Superbactérias ou bactérias multirresistentes é o nome dado às bactérias que são resistentes a vários antibióticos, fato que dificulta o tratamento de infecções.
As superbactérias ou bactérias multirresistentes são as bactérias que possuem resistência a vários antibióticos, fato que dificulta o tratamento das infecções causadas por elas. Essas bactérias têm se tornado cada dia mais comuns em ambientes hospitalares, entretanto, também são encontradas na comunidade. Diante disso, as superbactérias são um dos principais problemas de saúde mundial na atualidade.
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O surgimento das superbactérias pode ser explicado pela Teoria da Seleção Natural na evolução das espécies, de Charles Darwin. Segundo a teoria, as bactérias de uma mesma população apresentam algumas diferenças que permitem que alguns indivíduos estejam mais adaptados àquele ambiente, assim, esses indivíduos podem aproveitar melhor os recursos daquele lugar, o que oferece maiores possibilidades de sobrevivência e reprodução dessas bactérias. O surgimento dessa variabilidade ocorre geralmente por mutações.
Em relação às superbactérias, alguns fatores podem contribuir para que as “mais adaptadas” sobrevivam. Um exemplo é o uso de antibióticos de forma errônea, como parar sua administração assim que os sintomas da infecção melhoram. Se o paciente para a administração do medicamento antes do período estipulado pelo médico, as bactérias menos resistentes àquele antibiótico podem ter morrido, entretanto, ainda podem estar presentes bactérias com características resistentes a ele.
Assim, com o fim da administração do medicamento, essas bactérias continuam a se reproduzir, originando uma população de bactérias resistentes. Essas bactérias podem dar origem a uma nova infecção, mas, dessa vez, mais difícil de ser tratada, necessitando, muitas vezes, de um antibiótico diferente, mais potente, ou até mesmo combinado para eliminar essas novas bactérias.
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Alguns fatores podem contribuir para o surgimento das superbactérias, entre eles, podemos destacar:
Automedicação;
Uso de antibióticos para tratar doenças que não são infecções bacterianas;
Uso de antibiótico que não é indicado para o tipo de bactéria que está causando a infecção;
Uso do medicamento por um período maior ou menor que o recomendado pelo médico;
Uso inadequado de antibióticos na área veterinária;
Ineficácia no controle de infecções nos serviços de saúde, entre outros.
A presença das superbactérias em ambientes hospitalares tem sido a causa da alta prevalência de mortes por infecção hospitalar.
Para prevenir o surgimento das superbactérias, a Organização Mundial de Saúde lançou Plano de Ação Global em Resistência aos Antimicrobianos. Nesse plano, contém recomendações para diferentes setores da sociedade atuarem juntos na prevenção. A seguir, citaremos algumas dessas medidas, além de formas para se evitar o contágio por superbactérias.
Para os pacientes, destaca-se a importância de não se automedicar e utilizar o antibiótico seguindo as orientações médicas tanto para a dosagem, tempo de tratamento, quanto para a conservação do mesmo; medidas básicas de higiene, como lavar as mãos, previnem tanto a contaminação quanto a transmissão de bactérias; manter as vacinas em dias, entre outras.
Já para os profissionais de saúde, é essencial que busquem realizar o diagnóstico de forma mais adequada para que a prescrição do medicamento ocorra de forma correta; manter um cuidado com higiene pessoal e também com instrumentos e local de trabalho; orientar os pacientes sobre o uso correto do antibiótico, importância das medidas de higiene e da vacinação; relatar os casos de resistência bacteriana à comissão de controle de infecção hospitalar, entre outras.
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Os sintomas das infecções causadas por superbactérias vão variar segundo o tipo de bactéria que está causando a infecção. O tratamento deverá ser realizado em ambiente hospitalar e com a utilização de antibióticos, entretanto, a dificuldade do tratamento encontra-se no fato de buscar um antibiótico ao qual a bactéria que está causando a infecção não seja resistente. Em alguns casos, pode não ser existir tratamento.
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Klebsiella pneumoniae é uma das principais causadoras de infecções sanguíneas em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva.
É crescente o surgimento de casos de resistência bacteriana em hospitais. Acredita-se que isso esteja ligado, principalmente, ao uso inadequado de antibióticos. A presença das superbactérias em ambientes hospitalares tem sido a causa da alta prevalência de mortes por infecção hospitalar.
Entre as superbactérias encontradas no Brasil, podemos destacar a Klebsiella pneumoniae (KCP). Essa bactéria é uma das principais causadoras de infecções sanguíneas em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Essa bactéria produz uma enzima denominada de carbapenemaze, que inibe a ação de antibióticos bastante eficazes, reduzindo, assim, as opções terapêuticas contra a infecção causada por elas.
É essencial que os profissionais de saúde fiquem atentos em relação ao uso indiscriminado de antibióticos no ambiente hospitalar, além de medidas de higiene para que esse tipo de infecção não ocorra mais. A Anvisa lançou, no ano de 2017, o Plano Nacional para a Prevenção e o Controle da Resistência Microbiana nos Serviços de Saúde com o objetivo de contribuir para o uso racional de antibióticos.
É importante destacar aqui, que o Brasil apresenta legislação e regimento para o controle do uso de antibióticos. Assim, é importante ressaltar: a venda de antibióticos sem receita médica é proibida no Brasil.