Deodoro da Fonseca foi um militar e político que esteve presente em inúmeros acontecimentos importantes de nossa história. Foi também o primeiro presidente do Brasil.
Deodoro da Fonseca foi um militar e político brasileiro que ficou conhecido em nossa história como o primeiro presidente do Brasil, depois que nosso país se transformou em uma república. Ele governou entre 1889 e 1891, sendo reconhecido como um presidente autoritário e que renunciou ao posto depois de fechar o Congresso Nacional.
O marechal nasceu em uma família de grande tradição militar, ingressando nessa carreira ainda na sua juventude. Ao longo de sua carreira militar, esteve envolvido com acontecimentos importantes, como a Revolução Praieira, a Guerra do Paraguai, além de ter feito parte das ações que resultaram na Proclamação da República, no dia 15 de novembro de 1889.
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Manuel Deodoro da Fonseca nasceu na cidade de Alagoas da Lagoa Sul, que atualmente se chama Marechal Deodoro e está localizada no estado de Alagoas. Nasceu em 5 de agosto de 1827, oriundo de uma família de militares. Foi filho de Manuel Mendes da Fonseca Galvão e de Rosa Maria Paulina da Fonseca.
Seu pai teve uma longa carreira como militar, chegando a conquistar a patente de tenente-coronel. Além disso, ele era um político tradicional do Partido Conservador e vereador de sua cidade, além de ter sido juiz de paz e chefe de polícia. Em 1842, aposentou-se do Exército, decidindo se mudar para o Rio de Janeiro.
No dia 16 de abril de 1860, com 33 anos de idade na ocasião, Deodoro da Fonseca casou-se com Mariana Cecilia de Sousa Meirelles. Mariana Meirelles tinha 34 anos de idade, o que havia lhe rendido boatos muito negativos sobre ter ficado solteira até uma idade tão “avançada”. Mariana conheceu Deodoro quando ele se mudou para Cuiabá, cidade em que ela residia.
Deodoro da Fonseca e Mariana Meirelles não tiveram filhos ao longo de sua vida. Os relatos, no entanto, contam que eles mantinham uma relação muito próxima com seus sobrinhos. Entre estes estava Hermes da Fonseca, que também seria presidente do Brasil.
A morte de Deodoro da Fonseca aconteceu no dia 23 de agosto de 1892, na cidade do Rio de Janeiro. A saúde do presidente tinha se tornado um problema grave nos últimos anos de sua vida, resultando no seu falecimento quando ele tinha 65 anos de idade. Seu corpo foi sepultado na cidade do Rio de Janeiro e acompanhado de toda a honraria militar.
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Deodoro da Fonseca tinha dois irmãos que também seguiram a carreira militar, e ele mesmo iniciou sua trajetória se matriculando, em 1843, na Escola Militar do Rio de Janeiro. Em 1847, Deodoro da Fonseca finalizou o curso de artilharia, e, antes do fim desse curso, já tinha o posto de cadete.
Deodoro da Fonseca foi um dos grandes militares da história brasileira, envolvendo-se em eventos importantes. Em 1848, ele lutou na Revolução Praieira, sendo enviado com as forças do Exército Brasileiro, com o objetivo de reprimir a revolta conduzida pelos liberais na província de Pernambuco.
Entre 1848 e 1864, Deodoro da Fonseca foi enviado para diferentes partes do Brasil, conquistando promoções de patente dentro da hierarquia militar. Em 1864, ele foi enviado à região do Rio da Prata para reforçar as tropas brasileiras que estavam lá, pois as relações entre as nações platinas estavam cada vez mais tensas.
Em 1865, Deodoro da Fonseca foi enviado para o Uruguai, onde o Brasil conduzia uma intervenção militar por conflitos travados entre dois grupos políticos do país vizinho. Ele participou do cerco de Montevidéu, sendo depois realocado para lutar contra as tropas paraguaias no conflito que havia se iniciado em dezembro de 1864, a Guerra do Paraguai.
Esse conflito se iniciou quando o Paraguai deu início à invasão do Mato Grosso e quando sequestrou um navio brasileiro que navegava pelo Rio Paraguai. Ele mobilizou Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, país liderado pelo ditador Francisco Solano López. Ao longo dele, Deodoro da Fonseca atuou em batalhas nos territórios do Brasil, Argentina e Paraguai.
Ao final do conflito, o Paraguai foi derrotado e destruído, e Solano López foi morto em batalha. Deodoro da Fonseca, por sua vez, acumulou promoções de patentes e retornou ao Rio de Janeiro, chegando a então capital do Brasil em 14 de julho de 1870. Ele começou o conflito como capitão, passando pelas patentes de major, tenente-coronel, coronel.
