18 de abril – Dia Nacional do Livro Infantil
Comemora-se, em 18 de abril, o Dia Nacional do Livro Infantil. A existência dessa data é um reconhecimento à importância da literatura voltada às crianças, fonte de estímulo à criatividade e à imaginação de seus leitores, o que contribui para o desenvolvimento intelectual e para a formação de um público leitor de fábulas, contos, romances, textos teatrais, poemas, ou seja, para a consolidação de um público leitor de literatura. Além de que, ao ser no dia 18 de abril, além do livro infantil, exalta-se o mais importante escritor brasileiro desse gênero: Monteiro Lobato.
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Por que o Dia Nacional do Livro Infantil é 18 de abril?
Por que, entre tantos dias que compõem um ano, o 18 de abril foi escolhido para comemorar-se o Dia Nacional do Livro Infantil? Essa data foi escolhida porque foi nesse dia e mês, do ano de 1882, que nasceu o escritor brasileiro Monteiro Lobato. Afinal, que melhor data para celebrar-se o livro infantil do que o aniversário desse escritor pioneiro, ou seja, o primeiro, no Brasil, a dedicar-se à produção literária voltada às crianças?
Quem ainda não o leu ou não assistiu à sua adaptação televisiva, certamente já ouviu falar d’O Sítio do Pica-Pau Amarelo. Essa obra, publicada em 1920, deu vida a personagens inesquecíveis, como Emília, Dona Benta, Tia Nastácia, Tio Barnabé, Narizinho, Pedrinho, Visconde de Sabugosa, Rabicó, entre outros do folclore nacional e da mitologia grega.
Portanto, ao ser criado, em 8 de janeiro de 2002, por meio de aprovação da Lei nº 10.402, o Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado em 18 de abril, homenageia não só o livro infantil, mas também o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantojuvenil.
O que é comemorado no Dia Nacional do Livro Infantil?
Comemora-se, nessa data, a importância da produção literária voltada ao público infantojuvenil. Estruturada nas formas de fábula, conto, poema, teatro e romance, exalta-se, em 18 de abril, a literatura que constitui a base da formação de novos leitores. Afinal, dificilmente encontraremos leitores vorazes, ou seja, aqueles que devoram um livro atrás do outro, que não tenham iniciado o gosto pela leitura literária na infância, com base na leitura ou na audição de histórias divertidas, misteriosas, cheias de aventuras e de peripécias que povoam inúmeros livros infantis, como O Sítio do Pica-pau Amarelo, de Monteiro Lobato.
Assim, comemora-se, no Dia Nacional do Livro Infantil, todo um universo de possibilidades criativas e imaginativas que se apresentam aos pequenos leitores em formação, os quais se aventuram nas páginas ficcionais de um livro que, muitas vezes, instigará sua imaginação e, consequentemente, expandirá sua percepção do mundo.
Monteiro Lobato
Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882, no interior de São Paulo, na cidade de Taubaté. Formou-se em Direito e atuou como promotor público de justiça até tornar-se fazendeiro, após receber uma propriedade rural como herança de seu avô. Interessado pelo cotidiano interiorano que o cercava, escreveu contos em jornais e revistas retratando o homem do campo, seus hábitos e costumes, e principalmente a miséria à qual era submetido. Reuniu muitos desses textos narrativos no livro Urupês, publicado em 1918, trazendo ao público, em um dos contos dessa obra, o famoso personagem Jeca Tatu.
Não obstante foi na produção de obras voltadas às crianças que Monteiro Lobato destacou-se, entrando para a história da literatura brasileira como o pai da literatura infantojuvenil. Em contexto histórico, início do século XX, em que os livros brasileiros eram editados na Europa, em cidades como Paris ou Lisboa, Lobato tornou-se também editor, ou seja, responsável pela edição e publicação, em solo brasileiro, de diversos livros.
No exercício dessa função, adquiriu, em 1918, a Revista do Brasil, a qual transformou, posteriormente, em editora. Fundou, em 1924, a Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato, responsável pela publicação de uma série de livros didáticos e infantis. Assim, sua atividade de editor possibilitou-lhe a publicação de um conjunto significativo de obras voltadas a um público negligenciado no país, o das crianças, que só consumiam obras literárias produzidas na Europa, como os contos de fadas.
