klan eram veteranos confederados que buscavam restaurar a antiga ordem racial. Eles adotaram uma estrutura organizacional hierárquica, com títulos como “Grande Mago” e “Grande Ciclope”, que conferiam uma aura de mistério e poder à organização. Suas ações inicialmente visavam desestabilizar governos estaduais republicanos e aterrorizar afro-americanos que tentavam exercer seus novos direitos.
O nome “Ku Klux Klan” deriva da palavra grega “kuklos”, que significa “círculo”, simbolizando unidade. A escolha do nome reflete a tentativa de criar uma identidade distinta e intimidadora, associada à ideia de uma irmandade secreta.
A atuação da Klan variou ao longo do tempo, mas sempre manteve como base a intimidação e a violência. Durante a reconstrução, seus membros atacavam afro-americanos que tentavam votar ou ocupar cargos públicos. Esses atos de terror incluíam assassinatos, destruição de propriedades e ameaças generalizadas.
Na segunda fase, a Klan utilizou sua crescente popularidade para exercer influência política direta. Seus membros se infiltraram em governos locais e estaduais, promovendo leis que reforçavam a segregação racial e limitavam os direitos civis. Eventos públicos como desfiles e queimas de cruzes tornaram-se ferramentas de propaganda.
Durante os movimentos pelos direitos civis, a Klan intensificou seus ataques, frequentemente em colaboração com autoridades locais. Bombardeios em igrejas e assassinatos de ativistas são exemplos marcantes de sua brutalidade. Em um dos casos mais conhecidos, o atentado à Igreja Batista da 16ª Rua, em Birmingham, Alabama, matou quatro meninas afro-americanas.
Na atualidade, a Klan continua ativa, embora de maneira mais discreta. A internet permitiu que a organização se modernizasse, utilizando plataformas digitais para disseminar ideologias, recrutar novos membros e arrecadar fundos. Mesmo em menor número, a Klan permanece uma ameaça, especialmente devido à sua capacidade de inspirar atos de violência racial.
Os símbolos da Klan desempenham um papel central na propagação de sua ideologia. Entre os mais conhecidos estão as vestes brancas e os capuzes pontiagudos, que simbolizam anonimato e pureza racial. Essas roupas eram usadas em cerimônias e ataques, criando uma imagem icônica que ainda provoca temor.
Outro símbolo amplamente utilizado é a cruz em chamas. A queima de cruzes, embora muitas vezes associada ao cristianismo, foi apropriada pela Klan como um ato de intimidação. Ela representa tanto a reafirmação de seus ideais quanto uma ameaça direta a seus inimigos.
Além disso, a organização utiliza bandeiras confederadas, slogans e outras imagens associadas ao Sul dos Estados Unidos para reforçar sua conexão com a história e a cultura da região. Esses símbolos ajudam a perpetuar a ideia de que a Klan é uma defensora da herança sulista.
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Embora enfraquecida em relação ao passado, a Klan permanece ativa e adaptada às novas realidades sociais e tecnológicas. Seus membros utilizam plataformas digitais para recrutar seguidores e disseminar propaganda. Redes sociais e fóruns online tornaram-se ferramentas-chave para alcançar um público mais jovem e global.
Grupos fragmentados da Klan continuam a realizar encontros clandestinos, protestos e campanhas de intimidação. Além disso, a organização tem explorado o uso de criptomoedas para financiar suas atividades, evitando a detecção por autoridades.
A influência da Klan pode ser vista em atos de violência racial e em discursos de ódio promovidos por seus membros e simpatizantes. Embora os números oficiais de membros sejam baixos, a ideologia que ela representa continua a inspirar outros grupos supremacistas e neonazistas, tornando a Klan uma ameaça persistente à coesão social.
Créditos da imagem
[1] KAMiKAZOW/ Wikimedia Commons
[2] Everett Collection / Shutterstock
Fontes
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