História

Mercantilismo

O mercantilismo é uma prática econômica que tem como principais objetivos a acumulação de riquezas, especialmente de metais preciosos, e o fortalecimento do poder do Estado.

O comércio marítimo foi uma prática mercantilista das nações europeias.[1]

O mercantilismo foi uma doutrina econômica predominante na Europa entre os séculos XVI e XVIII que visava à acumulação de riquezas, especialmente metais preciosos, e fortalecimento do poder estatal. Suas principais características são a busca por uma balança comercial favorável, intervenção estatal na economia, colonialismo, protecionismo e ênfase na supremacia nacional.

O mercantilismo passou por duas fases distintas: a comercial, focada na acumulação de metais preciosos, e a industrial, voltada para o desenvolvimento interno e autossuficiência econômica. Diferentes nações adotaram abordagens específicas, como o mercantilismo espanhol, centrado na extração colonial de metais preciosos, e o mercantilismo inglês, caracterizado pelo desenvolvimento industrial e controle marítimo.

No Brasil colonial, o mercantilismo influenciou a exploração de recursos como o pau-brasil, a produção açucareira e a corrida do ouro, perpetuando o monopólio colonial. Globalmente, o mercantilismo estendeu-se às potências coloniais, influenciando o comércio triangular e as relações econômicas entre Europa, África e América.

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Resumo sobre o mercantilismo

  • O mercantilismo é uma doutrina econômica que vigorou na Europa entre os séculos XVI e XVIII.
  • As características centrais do mercantilismo são: a busca por uma balança comercial favorável, a acumulação de metais preciosos, a intervenção estatal na economia, o colonialismo, o protecionismo e a ênfase na supremacia nacional.
  • O mercantilismo comercial destacava a importância da balança comercial e a acumulação de metais preciosos.
  • O mercantilismo industrial direcionou o foco para o desenvolvimento da produção interna e a autossuficiência econômica.
  • O mercantilismo estendeu-se globalmente, influenciando as potências coloniais na exploração de recursos em suas colônias.
  • As consequências do mercantilismo foram: desigualdades econômicas, conflitos e guerras motivadas por interesses econômicos e a perpetuação de práticas coloniais.

Videoaula sobre mercantilismo

O que é o mercantilismo?

O mercantilismo foi uma doutrina econômica que prevaleceu na Europa entre os séculos XVI e XVIII, moldando as políticas econômicas de diversas nações durante esse período. Originado em um contexto de transição da Idade Média para a Idade Moderna, o mercantilismo buscava estabelecer uma base sólida para o poderio econômico e militar dos Estados, enfatizando a acumulação de riquezas, especialmente ouro e prata.

Qual é a origem do mercantilismo?

O surgimento do mercantilismo está intrinsecamente ligado às transformações sociais, políticas e econômicas que ocorreram na Europa renascentista. Com o declínio do feudalismo, as cidades começaram a se expandir, surgindo uma nova classe social, a burguesia, que almejava o desenvolvimento do comércio e a acumulação de capital. Nesse contexto, teóricos como Jean Bodin e Thomas Mun começaram a formular as bases do pensamento mercantilista.

Retrato de Jean Bodin, um dos teóricos do mercantilismo.

Principais características do mercantilismo

De forma geral, as principais características do mercantilismo são:

