História

Revoltas Camponesas no século XIV

Saiba o que foram e as principais características das Revoltas Camponesas no século XIV.

As revoltas camponesas do século XIV figuraram entre os acontecimentos que compuseram a crise da Idade Média.

Quando estudamos a Idade Média europeia, geralmente o professor de História nos apresenta uma divisão didática do período medieval entre a Alta Idade Média e a Baixa Idade Média. A primeira parte abrange o período que vai do século V ao século X d.C.; já a segunda parte vai do século XI ao século XV. Nos séculos de transição da Baixa Idade Média para a Idade Moderna, muitos acontecimentos compuseram uma atmosfera turbulenta em algumas regiões da Europa, sobretudo onde hoje se localizam os países da França e da Alemanha. Entre esses acontecimentos, um dos mais expressivos foram as Revoltas Camponesas.

As chamadas revoltas camponesas aconteceram, sobretudo, na região da atual França. O caos social foi motivado por vários fatores. Entre esses fatores, estava a Peste Negra, que chegou à Europa em meados de 1348 e, em virtude das condições precárias de higiene, espalhou-se rapidamente, ceifando a vida de milhares de pessoas. Nos anos que se seguiram aos efeitos devastadores da Peste Negra, ainda houve a incidência de secas e a consequente diminuição da produção agrícola. A situação dos camponeses passou a ficar cada vez mais crítica.

Os camponeses que ainda conseguiam manter a sua produção começaram a entrar em choque permanente com os senhores feudais que lhes arrendavam as terras por meio da relação de suserania e vassalagem. Os camponeses buscavam receber maior parcela da produção e sair da condição de vassalos. As revoltas ocorreram em 1358. A organização dos camponeses assumiu um caráter de violência extrema, que resultou, também, em uma resposta de igual teor por parte dos senhores e dos reis.

A organização revoltosa dos camponeses ficou conhecida como Jacqueries. Como bem acentuou o historiador Ricardo da Costa, a revolta ocorria em um contexto de conflitos entre ordens sociais, e não entre classes:

“Em 1358, o reino da França foi palco de uma violenta guerra social entre as ordens, a Jacquerie, uma sublevação camponesa que, apesar de ter durado somente um mês, foi de uma incrível brutalidade, com igual resposta por parte dos nobres — a sociedade de ordens baseava-se num princípio de desigualdade, próprio da estrutura do cosmo. Implicava uma hierarquia, que, por sua vez, estruturava-se conforme a doutrina do corpo místico, adaptado à realeza (o rei, a cabeça, e as ordens, os membros).” [1]

Essa ordenação da sociedade medieval começava a ser contestada nessa época. Por pelo menos dois séculos (séc. XV e XVI), esses conflitos tornaram-se recorrentes – como foi o caso da guerra dos camponeses na Alemanha, motivada pela Reforma de Lutero.
 

NOTAS

[1] COSTA, Ricardo da. Revoltas camponesas na Idade Média, 1358: a violência da Jacquerie na visão de Jean Froissant. In: NISHIKAWA, Taise Ferreira da Conceição. História Medieval: História II.São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009, p. 59.

[2] Idem. p. 59. 

Por Me. Cláudio Fernandes

Por Cláudio Fernandes

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