Sua primeira obra destinada a elas foi a A menina do narizinho arrebitado, publicada em 1920. A protagonista dessa narrativa, a menina Narizinho, neta de Dona Benta, participa de todo o conjunto de obras posteriores que, juntas, constituem o universo de O Sítio do Pica-pau Amarelo. São estas as outras 23 obras que compõem esse clássico da literatura infantojuvenil:
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Reinações de Narizinho (1921);
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Caçadas de Pedrinho (1922);
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O saci (1927);
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Memórias de Emília (1930);
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Emília no País da Gramática (1931);
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Aritmética da Emília (1932);
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Fábulas (1933);
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Histórias diversas (1933);
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Histórias de Tia Nastácia (1934);
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Peter Pan (1935);
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Viagem ao céu (1935);
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O poço do Visconde (1935);
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O Pica-Pau Amarelo (1936);
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Aventuras de Hans Staden (1936);
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Dom Quixote das crianças (1937);
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Geografia de Dona Benta (1937);
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A chave do tamanho (1937);
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A reforma da natureza (1939);
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O Minotauro (1939);
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Os doze trabalhos de Hércules (1941);
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Histórias do mundo para crianças (1942);
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Serões de Dona Benta (1944);
- História das invenções (1947).
Monteiro Lobato, depois de uma agitada vida intelectual, empresarial, política e literária, morreu em 1948, deixando uma vasta obra, não só destinada às crianças, mas que se imortalizou no imaginário brasileiro, principalmente, em razão das histórias que fez para esse público, antes marginalizado, o que abriu as portas para que outros escritores também se aventurassem pelos caminhos desse tipo de literatura, como é o caso dos autores que apresentaremos a seguir.
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Cinco obras imperdíveis da literatura infantojuvenil brasileira
As obras literárias que compõem o acervo da literatura infantojuvenil brasileira são inúmeras, variando em estilo, em linguagem, em gênero e em temática. Portanto, selecionar as melhores delas é bastante difícil, mas vamos destacar cinco que julgamos imperdíveis!
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Meu pé de laranja lima
Escrita por José Mauro de Vasconcelos, escritor nascido no Rio de Janeiro, em 1920, e falecido em 1984, em São Paulo, essa obra, publicada em 1968, é uma das mais importantes da literatura infantojuvenil.
Traduzida para mais de 52 idiomas e publicada em 19 países, Meu pé de laranja lima foi adaptada para o cinema, pela primeira vez, em 1970 pelo diretor Aurélio Teixeira. Posteriormente, em 2012, uma nova produção cinematográfica foi feita, com direção de Marcos Bernstein. Além das telas de cinema, o clássico de José Mauro de Vasconcelos foi transposto para a TV, em forma de novela, em 1970, na extinta TV Tupi, e em 1980 e em 1998, na TV Bandeirantes.
O enredo do livro gira em torno da narração da história de Zezé, um menino de família muito podre e numerosa. Muito criativo e arteiro, ele encontra em uma árvore no quintal de casa, um pé de laranja lima, uma possibilidade de escapar dos sofrimentos cotidianos. Em cima ou embaixo dessa árvore, Zezé descansa para escrever suas histórias. Mesmo com os sofrimentos de sua rotina, o protagonista não deixa de sonhar e de mergulhar no mundo da fantasia.
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Bisa Bia, bisa Bel
Escrita por Ana Maria Machado, escritora membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), nascida no Rio de Janeiro, em 1941, essa obra, publicada em 1981, ganhou diversos prêmios literários desde sua publicação. Em 1982, recebeu o prêmio de melhor livro juvenil da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e, em 1983, o Prêmio Jabuti, entre outras premiações.
Bisa Bia, bisa Bel narra a história de uma menina, Bel, que encontra uma foto de sua bisavó e passa a imaginar que conversa com ela, a qual descreve, por exemplo, como era o cotidiano antigamente. Bel, porém, não interage só com sua bisavó no mundo da imaginação. Ela começa a imaginar também sua futura bisneta, com quem passa a falar, por isso o título do livro ser Bisa Bia, bisa Bel.