Depois do conflito, ele foi promovido a brigadeiro, em 1874, e depois ainda foi promovido a marechal de campo, em 1887. Deodoro da Fonseca ocupou diversas posições de importância depois da Guerra do Paraguai. Ele foi nomeado para supervisionar instalações do Exército em diversas províncias brasileiras e chegou a ser presidente da província do Rio Grande do Sul.
Depois da Guerra do Paraguai, a reputação da monarquia no Brasil entrou em declínio e presenciou o avanço significativo do movimento republicano no país. A insatisfação com a monarquia atingia diversas camadas da sociedade brasileira e tinha causas diversas, mas um dos grupos mais insatisfeitos com a monarquia eram os militares.
Essa insatisfação deu origem a uma conspiração cujo objetivo era derrubar a monarquia no Brasil e proclamar a república. Em 1889, a conspiração dos republicanos estava acelerada, mas havia a necessidade de obter-se o apoio de uma figura muito importante nos meios militares: a do marechal Deodoro da Fonseca.
O marechal Deodoro da Fonseca era um monarquista convicto e amigo do imperador D. Pedro II, por isso, precisou ser convencido pelos membros da conspiração republicana a se juntar ao movimento. Os conspiradores convenceram o marechal por meio de uma informação falsa: a de que ele, Deodoro da Fonseca, seria preso pelo chefe do Gabinete.
O Gabinete Ministerial era ocupado pelo visconde de Ouro Preto, o alvo do marechal no dia 15 de novembro de 1889. Na ocasião, Deodoro da Fonseca liderou uma ação militar que resultou na prisão do visconde. O marechal, por sua vez, acreditou que haveria apenas uma troca no chefe do Gabinete.
Ele não esperava que sua ação fosse parte de uma grande conspiração que resultaria na Proclamação da República. Deodoro da Fonseca não proclamou a república, pois esse ato foi realizado pelo vereador José do Patrocínio na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O imperador não teve nenhuma reação, fazendo com que o movimento fosse concluído com sucesso.
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Depois da Proclamação da República, marechal Deodoro da Fonseca foi escolhido para ser presidente do Brasil em um Governo Provisório. O convite era para que ele ocupasse a posição de presidente até a promulgação de uma nova Constituição para o país.
Seu governo foi polêmico. Enquanto presidente, Deodoro da Fonseca ficou marcado pelo seu autoritarismo e sua pouca disposição em dialogar com o Congresso Nacional. Algumas das primeiras ações tomadas enquanto ele estava na presidência foram trocar todos os símbolos nacionais, como a Bandeira Nacional, e alterar topônimos. Essas mudanças se explicam porque o novo governo queria se livrar de qualquer símbolo que remetesse à monarquia.
Em 1891, foi promulgada a Constituição de 1891, a primeira do Brasil como uma nação republicana, trazendo inúmeras mudanças ao país, como a adoção do federalismo, a separação entre Estado e Igreja, o estabelecimento do sufrágio masculino, entre outros. O marechal também foi reeleito e se manteve na presidência para um governo constitucional que se estenderia até 1894. Para saber mais sobre o governo de Deodoro da Fonseca, clique aqui.
Ao longo de sua vida, o marechal Deodoro da Fonseca realizou inúmeros feitos, tanto na sua carreira militar quanto na sua carreira política. Entre os feitos do militar, estiveram:
O marechal Deodoro da Fonseca teve inúmeros problemas com o Legislativo, porque ele não aceitava governar com base na divisão dos Poderes, querendo impor suas decisões e não aceitando as interferências legais do Legislativo. Isso fez com que a relação entre as duas partes ficasse bem ruim.
Deodoro da Fonseca tomou diversas medidas autoritárias, e a pior delas foi a ordem para o fechamento do Congresso Nacional em novembro de 1891. Uma resistência civil e militar se estabeleceu contra a medida autoritária do presidente, e uma Revolta na Armada se iniciou e ameaçou atacar o Rio de Janeiro se o presidente não renunciasse.
Deodoro da Fonseca então decidiu pela sua renúncia no dia 23 de novembro de 1891. Ele foi sucedido pelo seu vice, o também marechal Floriano Peixoto.
Ao longo de sua vida, o marechal Deodoro da Fonseca recebeu diversas homenagens. Atualmente, existem dois memoriais em lembrança da sua vida:
Fontes
FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). Brasil republicano: o tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
LEMOS, Renato. Deodoro da Fonseca. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/FONSECA,%20Deodoro%20da.pdf
VIZEU, Rodrigo. Os presidentes: a história dos que mandaram e desmandaram no Brasil – de Deodoro a Bolsonaro. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2019.