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Chica da Silva

Chica da Silva foi uma das grandes personalidades do Brasil no período colonial e foi alvo de muitos estereótipos, principalmente no século XIX. Ela era uma filha de negra escrava e de um português branco que, vendida como escrava, conquistou sua liberdade e tornou-se uma das mulheres mais ricas de toda a colônia. Chica da Silva teve de lidar com o racismo ao longo de toda a sua vida e, até, hoje, algumas visões preconceituosas a respeito dela permanecem na cultura popular.

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Origens de Chica da Silva

Chica da Silva nasceu no Arraial do Milho Verde, localizado na atual cidade de Serro, interior de Minas Gerais. Não se sabe o ano certo de seu nascimento, mas sabe-se que foi em algum momento entre 1731 e 1735. Sua mãe era uma africana escravizada que se chamava Maria da Costa (o “Costa” indica a origem dela na África, a Costa da Mina).

O pai de Chica da Silva era um português chamado Antônio Caetano de Sá, que não a reconheceu como filha e a vendeu como escrava para um médico que morava em um arraial vizinho, o Arraial do Tijuco (atual cidade de Diamantina). O médico chamava-se Manuel Pires Sardinha, ele acabou engravidando-a, fazendo com que Chica desse à luz a seu primeiro filho, que foi registrado como Simão.

Como Chica da Silva enriqueceu?

O enriquecimento de Chica da Silva está diretamente relacionado com a chegada de João Fernandes de Oliveira, enviado a Diamantina como contratador de diamantes. João Fernandes comprou Chica da Silva de seu antigo dono por 800 mil-réis e, logo em seguida, foi alforriada (foi libertada da escravidão) pelo contratador.

Em Diamantina, Chica da Silva conheceu João Fernandes e lá conquistou sua liberdade e enriqueceu.

João Fernandes e Chica da Silva tiveram um relacionamento amoroso que se estendeu por quase duas décadas, mas é importante ressaltar que ambos nunca foram casados de acordo com legislação vigente naquela época. O enriquecimento de Chica aconteceu como consequência de ter tido um envolvimento romântico com um dos homens mais ricos do período colonial.

Ao longo dos quase vinte anos de relacionamento com o contratador de diamantes, Chica teve treze filhos e desfrutou de muita riqueza e certo prestígio social – conquistado mais pela influência de seu dinheiro. Isso porque, apesar de rica, Chica ainda teve de lidar com o racismo que existia no período colonial.

Chica da Silva procurou integrar-se nos círculos sociais de Diamantina e usou toda a influência que seu dinheiro poderia oferecer. Lembrando que o Brasil, naquele período, era extremamente racista, uma vez que a escravidão era pautada unicamente em questões raciais. Sendo assim, Chica da Silva enfrentou dificuldades para ser aceita. Ela conseguiu frequentar os círculos sociais mais importantes da época, mas os historiadores ainda dizem que havia limitações para sua aceitação.

A relação de Chica com o contratador de diamantes manteve-se até 1770 e foi interrompida pela decisão dele de voltar a Portugal para resolver questões de testamento por causa da morte do seu pai. João Fernandes, no entanto, deixou inúmeras posses para Chica da Silva em Diamantina. O contratador, permaneceu em Portugal até a sua morte, em 1776.

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Família de Chica da Silva

Como mencionamos, Chica da Silva teve treze filhos com João Fernandes. Desses treze, nove eram mulheres e quatro eram homens. Chica da Silva esteve diretamente ligada com a educação das nove filhas mulheres e elas estudaram nos melhores conventos da região de Diamantina – locais que aceitavam apenas a elite econômica. Já os quatro filhos homens foram levados para Portugal em 1770, quando o contratador resolveu voltar à sua terra natal.

Mitos sobre Chica da Silva

Chica da Silva foi alvo de inúmeros mitos, frutos de uma sociedade racista que procurou desqualificar o sucesso de uma mulher negra.

A imagem de Chica da Silva foi repetidamente difamada ao longo da história do Brasil – fruto de uma sociedade que não aceita a ascensão social dos negros. Esse racismo em torno de Chica da Silva buscou deslegitimar e desqualificar o sucesso dela e o fato de ter se tornado uma das mulheres mais ricas do Brasil.

O primeiro registro que se tem notícia acerca de Chica da Silva é do século XIX e foi escrito por um advogado chamado Joaquim Felício dos Santos. Esse relato é conhecido como “Memórias do Distrito Diamantino” e, nele, o autor procurou demonstrar Chica como uma mulher grosseira, lasciva e sem nenhum encanto. Ele procurou ressaltar que Chica não tinha nenhum atrativo que justificasse a paixão do contratador por ela.

É clara aqui a tentativa de Joaquim de desqualificar Chica e tudo que ela alcançou em sua vida. O que muitos, ao longo da história brasileira, não conseguiram reconhecer é que Chica da Silva ascendeu socialmente por méritos próprios e que, longe de todas as críticas que fizeram, ela foi uma mulher comum à sua época e, por isso, buscou ser religiosa e dar boa educação a todos os seus filhos. Ela também foi uma mulher de muitas posses, pois teve muitas propriedades e foi dona de muitos escravos.

Morte de Chica da Silva

Chica da Silva acabou falecendo em 15 de fevereiro de 1796 e as causas de sua morte ainda são desconhecidas. Ela foi enterrada em uma tumba na Igreja de São Francisco de Assis, em Diamantina. Isso demonstra o alcance de sua riqueza, pois um enterro nessa igreja era algo que somente pessoas riquíssimas conseguiriam naquela época.

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Representação de Chica da Silva na cultura popular

Muitos conhecem a personagem histórica Chica da Silva por conta de suas representações na cultura popular, em destaque no cinema e na televisão. Essas representações popularizaram a personagem, mas também reforçaram uma série de estereótipos sobre ela. Na cultura popular, Chica da Silva foi retratada em um filme de 1976 e uma novela de 1996. Ambas produções chamavam-se “Xica da Silva”.

Por Daniel Neves Silva

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