O Estado Islâmico do Iraque e do Levante, conhecido apenas como Estado Islâmico, é um grupo terrorista que defende a criação de um califado muçulmano.
O Estado Islâmico é um grupo terrorista criado durante a Guerra do Iraque. O nome inicial do grupo era Estado Islâmico do Iraque, depois passou para Estado Islâmico do Iraque e do Levante e, por fim, Estado Islâmico. O grupo também se aproveitou da Guerra Civil Síria para penetrar nesse país e arregimentar mais membros.
O Estado Islâmico chegou a ter um grande território em suas mãos, onde tratou com extrema crueldade as pessoas das áreas dominadas. O grupo chegou a proclamar um califado em 2014 e a nomear alguns califas.
Depois de atentados terroristas praticados em diversos países, o Estado Islâmico foi derrotado por tropas de uma coalisão de países e atualmente não possui mais territórios em suas mãos, embora ainda possua células terroristas no Oriente Médio e na África.
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O Estado Islâmico é um grupo terrorista que atua principalmente no Iraque e na Síria. Antes o grupo se chamava Estado Islâmico do Iraque e do Levante, mas em 2014 seu nome foi trocado para Estado Islâmico.
Em 2001 ocorreram os atentados de 11 de setembro, quando aproximadamente três mil norte-americanos foram mortos nos ataques executados pelo grupo terrorista Al Qaeda, liderado por Osama Bin Laden. Após os ataques, os Estados Unidos iniciaram a Guerra ao Terror, atacando grupos e países considerados por eles colaboradores de grupos terroristas islâmicos.
Em 20 de março de 2003, uma coalização de países liderada pelos Estados Unidos invadiu o Iraque, dando início à Guerra do Iraque. Em pouco tempo, cerca de um mês, as tropas invasoras conseguiram vencer o exército iraquiano e ocupar as principais cidades do país. No final de 2003, o líder iraquiano Saddam Hussein foi capturado por tropas dos Estados Unidos e acabou sendo enforcado.
Sem um governo central, diversos grupos terroristas ganharam força no Iraque, sobretudo nas áreas rurais do norte do país. Muitos membros da Al Qaeda foram para o Iraque e passaram a executar ataques e atentados às tropas norte-americanas.
Foi nesse contexto, de ocupação dos Estados Unidos no Iraque, que o Estado Islâmico se originou. Inicialmente o objetivo do grupo era expulsar as tropas norte-americanas do Iraque, mas, com o passar do tempo, esses objetivos mudaram.
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O objetivo inicial do Estado Islâmico era expulsar os norte-americanos e seus aliados do Iraque. Após a expulsão, o objetivo passou a ser que o Estado Islâmico governasse o Iraque.
Em 2011, a Síria entrou em guerra civil. Nesse conflito, grupos fiéis ao governante sírio Bashar Al Assad passaram a lutar contra grupos rebeldes que queriam derrubá-lo do governo. Em meio à guerra, o Estado Islâmico enviou combatentes para a Síria, e eles começaram a conquistar cidades do país.
Com territórios conquistados, o Estado Islâmico passou a cobrar impostos e taxas das populações sob seu controle. Com mais dinheiro, o Estado Islâmico comprou mais armas, aumentou sua propaganda e conseguiu mais pessoas para o grupo. Em 2014 o grupo governava um grande território, compreendido entre o noroeste do Iraque e a região central da Síria. Cerca de 12 milhões de pessoas viviam nessa área.
Em junho de 2014, o Estado Islâmico conquistou a cidade de Mosul, uma das maiores do Iraque. Logo após a conquista de Mosul, o Estado Islâmico declarou ter se tornado um califado, nomeando Abu Bakr al-Baghdadi como califa. Para os muçulmanos, o califa é um descendente direto do profeta Maomé, e um califado deve reunir todos os muçulmanos do mundo sob o controle do califa.
Diversos países muçulmanos declararam não reconhecer o Estado Islâmico como um califado, assim como não reconheceram o califa nomeado pelo grupo. Al-Baghdadi fez diversos discursos conclamando muçulmanos de todos os lugares do mundo a migrarem para o Estado Islâmico. Ele também afirmou que o Estado Islâmico marcharia sobre a cidade de Roma e sobre a Espanha, áreas consideradas por ele como historicamente parte do califado.