Há, portanto, nessa narrativa, o diálogo imaginário entre três tempos: o tempo da bisavó da narradora (passado), o tempo da própria narradora (presente) e o tempo de sua bisneta (futuro). O fato é que os leitores que se aventurarem nessa história conhecerão três mulheres fortes, cada uma representante de uma geração: Bisa Bia (bisavó da narradora), Bel (a narradora) e a sua neta imaginária (Beta).
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O reizinho mandão
Ruth Rocha, ganhadora de oito prêmios Jabuti por sua obra infantojuvenil, nasceu em São Paulo, em 1931. Publicou O reizinho mandão em 1973, em plena vigência da Ditadura Militar brasileira.
Nessa obra ficcional, um reizinho mandão tinha o péssimo hábito de mandar todo mundo do reino calar suas bocas. Amedrontada com tamanha arrogância, as pessoas obedeciam e calavam-se. Ironicamente, esses súditos calaram-se tanto que se esqueceram de como falar.
O reizinho mal-educado sentiu-se culpado e triste, afinal, como ninguém falava nada, o tédio instalou-se no reino. Inconformado com essa situação, foi atrás de um sábio que vivia no reino vizinho para ver se ele tinha algum conselho sobre o que fazer para que as pessoas voltassem a falar. O sábio disse o que ele teria de fazer.
Essa obra, apesar do tom lúdico, pode ser lida como uma crítica velada ao autoritarismo que vigorava no país na década de 1970, quando o livro foi publicado. Passada a Ditadura Militar, porém, hoje podemos lê-la como uma grande crítica a qualquer forma de autoritarismo.
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O menino no espelho
Escrito por Fernando Sabino, nascido em Belo Horizonte, em 1923, e falecido em 2004, no Rio de Janeiro, o romance O menino no espelho, publicado em 1982, é uma obra imperdível da literatura infantojuvenil. Em 2014 foi adaptado para o cinema pelo diretor Guilherme Fiúza Zenha.
Nessa narrativa, em primeira pessoa, o personagem Fernando conta-nos as travessuras que viveu em sua infância. A verdade é que o autor Fernando Sabino, por meio desse narrador-personagem, narra suas memórias intercalando acontecimentos reais e imaginários, o que resulta em uma obra cheia de diversão, emoção e fantasia. Além disso, o leitor depara-se com um contexto típico da década de 1920, período em que é ambientado o enredo. Certamente é um livro que merece ser lido por todos!
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A bolsa amarela
Lygia Bojunga, escritora nascida no Rio Grande do Sul, em 1932, publicou inúmeros livros destinados ao público infantojuvenil, os quais lhe renderam muitos prêmios, como o Prêmio Hans Christian Andersen, em 1982. O romance A bolsa amarela, publicado em 1976, durante a Ditadura Militar, mostra-se atual em razão das problemáticas que aborda.
Reprimida pela família, repressão essa que pode simbolizar a da época da Ditadura Militar, Raquel esconde suas vontades — a vontade de crescer, a de ser garoto e a de tornar-se escritora — em uma bolsa amarela, e, com ela, descobre amigos secretos, como um galo, que a ajudam a encontrar um novo jeito de ser e estar no mundo que a cerca. Em uma sociedade em que, ainda hoje, há lutas pela emancipação feminina, esse livro mostra-se extremamente pertinente.
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Classificados poéticos
A poeta Roseana Murray, ganhadora, entre outros, de três Prêmio de Melhor Livro de Poesia para Crianças e Jovens, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), nasceu em 1950, no Rio de Janeiro.
Classificados poéticos, publicado em 1984, como o próprio título sugere, reúne uma série de poemas constituídos com base na estrutura de classificados de jornais. A genialidade dessa obra está justamente nessa apropriação de um gênero jornalístico, extremamente objetivo, para revestir-lhe de tons subjetivos, ou seja, poéticos. Assim, nos Classificados poéticos troca-se, por exemplo, “cheiro de cimento por cheiro de orvalho, cheiro de gasolina por cheiro de chuva”.
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[1] Leonidas Santana / Shutterstock