O escambo é uma modalidade de transação que foi muito comum na Antiguidade. Por meio desse acordo, realiza-se a troca de mercadorias ou serviços.
O escambo é um modelo de transação que foi muito comum na Antiguidade e se estabeleceu assim que a vida civilizada se organizou. Nesse modelo, as duas partes envolvidas negociavam a troca de mercadorias e serviços de forma a satisfazer ambos os lados. No Brasil, o caso mais conhecido de escambo foi aquele realizado entre portugueses e índios durante a exploração do pau-brasil.
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Atualmente, vivemos em uma sociedade que possui uma economia monetarizada, ou seja, conseguimos comprar qualquer mercadoria que precisamos por meio de dinheiro, isto é, cédulas e moedas. A cédula e a moeda nada mais são que unidades em papel e metal utilizadas para quantificar o valor de uma mercadoria e até mesmo de nosso próprio trabalho.
Acontece que nem sempre foi assim, uma vez que o dinheiro só se consolidou como forma de pagamento de grande parte das transações no Ocidente de maneira bem tardia. Alguns estudiosos consideram que isso se deu por influência romana, sobretudo nas grandes cidades, enquanto outros apontam o renascimento comercial na Baixa Idade Média. Antes da monetarização da economia, o homem realizava suas transações comerciais por meio do escambo.
O escambo nada mais é que uma transação realizada entre duas partes na qual não há o envolvimento de dinheiro. Assim, o escambo é uma transação realizada por meio da troca de:
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Essa forma de transação comercial foi a base da economia da humanidade na Antiguidade e ainda existe hoje em dia, mas de maneira muito restrita. O escambo se dava, principalmente, porque não havia a consolidação de um sistema monetário e do uso de moedas. Assim, quando determinada pessoa ou comunidade necessitava de uma mercadoria, outro produto era oferecido em troca.
A transação comercial só se concretizava por meio de negociação e quando as duas partes estavam satisfeitas com o negócio apresentado. Assim, nesse modelo, dois fazendeiros poderiam negociar e trocar, por exemplo, uma quantia de trigo por uma quantia de milho.
Esse modelo também podia fazer com que houvesse certa desproporção na troca negociada, mas, no final, o que importava era a satisfação das duas partes com a conclusão do negócio. Com o tempo, o modelo foi aprimorado. Assim, para a troca de mercadorias consideradas mais raras, passou-se a exigir uma quantidade maior de produtos.
O fato do escambo ser a forma de negociação predominante na Antiguidade não significa que não existia moeda circulante. Acontece que muitas pessoas não tinham acesso à moeda por viverem em locais afastados ou por não terem boas condições materiais. Dessa forma, o escambo se dava como uma forma de realizar comércio.
O escambo esteve presente desde os primórdios da civilização humana, sendo um meio de transação em diferentes locais, como:
Além disso, foi comum na Idade Média, inclusive no período em que o comércio começou a ganhar força na Baixa Idade Média.
Mas engana-se quem pensa que esse sistema ficou restrito aos períodos da Antiguidade e medievo. No século XX, por exemplo, nos Estados Unidos, as pessoas mais atingidas pela Grande Depressão realizaram escambo, pois, na maioria das vezes, não tinham dinheiro suficiente para adquirir itens básicos, como alimento. Assim, a solução foi trocar mercadorias.
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O escambo no Brasil segue a lógica internacional. Essa modalidade foi muito importante há um tempo e hoje foi substituída pela monetarização de nossa economia. Ainda assim, o escambo ainda existe, realizado como uma opção de socialização, situação em que determinado grupo se reúne para trocar mercadorias de baixo valor, como:
Ao longo da história brasileira, o escambo se mostrou uma modalidade importante e sua utilização mais simbólica se deu por meio da implantação da primeira atividade de exploração dos portugueses aqui: o comércio do pau-brasil.
No começo do século XVI, essa árvore existia em abundância no litoral brasileiro e foi vista com potencial de mercado por conta da resina que existia na madeira, que servia para a produção de corante. Nesse cenário, os portugueses realizaram uma operação de escambo com os índios: