História

A importância da narrativa para a história

Saiba da importância da narrativa para a história e perceba como há similaridades com a narrativa literária.

A narrativa é a chave para se gostar de História

Certamente seus pais, professores, avós, ou algum adulto próximo a você, já lhe contaram histórias de aventuras, histórias de fantasia ou mesmo lhe apresentaram livros de literatura que continham um enredo muito interessante, daqueles que nos prendem a atenção e nos fazem ficar ansiosos para saber o desfecho. Pois bem, a pesquisa histórica, desenvolvida por historiadores profissionais, que frequentam arquivos e bibliotecas para levantar dados, tem por objetivo final apresentar ao público uma narrativa cujo enredo, muitas vezes, pode ser tão prazeroso quanto o de um livro literário.

A narrativa histórica, como toda narrativa, pressupõe a articulação de acontecimentos e personagens, constituindo assim uma trama. A trama da narrativa remete à imagem de um tecido; os acontecimentos e as personagens históricas são “fios” que vão se emaranhando e construindo um “tecido”, um texto (o termo texto vem de têxtil, que remete a tecido), dotado de sentido. Esse tipo de enredamento narrativo existe em todo tipo de cultura ou civilização, desde os mais tempos remotos. A diferença é que nem sempre a narrativa aparece na forma escrita, ou seja, em livros.

As culturas primitivas, anteriores ao advento da escrita, tentavam explicar a realidade e dar sentido à experiência que herdavam de seus antepassados através da narrativa oral, isto é, do tipo de história que se conta de geração para geração, em festas ou rituais, sem necessidade da leitura. As narrativas mitológicas, que tiveram a importância de sugerir explicações satisfatórias para os povos primitivos e antigos, desenvolviam-se exatamente desta forma, por meio da oralidade.

Nas civilizações que desenvolveram a escrita, os grandes poemas épicos, como os do grego Homero, passaram a organizar as narrativas na estrutura de versos e em sequência de eventos. Portanto, ao tempo que se narrava histórias espetaculares de heróis míticos como Aquiles, tentavam dar um sentido à história do próprio povo grego. As epopeias foram de grande importância para as primeiras explicações da origem das civilizações.

Ainda com o exemplo dos gregos, a história propriamente dita nasce de uma necessidade de se preservar grandes feitos, tanto de gregos quanto de povos estrangeiros, para não se perderem no tempo. Esta é a definição de história que nos legou Heródoto, considerado o “pai da história”. Os grandes feitos, ou grandes acontecimentos, precisavam, segundo a intuição de Heródoto, ser enredados numa narrativa para que se perpetuassem e fossem apreciados pelas gerações futuras.

Percebe-se que, desde a Antiguidade, sempre houve uma preocupação com relação à importância da narrativa para a história. Entretanto, por vezes essa importância não se torna evidente hoje em dia. Talvez por conta da impressão enfadonha que o estudo da História possa passar. Para se desvencilhar desta impressão ruim, sugerimos que você estabeleça uma comparação entre a narrativa histórica e a narrativa literária quando estiver estudando história.


Gostar de uma narrativa histórica é como gostar de uma narrativa literária e pelo mesmo motivo: a construção de um enredo que faça sentido

Pense nas personagens históricas como protagonistas de uma história repleta de aventuras, tragédias, dramas, contradições, problemas diversos e tudo o mais que sempre encontramos em um livro literário. Encare o destino de personagens históricos (portanto reais) como Napoleão Bonaparte ou Getúlio Vargas da mesma forma que encararia o destino de personagens fictícias dos romances e contos de que você mais gosta. Claro, sempre tendo o cuidado de não se esquecer do fato de que a história lida com dados da realidade passada enquanto que a literatura tem liberdade imaginativa e constrói sua narrativa sem precisar se ater aos fatos concretos.


Por Me. Cláudio Fernandes

Por Escola Kids

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