História

Marcha para o Oeste nos Estados Unidos

Saiba mais sobre a formação da América do Norte compreendendo alguns aspectos da Marcha para o Oeste nos Estados Unidos.

As histórias e lendas do Velho Oeste americano acabaram por construir o imaginário do “Faroeste”

Você certamente já assistiu a algum filme do gênero “Western”, ou “Faroeste”, ou mesmo a alguns dos episódios do desenho animado “Pica-Pau”. Pois bem, tanto nos filmes de faroeste quanto nos episódios de “Pica-pau”, podem ser observados os vários esteriótipos relacionados com a vida no “Velho Oeste” americano, tais como as figuras do índio, do xerife, do bandido; ou o cenário desértico, as estradas de ferro, as diligências etc. Esse imaginário do faroeste está relacionado com a chamada Marcha para o Oeste, ocorrida nos Estados Unidos a partir da segunda metade do século XIX.

A expressão “Far West”, em inglês, significa algo próximo de “Oeste distante” (ou “Oeste longínquo”) e era empregada pelos colonos ingleses e seus descendentes que se estabeleceram na Costa Leste dos EUA (na região das Treze Colônias) em referência aos territórios a Oeste ainda não ocupados e, à época, considerados inóspitos. A procura pela efetiva ocupação do Oeste americano só foi realizada depois da Guerra de Secessão, isto é, a Guerra Civil Americana, que ocorreu em razão de divergências políticas e econômicas entre as colônias do Sul e do Norte do EUA, entre os anos de 1861 e 1865.

Com o fim da guerra, muitas pessoas estavam interessadas nas oportunidades que a vida no Oeste poderia lhes proporcionar, sobretudo em razão das minas lá descobertas, da possibilidade de criar animais, como o cavalo e o gado, da agricultura etc. Esse interesse foi fomentado pelo governo federal, que, além de procurar regularizar a oferta de terras, ainda procurou integrar o Oeste à parte Leste do país por meio de estradas de ferro. No que tange à regularização da posse das terras, a principal medida tomada foi a aprovação da “Lei do Homestead”, de 1862, isto é, a lei de terras, sancionada ainda no período da guerra. Segundo o historiador Claude Fohlen:

A lei do Homestead”, de 1862, assinala uma mudança na política fundiária do governo federal. Até então ela havia sido dominada por imperativos fiscais, com a venda de terras ao melhor preço. A partir dessa data prevalecem a preocupação com a colonização e o desejo de satisfazer a fome de terras dos pioneiros. 'Todo homem', proclamara Van Buren, candidato do Free Soil às eleições de 1848, 'tem direito a uma porção natural do solo... O direito a possuir a terra é tão sagrado quanto a vida'.” [1]


Acima, selo americano comemorativo dos 100 anos da lei do Homestead * 

Fohlen ainda assinala que, em 1862, “entre 1862 e 1890, dois milhões de pioneiros instalaram-se, aproveitando a Lei do Homestead, enquanto sete milhões adquiriram terra ou se estabeleciam de forma diferente, isso num período em que a população total aumentou em 45 milhões de habitantes.” [2] O grande deslocamento de pessoas para o Oeste acabou por suscitar também grandes problemas, como o enfrentamento com tribos indígenas, a delimitação, por meio de cercamentos, dos terrenos ocupados e a convivência com bandos de assaltantes de trem e mercenários.

NOTAS:

[1] FOHLEN, Claude. O Faroeste. (trad.) Paulo Neves) São Paulo: Companhia das Letras: Círculo do Livro, 1989. p. 18.

[2] Idem. pp. 18-19.

*Créditos da imagem: Shutterstock e IgorGolovniov

Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto:

Por Cláudio Fernandes

Versão completa