O desmatamento no Brasil é um problema ambiental que se perpetua desde a colonização e afeta principalmente biomas como a Mata Atlântica, a Amazônia e o Cerrado.
O desmatamento no Brasil é um dos principais problemas ambientais do país e também um dos que persistem por mais tempo. Não obstante muitos biomas registraram queda na remoção da cobertura vegetal entre 2023 e 2024, essa prática é cumulativa e afeta todos eles, mas principalmente Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
As causas para o desmatamento no país são a expansão dos cultivos agrícolas, sobretudo de commodities como a soja, e de pastagem, além da ampliação das áreas urbanizadas. Entre as consequências do desmatamento estão a perda de biodiversidade, alterações no microclima, maior exposição e fragilização do solo e até mesmo contribuição para o aquecimento global. Ampliar a fiscalização e promover práticas sustentáveis são medidas que podem ajudar a diminuir esse problema. A solução, entretanto, depende da cooperação entre Estado e agentes econômicos, principalmente, e também da sociedade brasileira.
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O desmatamento no Brasil é o principal problema ambiental do país. A remoção de cobertura vegetal nativa atinge todos os biomas no país, mas é ainda mais intensa e preocupante em três deles:
Considerando os dados até o ano de 2024, percebemos uma queda no desmatamento em todos os biomas acima, mas principalmente na Amazônia. Parte dessa melhora é devida à intensificação da fiscalização e da aplicação de multas e penas aos indivíduos que cometem crimes contra o meio ambiente. No entanto, o desmatamento é um fenômeno cumulativo que já afetou extensas áreas nesses biomas, e o fato de ainda serem removidas áreas que são do tamanho de municípios apenas piora o seu quadro de degradação, a exemplo da Mata Atlântica.
Um bioma que tem despertado cada vez mais preocupação dos pesquisadores atualmente é a Caatinga. Na contramão dos demais, a Caatinga registou aumento expressivo no desmatamento nos últimos anos. Como sendo um ambiente frágil por estar sujeito a longos períodos de seca, a ampliação de áreas desmatadas na Caatinga pode resultar no que chamamos de desertificação, caso nenhuma medida de proteção e recuperação seja tomada.
Os principais dados do desmatamento no Brasil são coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe. A seguir, apresentamos um compilado das principais informações fornecidas que nos auxiliam a compreender a situação do desmatamento no país em cada um de seus biomas.
Considerando a história da colonização brasileira, podemos apontar o desmatamento como o primeiro problema ambiental de larga escala que se instalou no país. Desde então, a remoção da cobertura vegetal nativa tem mantido um padrão muito semelhante no que diz respeito às suas motivações, as quais estão diretamente relacionadas com as atividades econômicas desenvolvidas no Brasil e ao processo de ocupação e expansão das áreas urbanizadas.
Levando isso em consideração, apontamos como principais causas do desmatamento no Brasil:
O desmatamento no Brasil afeta diretamente o equilíbrio do meio ambiente e transforma a vida nos ecossistemas mais atingidos pela degradação. Além da remoção da vegetação nativa, uma parte da fauna perde o seu habitat e pode encontrar dificuldade para se realocar. Assim sendo, tem-se a diminuição da biodiversidade. Esse problema também interfere na qualidade e na disponibilidade dos recursos naturais, muitos dos quais são extraídos de forma intensiva e sem práticas sustentáveis que visam a sua preservação, o que reflete nas atividades cotidianas da população e na economia nacional.
O clima regional é afetado. Com a retirada da vegetação, a umidade que é transportada para o ar diminui, o que afeta os índices de chuva. É o caso dos rios voadores da Amazônia, como ficou conhecido o aporte de umidade que deixa a floresta e desce para outras regiões do Brasil, provocando chuvas. Com a retirada da vegetação, esse fenômeno é diretamente impactado. Os solos se tornam mais suscetíveis aos processos erosivos, e a sua longa exposição pode ocasionar problemas como a lixiviação, a arenização e a desertificação. Nota-se como esses impactos podem prejudicar diretamente a produção agrícola, diminuindo a oferta de alimentos e aumentando o preço daqueles disponíveis no mercado.
Para além disso, as consequências do desmatamento acabam atingindo escala global, em especial o clima. Práticas como a das queimadas, por si só, liberam grandes volumes de gases poluentes na atmosfera, contribuindo, assim, para o aquecimento global. Soma-se a isso o fato de a vegetação, sobretudo as florestas, serem depósitos de dióxido de carbono (CO2). Uma vez que acontece a sua remoção, esse gás é liberado na atmosfera e amplifica o efeito estufa.
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Solucionar o desmatamento no Brasil depende da cooperação entre os segmentos da sociedade, principalmente entre o Estado e os agentes econômicos. A elaboração de políticas públicas que visem à redução dessa prática danosa ao meio ambiente brasileiro não é suficiente se, junto dela, não vier um plano robusto de ação e de fiscalização tanto nas áreas em que o desmatamento já é recorrente, como na fronteira agrícola, quanto em áreas protegidas por lei em que as alterações ambientais promovem impactos irreversíveis no meio. Aliás, a ampliação das unidades de conservação e a demarcação de terras indígenas auxiliam igualmente na preservação da vegetação nativa.
