José de Alencar
Leia a biografia de José de Alencar e conheça mais sobre a vida e as obras desse renomado escritor do Romantismo brasileiro.
Filho do Senador José Martiniano e Ana Josefina de Alencar, José Martiniano de Alencar, mais conhecido como José de Alencar, nasceu no município de Mecejana, estado do Ceará, no dia 1º de maio de 1829.
Em virtude da ocupação de seu pai, José de Alencar passou boa parte da infância na cidade do Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos primários e, em 1846, mudou-se para a cidade de São Paulo para ingressar no curso de Direito, concluído quatro anos mais tarde.
Iniciação literária
Alencar ingressou na carreira literária como folhetinista do jornal “Correio Mercantil”, em São Paulo, publicando textos em uma seção intitulada de “Ao correr da pena”, na qual eram abordados temas relacionados com literatura, política, eventos sociais, teatro etc.
Durante o período em que esteve no “Correio Mercantil”, José de Alencar e outros estudantes do Largo de São Francisco, como Álvares de Azevedo, Bernardo Guimarães e José Bonifácio, criaram uma revista intitulada de “Ensaios literários”.
Após ter um de seus artigos censurado, José de Alencar desligou-se do “Correio Mercantil” e fundou o “Diário do Rio de Janeiro” com seus amigos. Nesse periódico, Alencar publicou uma sequência de folhetins intitulada de “Cinco minutos”, a qual, em 1856, deu origem ao romance “A Viuvinha”.
Em 20 de junho de 1864, aos 35 anos, José de Alencar casou-se com Georgiana Cochrane (1846-1913) e com ela teve seu único filho, Mário de Alencar.
Participação política
José de Alencar tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça em 1859 e, no ano seguinte, ingressou na política pelo Partido Conservador (Brasil Império) como Deputado Estadual do estado do Ceará. Entre os anos de 1868 a 1870, ocupou o cargo de Ministro da Justiça.
Perfil literário do autor
Grande parte das obras de José de Alencar retrata cenas da vida burguesa na Corte, a valorização do “ter” em detrimento do “ser”, as consequências de nossas escolhas, as nossas motivações etc.
A partir da leitura de obras como “A Viuvinha” (1860), “Lucíola” (1862), “Diva” (1864), “Senhora” (1875), “A Pata da Gazela” (1870) e “Sonhos d’Ouro” (1720), é possível perceber as críticas sociais suscitadas pelo autor a partir do comportamento, muitas vezes condenável, de algumas personagens. Essas obras deram contornos ao que chamamos de romance urbano, ou romance de costumes, e ao autor o título de um dos maiores mestres da prosa romântica da literatura brasileira.
Uma característica bastante relevante de Alencar é utilizar a literatura como meio de denunciar/criticar os costumes da elite abastada e outras mazelas que acometiam os indivíduos de quaisquer classes sociais. Outra característica é a preferência do autor pela prosa detalhada a respeito das relações humanas. Os comportamentos da burguesia conduzem o leitor a um olhar mais analítico, crítico e reflexivo sobre a sociedade brasileira do final do século XIX.
Embora a idealização romântica seja uma marca das suas obras, o autor examina a sociedade de modo detalhado e critica valores “condenáveis”, como o casamento por interesse, tema do romance “Senhora”.
Como grande parte dos romances românticos, os dramas de amor são vivenciados pelos protagonistas, que passam por encontros, desencontros e provações até que, finalmente, conseguem ser “felizes para sempre”. De maneira geral, os heróis e heroínas criados por José de Alencar surgem na literatura brasileira bastante humanizados e como vítimas das pressões econômicas e sociais.
Perfis femininos das obras de Alencar
As figuras femininas são bastante fortes nos romances de José de Alencar. São mulheres com ideais românticos, mas que têm dentro de si a força para serem donas de seu próprio destino.
Romances indianistas
A partir de seus romances indianistas, é possível destacar o nacionalismo do autor, o qual abordou a figura do índio como representante da nossa gente e herói nacional no centro da arte literária brasileira. O nacionalismo do autor pode ser observado na sua admiração às tradições indígenas, retratadas em diversas cenas de suas obras indianistas, como “O Guarani”, (1870), “Ubirajara” (1874) e “Iracema” (1875).
José de Alencar foi um dos poucos escritores brasileiros (de sua época ou não) a ser consagrado ainda em vida. O escritor faleceu em 1877 por complicações de tuberculose e encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.
Principais obras do autor
Romances urbanos: Cinco Minutos (1860); A Viuvinha (1860); Lucíola (1862); Diva (1864); A Pata da Gazela (1870); Sonhos d’ouro (1720); Senhora (1875); Encarnação (1877).
Romances históricos e indianistas: O Guarani (1870); Iracema (1875); As Minas de Prata (1865); Alfarrábios (1873); A Guerra dos Mascates (1873); Ubirajara (1874).
Romances regionalistas: O Gaúcho (1870); O Tronco do Ipê (1871); Til (1872); O Sertanejo (1876).
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Por Ma. Luciana Kuchenbecker Araújo