Cidades, a ocupação do espaço urbano
Conheça as diferentes formas de ocupação do espaço urbano.
No mundo atual, mais da metade da população mundial vive em cidades, em espaços urbanos, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, esse número é ainda maior. Segundo dados do Censo 2010, organizado pelo IBGE, quase 85% da população brasileira vive em cidades. E você, vive em uma cidade ou na zona rural?
Os espaços urbanos proporcionaram às pessoas uma série de serviços e condições de habitações que possibilitaram uma melhoria em suas vidas. Mas mesmo com essas melhorias, a vida na cidade é permeada de problemas. Estes problemas são geralmente do tamanho da cidade em que se habita. Nas cidades maiores, os problemas são também maiores.
O crescimento das cidades no passar do tempo levou a uma separação espacial da população urbana, levando os grupos sociais mais abastados a viverem em locais melhores: ruas mais bem conservadas, acesso a saneamento básico, existência de iluminação pública, proximidade a locais que oferecem serviços bancários, educacionais, de saúde, entre outros, bem como uma maior facilidade de se locomover, seja em virtude da proximidade dos locais de trabalho ou do acesso privilegiado às vias e aos meios de transporte.
Por outro lado, grupos sociais menos abastados, geralmente os trabalhadores mais mal remunerados, vivem nos piores lugares das médias e grandes cidades, sendo dificultado seu acesso ao saneamento básico, aos serviços de saúde, educacional etc., como também lhes é dificultado o acesso ao transporte, seja pela distância que existe entre os locais de habitação e trabalho, seja pelo preço e condições do transporte público.
Ao longo do processo brasileiro de urbanização, a separação espacial dentro desses espaços fez com que durante certo período de tempo, entre as décadas de 1900 e 1980, os grupos sociais pobres fossem expulsos das regiões centrais das cidades, sendo obrigados a construírem suas habitações nas periferias.
Isso aconteceu primeiramente na cidade do Rio de Janeiro, em 1906, quando reformaram o centro da cidade, destruindo as casas das pessoas pobres e miseráveis para tornar essa região mais bonita e moderna. A saída encontrada pelos expulsos foi reconstruir suas casas nos morros em torno da região central, dando origem ao que hoje conhecemos como favelas. As favelas e outras regiões periféricas de difíceis condições de vida também se formaram em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Brasília e em todas as demais grandes cidades do país.
A separação do espaço urbano entre o centro e a periferia está ligada também ao domínio que os grupos sociais têm sobre o poder econômico e político. Empresários e administradores, por exemplo, detêm um poder econômico sobre os trabalhadores assalariados. Conseguem ainda ter mais poder político, por fazer com que seus candidatos sejam eleitos, utilizando para isso do poder econômico que detêm.
Geralmente, os locais onde eles exercem esse poder localizam-se nos centros das cidades. Tanto prefeituras, câmaras de vereadores, palácios de governos, entre outros, quanto federações de indústrias, grandes bancos, comércio e empresas de serviços estão no centro das cidades. Teatros, cinemas e salas de apresentações musicais também se localizam nesta região, o que a levou a ser durante muito tempo habitada pelos grupos sociais que detêm os poderes econômicos e políticos.
Nas periferias habitam os que não detêm esse poder, e são estes os que trabalham nas regiões centrais, sendo obrigados diariamente a se deslocarem para essa região. Geralmente utilizam o transporte público, retirando parte de seus salários para poder chegar a seu local de trabalho.
Essa situação tem se alterando nas últimas décadas, principalmente em decorrência da violência urbana e da criação de novos centros comerciais. Condomínios fechados são construídos nas periferias das grandes cidades como local de habitação para os grupos sociais mais abastados, que passam a abandonar as regiões centrais. Os shoppings centers passaram também a ser os principais centros comerciais.
Ao mesmo tempo, o crescimento econômico possibilitou principalmente o desenvolvimento de estabelecimentos comerciais nas periferias, indicando uma alteração na ocupação desses espaços urbanos, deixando de ser apenas locais de habitação.
Estes poucos comentários feitos no texto servem para mostrar que as cidades são espaços de vivência dos seres humanos, que estão em constante mudança. E na sua cidade, como é a divisão espacial? Há periferia e centro? Tentar responder a estas questões poderá auxiliá-lo a entender melhor o espaço em que habita.
Por Tales Pinto
Graduado em História