É preciso implementar penas mais duras para empresas e agentes que promovem o desmatamento. Da mesma forma, faz-se necessário o incentivo de modelos de produção agrícola e industrial sustentáveis, que têm como objetivo se utilizar dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, preservá-lo para as gerações futuras, sem causar danos para a biodiversidade e para o equilíbrio ambiental. Recompensas para empresas que implementarem tais projetos, associadas a metas de redução do desmatamento, também podem ser uma alternativa viável para conter o avanço desse problema, sobretudo naqueles biomas mais devastados como a Mata Atlântica.
A conscientização da população, evidenciando a dimensão do problema do desmatamento e como ele pode afetar a sua vida cotidiana, auxilia a difundir a importância da preservação dos biomas brasileiros e a diminuir o desmatamento e a degradação dos ecossistemas no país.
O governo federal desenvolveu mecanismos legais e normativos para a defesa do meio ambiente no Brasil, o que inclui a diminuição e prevenção do desmatamento. Um deles data de meados do século XX e passou por atualização no ano de 2012, que é o Código Florestal Brasileiro. A partir dos anos 2000, a legislação incorporou o conceito de unidades de conservação, criando assim o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) como uma maneira de preservar áreas que são importantes para o equilíbrio ecológico do território brasileiro.
Além desses, existem também projetos como o Programa de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas no Brasil, implementado a partir de um programa bem-sucedido semelhante que foi executado na Amazônia (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, ou PPCDAm). A destinação de florestas públicas e a ampliação da parceria entre o governo federal com os estados e, principalmente, os municípios no monitoramento do desmatamento, na gestão das terras no meio rural e no incentivo à agricultura familiar e ao desenvolvimento de práticas sustentáveis no campo são, também, ações que têm como objetivo diminuir o desmatamento no país.
Questão 1
(Encceja)
Na área da Floresta Amazônica, as ocupações são feitas sem respaldo econômico sustentável e, quase sempre, por meio de grilagem ou de títulos concedidos pelo Incra. E, depois da Constituição de 1988, os índios passaram a ser donos de 13% do território nacional, inclusive regiões de jazidas minerais e grandes áreas de florestas nativas. Está criado o cenário de disputas que levam à violência e à degradação ambiental.
FERNANDES, B. M. et al (Org.). Geografia agrária: teoria e poder. São Paulo: Expansão Popular, 2007 (adaptado).
Vários especialistas e organizações ambientalistas têm denunciado a continuidade do processo de desmatamento e degradação dos ecossistemas amazônicos, apontando como principais motivos o(a):
A) crescimento da população indígena e ribeirinha e o das migrações internas no país.
B) expansão da agropecuária extensiva e da soja, além da extração ilegal da madeira.
C) criação de polos industriais e de projetos de infraestrutura urbana nessa região.
D) extração da borracha em escala industrial e as roças itinerantes de subsistência das famílias.
Resolução:
Alternativa B.
A expansão da fronteira agropecuária, com a produção de commodities agrícolas, e a ampliação das áreas de extração madeireira e de minerais são as principais causas para o desmatamento e a degradação da Floresta Amazônica.
Questão 2
(IF Sudeste de Minas) Analise a tirinha a seguir para responder à questão.
Disponível em: http://interagindocomaecologia.blogspot.com/2010/06/desmatamento.html. Acesso em: 03 set. 2019.
Com o crescente aumento do desmatamento, principalmente na Floresta Amazônica, todas as alternativas a seguir podem ser consequências diretas deste processo, EXCETO:
A) Erosão do solo.
B) Aumento do efeito estufa.
C) Elevação das temperaturas.
D) Redução da biodiversidade
E) Aumento da camada de ozônio.
Resolução:
Alternativa E.
O desmatamento da Amazônia não contribui para o aumento da camada de ozônio, mas sim para a degradação devido à liberação de gases poluentes como o CO2, que ajudam a ampliar o buraco nessa importante parte da nossa atmosfera.
Fontes
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA NO CLIMA. Prevenção e Controle do Desmatamento. MMA, [s.d.]. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/controle-ao-desmatamento-queimadas-e-ordenamento-ambiental-territorial.
PEIXOTO, Roberto. Inpe: alertas de desmatamento na Amazônia alcançam menor valor histórico para fevereiro. G1, 12 mar. 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2025/03/12/inpe-alertas-de-desmatamento-na-amazonia-alcancam-menor-valor-historico-para-fevereiro.ghtml.
PEIXOTO, Roberto. Mais de 90% do desmatamento da Amazônia é para abertura de pastagem, diz MapBiomas. G1, 03 out. 2010. Disponível em: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/10/03/mais-de-90percent-do-desmatamento-da-amazonia-e-para-abertura-de-pastagem-diz-mapbiomas.ghtml.
Terrabrasilis – Plataforma de dados geográficos. Disponível em: https://terrabrasilis.dpi.inpe.br/.