  • Balança comercial favorável: o mercantilismo preconizava a importância de manter uma balança comercial positiva, ou seja, exportar mais do que importar. Isso visava à acumulação de metais preciosos, especialmente ouro e prata, que eram considerados a base da riqueza nacional.
  • Intervenção estatal na economia: o Estado desempenhava um papel ativo na economia, buscando regular e controlar as atividades comerciais. Práticas como subsídios, tarifas e monopólios eram comuns para proteger as indústrias locais e garantir a supremacia econômica.
  • Acumulação de metais preciosos (teoria do metalismo): a busca por metais preciosos, como ouro e prata, era uma das principais metas do mercantilismo. Acreditava-se que a quantidade de metais preciosos detidos por uma nação refletia sua riqueza e poder. Essa visão foi criticada posteriormente por economistas como David Hume, que argumentaram que a riqueza de uma nação não está apenas na quantidade de ouro e prata que ela possui.
  • Colonialismo, exploração de recursos e mercados consumidores: as potências europeias buscavam expandir seus impérios coloniais para explorar os recursos naturais das colônias. Isso incluía a extração de matérias-primas e a implementação de monopólios comerciais. A expansão colonial era vista como essencial para garantir fontes de matérias-primas, mercados consumidores e áreas de investimento. As colônias eram exploradas para fornecer recursos e riquezas à metrópole.
  • Protecionismo e monopólio colonial: práticas protecionistas, como tarifas e barreiras comerciais, eram adotadas para favorecer a produção interna. Além disso, o estabelecimento de monopólios coloniais garantia o controle exclusivo sobre certos mercados e recursos.
  • Desenvolvimento do sistema monetário: o mercantilismo contribuiu para o desenvolvimento do sistema monetário, uma vez que a acumulação de metais preciosos exigia uma moeda forte. Isso teve implicações na formação dos sistemas financeiros e bancários das nações mercantilistas.
  • Conflitos e guerras motivadas por interesses econômicos: a competição por recursos, mercados e hegemonia econômica frequentemente levava a conflitos e guerras entre as nações mercantilistas.

Veja também: Renascimento comercial e urbano e as transformações durante a Idade Média

Fases do mercantilismo

O mercantilismo passou por diferentes fases ao longo do tempo, adaptando-se às mudanças nas condições econômicas e políticas. Inicialmente, destacou-se o mercantilismo comercial, concentrado na balança comercial e na acumulação de metais preciosos. Posteriormente, o mercantilismo industrial ganhou destaque, enfatizando o desenvolvimento da produção interna e a busca pela autossuficiência econômica.

De forma geral, pode-se organizar as fases do mercantilismo da seguinte maneira:

Fases do mercantilismo

Época

Principais características

Mercantilismo comercial

Séculos XVI e XVII

  • Ênfase na balança comercial favorável.
  • Acumulação de metais preciosos, especialmente ouro e prata.
  • Intervenção estatal na economia para regular o comércio e garantir vantagens competitivas.
  • Colonialismo e exploração de recursos nas colônias.
  • Protecionismo por meio de tarifas e barreiras comerciais.

Mercantilismo industrial

Séculos XVII e XVIII

  • Transição do foco na acumulação de metais preciosos para o desenvolvimento da produção interna.
  • Busca pela autossuficiência econômica e diversificação industrial.
  • Aumento do papel do Estado na promoção da indústria e na regulação das atividades econômicas.
  • Expansão do comércio marítimo e fortalecimento das frotas navais para garantir o controle de rotas comerciais.

Declínio do mercantilismo

Final do século XVIII

  • Mudanças nas condições econômicas e sociais, incluindo a Revolução Industrial.
  • Crescente crítica às práticas mercantilistas por economistas como Adam Smith.
  • Transição para novas teorias econômicas, como o liberalismo econômico e o laissez-faire.
  • Evolução das estruturas econômicas em direção a modelos mais descentralizados e voltados para o livre mercado.

 Tipos de mercantilismo e suas características

Dentro do mercantilismo, é possível identificar diferentes abordagens adotadas por diversas nações europeias.

→ Características do mercantilismo espanhol

  • Ênfase na exploração das colônias americanas, especialmente para a extração de metais preciosos, como ouro e prata.
  • Forte intervenção estatal na administração colonial para garantir o monopólio e o controle sobre os recursos.

→ Características do mercantilismo inglês

  • Desenvolvimento da indústria e do comércio marítimo como pilares fundamentais.
  • Busca pela supremacia naval e controle das rotas comerciais.
  • Políticas voltadas para a acumulação de capital por meio do comércio e da produção.

