Histórias e contos infantis

Bicho-papão

Bicho-papão é uma lenda presente no folclore brasileiro que fala de um monstro que sequestra e devora crianças desobedientes. Foi influência portuguesa em nossa cultura.

O bicho-papão é um monstro devorador de crianças desobedientes.

O bicho-papão é uma lenda presente no folclore brasileiro, tratando-se de um ser monstruoso que é conhecido por sequestrar e devorar crianças. Sua lenda era muito contada para crianças, uma vez que havia a crença de que ele perseguia as crianças desobedientes e inquietas. Era usada pelos adultos para garantir o comportamento infantil.

As origens dessa lenda são incertas, uma vez que existem várias lendas do tipo em diferentes locais, como o hombre del saco, o div, o boogeyman, entre outros. No Brasil, a cuca é muito associada ao bicho-papão, sendo considerada uma versão feminina da lenda, que, acredita-se, foi trazida ao Brasil pelos portugueses.

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Resumo sobre bicho-papão

  • O bicho-papão é uma lenda do folclore brasileiro.

  • Essa lenda fala de um ser monstruoso que sequestra e devora crianças.

  • Conta-se que o bicho-papão persegue as crianças desobedientes.

  • É muito associado à cuca, considerada a versão feminina da lenda.

  • A lenda do bicho-papão foi trazida ao Brasil por influência dos portugueses.

Qual é a lenda do bicho-papão?

O bicho-papão é um ser mítico que está no folclore brasileiro, mas que também é comum ao folclore de diversas culturas. Essa lenda tem muitos séculos de existência, e o bicho-papão é conhecido como um ser monstruoso que persegue crianças para puni-las ou devorá-las (daí vem o termo “papão”). Há a versão que fala que o bicho também sequestra as crianças antes de devorá-las.

Essa ação do bicho-papão contra as crianças é motivada pelo comportamento delas, uma vez que a lenda fala que somente as crianças más e desobedientes é que seriam vítimas desse monstro. A lenda era uma forma de aterrorizar as crianças para garantir que elas se comportassem e obedecessem às ordens dadas pelos adultos.

Representação do bicho-papão

Pelo fato de a lenda do bicho-papão ter diferentes versões e origens, a aparência dele também varia bastante nos relatos. Em geral, a unanimidade é a de que o bicho-papão é um ser monstruoso que tem uma aparência aterrorizante. Muitos afirmam que ele é horrendo, bípede e tem braços longos.

Há os que afirmam que o bicho-papão é apenas uma sombra, um vulto. Ele também é lembrado por esconder-se em locais escuros, como no interior dos guarda-roupas ou debaixo das camas. Há, ainda, quem afirme que ele ande à espreita das casas, esperando o momento certo para invadi-las.

Em algumas versões, o bicho-papão é apresentado como um ser gigantesco, mas, em outras, é apresentado como um ser pequeno, como um duende.

Origem da lenda do bicho-papão

A lenda do bicho-papão está difundida em diversas culturas, sendo transmitida por meio da tradição oral. Sua grande dispersão e suas diferentes versões tornam muito difícil precisar a origem da lenda. Existe a possibilidade de que lendas parecidas tenham surgido em diferentes locais e em diferentes contextos.

No caso do Brasil, a lenda do bicho-papão é originária da Península Ibérica, sendo trazida para cá pelos colonizadores portugueses. Lendas sobre bicho-papão eram comuns na Península Ibérica, constando em Portugal, na Catalunha, na Galiza, entre outros lugares. A lenda do bicho-papão não era exclusividade da Península Ibérica, e ele é encontrado em diversos outros locais:

  • Na Inglaterra, é conhecido como boogeyman.

  • Em Espanha, Portugal, Brasil, Argentina, Uruguai, entre outros países americanos, pode ser conhecido como o homem do saco ou hombre del saco.

  • Em países como Egito, Chipre, Síria e Líbano, é conhecido como babau.

  • Na Alemanha, é conhecido como Butzmann.

  • No Azerbaijão, é conhecido como div.

  • Em alguns países dos Bálcãs, como Croácia, Bósnia e Sérvia, é conhecido como babaroga.

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Qual é a música do bicho-papão?

Na cultura brasileira, existem diversas canções que fazem referência ao bicho-papão. Em geral, são canções de ninar, usadas para fazer as crianças dormirem, e tinham o elemento do medo como um fator para garantir a obediência das crianças. Essas canções também foram influenciadas pela cultura portuguesa.

Esta primeira canção é tradicional na cultura portuguesa:

Vai-te papão, vai-te embora
de cima desse telhado,
deixa dormir o menino
um soninho descansado.

No Brasil, existe esta variação:

Nana neném
Que a cuca vem pegar
Papai foi na roça
Mamãe, no cafezal
Bicho-papão
Sai de cima do telhado
E deixa este menino
Dormir sossegado

Semelhanças e diferenças entre o bicho-papão e a cuca

O bicho-papão e a cuca são dois seres míticos presentes no folclore brasileiro e marcados por terem um papel semelhante: os dois são figuras horrendas que ficam à espreita para capturar crianças desobedientes. A lenda da cuca pode ser uma manifestação da lenda do bicho-papão em uma versão feminina. Além disso, a lenda da cuca, assim como a do bicho-papão, teve origem na Península Ibérica, sendo trazida ao Brasil pelos portugueses.

A lenda da cuca no Brasil também foi um recurso para amedrontar as crianças desobedientes, e canções eram cantadas com menção a ela, assim como ocorre com o bicho-papão. Vejamos o exemplo:

Nana, neném
Que a cuca vem pegar
Papai foi na roça
Mamãe foi trabalhar

Podemos perceber, portanto, que a grande diferença entre as duas figuras é mesmo o gênero de cada uma. A cuca é uma figura feminina, enquanto o bicho-papão é uma figura masculina. Além disso, a cuca é descrita com a aparência de uma bruxa horrenda e velha, enquanto o bicho-papão é um monstro unicamente.

As muitas semelhanças existentes entre a cuca e o bicho-papão se explicam por sua origem em comum, provavelmente da Península Ibérica. Se quiser saber mais sobre a cuca, leia nosso texto.

Outras lendas do folclore brasileiro

O folclore brasileiro é rico, e diversos outros personagens estão presentes nele, tais como:

Fontes

CÂMARA CASCUDO, Luís da. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Ediouro, s/d.

CÂMARA CASCUDO, Luís da. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: Global, 2012.

Por Daniel Neves Silva

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