A violência é a principal característica do Estado Islâmico. Essa atuação violenta foi criticada por diversos Estados e até mesmo por outros grupos terroristas, como a Al Qaeda, que publicou uma nota em 2014 criticando as práticas do EI.
Nas regiões controladas pelo Estado Islâmico, foi aplicada uma versão radical da Sharia, o código de condutas do islamismo. Nessas regiões, o Estado Islâmico assassinou pessoas das mais variadas formas, como decapitação, crucificação, apedrejamento, arremesso de edifícios, entre diversas outras.
Durante o período em que esteve no poder, o Estado Islâmico divulgou diversos vídeos de execuções de prisioneiros de países ocidentais. Esses vídeos mostraram prisioneiros sendo degolados, queimados vivos e afogados. O terror foi utilizado como uma estratégia para dominar as populações controladas pelo EI e para angariar novos membros para o grupo.
Outra área de atuação do Estado Islâmico é a internet, na qual a organização faz diversas publicações com o objetivo de atrair muçulmanos de todo o mundo. A estratégia deu certo e milhares de voluntários de diversos países, como Estados Unidos, Reino Unido, Bélgica, Rússia e Brasil, se juntaram ao Estado Islâmico na década de 2010.
O Estado Islâmico também realizou diversos atentados terroristas pelo mundo, inclusive na Europa. Em 2015, em Paris, terroristas do EI detonaram diversas bombas na cidade e atiraram em diversas pessoas, o atentado deixou 130 pessoas mortas e mais de 350 feridas.
No ano seguinte, na Bélgica, na manhã do dia 22 de março, um novo atentado foi realizado. Nesse atentado, três homens-bombas detonaram explosivos presos em seus corpos, deixando 35 pessoas mortas e mais de 300 feridas.
O Estado Islâmico possui uma interpretação extremamente radical do Corão e de outros textos sagrados do islamismo. Para o grupo terrorista, o islamismo sunita é a única religião que deve existir e os seguidores de outras religiões devem ser eliminados. O wahabismo é a principal influência ideológica do Estado Islâmico.
Muhammad ibn Abd al Wahhab, o fundador do wahabismo, nasceu na Península Arábica em 1703. Ele defendeu que o islã deveria se purificar, voltando às tradições da época inicial do islamismo, no período de Maomé e dos primeiros califas. Ele também defendeu que era um dever de todo muçulmano praticar uma jihad radical, conquistando territórios e impondo o wahabismo.
Em 1744, ele se reuniu com o governante local da Península Arábica, Ibn Saud, e passou a ser protegido por ele. Durante esse período, Ibn Saud conquistou quase toda a península, levando para todas as regiões conquistadas o wahabismo.
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A partir de 2015, uma grande ofensiva contra o Estado Islâmico foi realizada e contou com a participação de diversos países, como Estados Unidos, Reino Unido, Rússia e Síria. Os curdos, população que vive na região do Oriente Médio, também foram importantes na reconquista de territórios dominados pelos Estado Islâmico.
Em outubro de 2019, o califa do Estado, Baghdadi, foi morto em uma ação realizada pelos Estados Unidos. Após sua morte, outros califas foram anunciados pelo Estado Islâmico, todos eles acabaram sendo mortos em pouco tempo.
Atualmente o Estado Islâmico não controla nenhuma cidade, mas possui diversas células terroristas em países do Oriente Médio e da África. Essas células não possuem a capacidade para conquistar territórios, mas ainda podem promover atentados terroristas. O grupo não tem o poderio que tinha uma década atrás, mas ainda preocupa governos, principalmente os do Ocidente.
Créditos das imagens
[1] Musaib Mushtaq
[3] Mohammad Bash/ Shutterstock
Fontes
CHOMSKY, Noam. Terrorismo Ocidental: de Hiroshima à Guerra dos Drones. Editora Autonomia Literária, São Paulo, 2021.
GOKTEPE, Mustafa. Posições diante do terrorismo. Editora Labrador, São Paulo, 2018.