→ Características do mercantilismo francês

  • Ênfase na expansão colonial para garantir fontes de matérias-primas e mercados consumidores.
  • Desenvolvimento de políticas mercantilistas para promover a manufatura e proteger a indústria nacional.

→ Características do mercantilismo holandês

  • Destaque para a atividade comercial e marítima, com uma poderosa frota mercante.
  • Desenvolvimento de instituições financeiras e bancárias inovadoras.

→ Características do mercantilismo português

  • Exploração de colônias, especialmente no Brasil, com foco na produção de açúcar e extração de recursos naturais.
  • Participação ativa no comércio global, buscando estabelecer rotas comerciais.

Mercantilismo no Brasil

A exploração do ouro e de outros recursos naturais no Brasil foi uma influência do mercantilismo europeu.[2]

O Brasil, como colônia portuguesa, foi influenciado pelo mercantilismo europeu. A exploração do pau-brasil, o desenvolvimento da produção açucareira e, posteriormente, a corrida do ouro foram aspectos marcantes dessa influência. O monopólio colonial, que visava garantir o controle sobre as atividades econômicas, era uma prática comum, refletindo a lógica mercantilista.

Mercantilismo no mundo

O mercantilismo estendeu-se para além das fronteiras europeias, influenciando diversas regiões do mundo. As potências coloniais exploraram os recursos das colônias de acordo com os princípios mercantilistas, levando à transferência de riquezas e ao enriquecimento das metrópoles. O comércio triangular, envolvendo Europa, África e América, exemplifica essa dinâmica.

Quais são as consequências do mercantilismo?

O mercantilismo deixou um legado significativo, moldando as bases do sistema econômico e político de muitas nações. A busca incessante por metais preciosos resultou em conflitos e guerras, como a Guerra dos Trinta Anos, que teve motivações econômicas ligadas aos princípios mercantilistas.

Além disso, as práticas protecionistas e o monopólio colonial tiveram impactos duradouros, criando desigualdades econômicas e sociais. A dependência das colônias, a busca por mercados consumidores e a exploração de recursos naturais foram características que se perpetuaram ao longo dos séculos, influenciando as relações econômicas globais.

Saiba mais: Capitalismo — sistema econômico que se consolidou durante a Primeira Revolução Industrial

Exercícios resolvidos sobre mercantilismo

1. Durante o período em que o mercantilismo prevaleceu na Europa, uma das principais características era a busca por uma balança comercial favorável. Considerando esse contexto, qual era o objetivo primário dessa busca?

A) Acumular conhecimento cultural.

B) Promover a igualdade social.

C) Enfatizar a autonomia política.

D) Garantir a supremacia econômica.

E) Preservar valores religiosos.

Resposta Correta: letra D. No contexto do mercantilismo, a busca por uma balança comercial favorável tinha como objetivo garantir a supremacia econômica das nações, acumulando riquezas, especialmente metais preciosos, para fortalecer o poder estatal. Essa prática visava consolidar a posição dominante no cenário internacional.

2. Durante o mercantilismo, diferentes países europeus adotaram abordagens distintas, refletindo suas estratégias econômicas e políticas. Qual das seguintes características é associada ao mercantilismo inglês?

A) Foco na extração de metais preciosos nas colônias.

B) Ênfase no desenvolvimento industrial e comercial.

C) Prática de monopólio colonial sobre recursos naturais.

D) Intervenção estatal na produção agrícola.

E) Busca pela autonomia política nas colônias.

Resposta Correta: letra B. O mercantilismo inglês caracterizou-se pela ênfase no desenvolvimento industrial e controle marítimo. Diferentemente de outras nações, como a Espanha, o foco estava na produção interna e no fortalecimento do comércio, marcando uma abordagem distintiva no cenário mercantilista.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Museu Paulista (USP)/ Wikimedia Commons

Fontes

DEYON, Pierre. O Mercantilismo. Perspectiva: 1973

FALCON, Franciso. Mercantilismo e Transição. São Paulo: Brasiliense, 1981.

Por Tiago Soares Campos

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