História

Vida de Olga Benário Prestes

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Foto de Olga Benário por volta de 1924 *

Olga Benário Prestes foi uma revolucionária alemã que se tornou conhecida no Brasil ao se casar com Luiz Carlos Prestes e supostamente se envolver na organização da Intentona Comunista. Olga combateu o crescimento do fascismo na Europa, foi presa no Brasil e deportada para a Alemanha em 1936. Lá ficou presa até 1942, quando foi morta nas câmaras de gás utilizadas pelos nazistas durante o Holocausto.

Juventude de Olga Benário

Olga Benário nasceu em 12 de fevereiro de 1908, na cidade de Munique, Alemanha. Filha de Leo Benário e Eugenie Benário, Olga era de uma família rica. Ao completar 16 anos, mudou-se para Berlim porque pretendia militar pelo Partido Comunista alemão. Fernando Morais afirma que, após poucos meses em Berlim, Olga já era a secretária de Agitação e Propaganda da base operária do Partido Comunista em Neukölln |1|.

A atuação de Olga e do Partido Comunista na década de 1920 foi principalmente no combate ao crescimento das milícias de extrema-direita na Alemanha. Em 1928, Olga fugiu da Alemanha após participar do resgate de seu namorado, Otto Braun, da prisão de Moabit. Por essa razão, foi condenada por alta traição à pátria e exilou-se em Moscou, na União Soviética.

Na União Soviética, Olga entrou para a Juventude Comunista e lá recebeu treinamento militar e político de acordo com os princípios do comunismo soviético. Em Moscou, Olga conheceu Luiz Carlos Prestes, que havia se tornado uma figura importante no Brasil ao liderar a Coluna Prestes - milícia que marchou pelo interior do Brasil lutando contra as tropas do presidente Artur Bernardes e denunciando a extrema pobreza do povo brasileiro.

Missão de Olga no Brasil

Em 1934, Olga Benário recebeu a missão de um dirigente da Internacional Comunista de garantir a segurança de Luiz Carlos Prestes em seu retorno ao Brasil. A Internacional Comunista era um movimento interno do comunismo soviético que determinava as diretrizes para a expansão do comunismo a nível internacional.

O retorno de Luiz Carlos Prestes ao Brasil era considerado estratégico no combate do crescimento do fascismo no país. A extrema-direita estava registrando um crescimento muito grande no Brasil a partir da atuação da Ação Integralista Brasileira (AIB). A AIB era um grupo de extrema-direita que se inspirava no modelo fascista italiano.

Além disso, muitos historiadores afirmam que Prestes havia sido mandado ao Brasil para colocar em prática planos de tomada do poder a partir de uma insurreição comunista. A biógrafa dele, Anita Leocádia Prestes, historiadora e filha do revolucionário, no entanto, nega que Prestes tivesse vindo ao Brasil com ideias de organizar uma insurreição comunista.

A vinda de Prestes ao Brasil seria realizada de maneira clandestina, pois ele era procurado desde quando desertou do exército. A recepção de Prestes foi realizada pela Aliança Nacional Libertadora (ALN), frente esquerdista que atuava diretamente no combate ao crescimento da extrema-direita no Brasil.

Durante a viagem ao Brasil, Olga e Luiz Carlos Prestes casaram-se. Uma vez no Brasil, Prestes atuou como membro do Partido Comunista do Brasil e da Aliança Nacional Libertadora e organizou uma insurreição contra o governo de Getúlio Vargas na Intentona Comunista, em 1935. Foram organizados levantes do exército em Natal, Recife e Rio de Janeiro. O movimento, no entanto, foi um fracasso, e Olga e Prestes foram presos em 1936.

Deportação e morte de Olga

Ao ser presa, Olga anunciou sua gravidez. Como não houve cooperação de Olga durante os inquéritos, ela foi deportada para a Alemanha, em 1936, a bordo do navio La Coruña. O tratamento de Olga na Alemanha Nazista foi o pior possível, pois, além de comunista, era judia. Foi recebida pela Gestapo em 1936 e logo encaminhada para a prisão de Barnimstraße, em Berlim. Nessa prisão, nasceu a filha de Olga, Anita Leocádia Prestes.

Uma atuação internacional forçou o governo nazista a entregar a filha de Olga para a família de Prestes. Quem recebeu a criança foi a mãe de Luiz Carlos Prestes, Leocádia Prestes. Anita passou parte da sua infância no México, e Olga continuou presa, pois o governo alemão recusou-se a libertá-la.

A partir de então, Olga foi enviada para diferentes locais: primeiro para o campo de concentração de Lichtenburg; depois para Ravensbrück e, por fim, foi instalada em Bernbug. Em Bernbug, Olga foi morta na câmara de gás no ano de 1942. Prestes e a família só receberam a confirmação da morte de Olga após o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945.

|1| MORAIS, Fernando. Olga. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 35.

*Créditos da imagem: Commons


Por Daniel Neves
Graduado em História

Por Daniel Neves Silva

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