Revolta Paulista de 1924
Revolta Paulista de 1924 foi um movimento tenentista que se iniciou na cidade de São Paulo. Os revoltosos dominaram a capital paulista, transformando-a em cenário de guerra.
A Revolta Paulista de 1924 foi um motim tenentista que se estendeu de 5 a 28 de julho de 1924. Os tenentistas se rebelaram, conquistaram São Paulo, e deram início a um governo cujo objetivo era derrubar o presidente do Brasil Artur Bernardes. A repressão do governo foi violenta e marcada por bombardeios que mataram centenas de pessoas e forçaram a retirada dos tenentistas.
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Resumo sobre a Revolta Paulista de 1924
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Foi um movimento realizado pelos tenentistas e visava à derrubada do governo Artur Bernardes.
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Os revoltosos conquistaram a cidade de São Paulo após combates travados no dia 5 de julho.
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Os tenentistas eram contrários ao sistema político do Brasil durante a Primeira República.
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A cidade de São Paulo sofreu pesados bombardeios por parte das forças legalistas.
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Abandonaram a cidade em 28 de julho de 1924 e uniram-se com tenentistas no Paraná, formando a Coluna Prestes.
Contexto da Revolta Paulista de 1924
A década de 1920 foi um momento da história política brasileira vinculado com a Primeira República, a primeira fase da república brasileira. Nesse período, havia um grande controle de nossa política pelas oligarquias, sobretudo as de São Paulo e Minas Gerais, que procuravam revezar-se no poder. Acontece que a década de 1920 começou a demonstrar que esse modelo político estava esgotado.
Um dos indícios de que o modelo político controlado pelas oligarquias estava em decadência foi o surgimento do movimento tenentista. Esse foi um movimento político e militar que surgiu no Brasil durante a campanha para a eleição presidencial de 1922. Por ele, militares de baixa patente demonstraram a sua insatisfação com o modelo político de nosso país.
O tenentismo contribuiu diretamente para desestabilizar a ordem política do Brasil na década de 1920 e teve papel direto na decadência da Primeira República. Os tenentistas eram contrários ao controle da política brasileira pelas oligarquias e defendiam uma renovação da política brasileira.
Os tenentistas então passaram a atuar como os salvadores da pátria, e por isso promoveram inúmeras ações para enfraquecer o poder das oligarquias. Esse movimento, apesar de bastante heterogêneo, era majoritariamente conservador e abraçava os ideais do liberalismo.
Defendiam a implantação de uma república autoritária, de matriz econômica liberal, que pudesse realizar a modernização e industrialização do Brasil. Defendiam o fim dos privilégios ao setor cafeeiro e defendiam reformas em áreas como a educação, além de uma reforma completa no sistema eleitoral brasileiro a fim de acabar com as fraudes, prática marcante do sistema eleitoral da Primeira República.
Os tenentistas se opunham, principalmente, a Artur Bernardes, político mineiro que venceu a eleição presidencial de 1922. Essa oposição se iniciou por meio de um episódio em que cartas do político foram divulgadas. Nessas cartas ele falava mal dos militares e de Hermes da Fonseca, um importante militar brasileiro.
Entretanto, as cartas eram falsas, mas, mesmo assim, os militares se transformaram em inimigos dele. Quando Artur Bernardes assumiu a presidência, parte dos militares se colocou como oposição a ele, e dessa oposição nasceu o tenentismo. Os tenentistas não tinham plano de poder para o Brasil, apenas queriam o poder para eles.
Assim, eles procuraram derrubar Artur Bernardes e o controle das oligarquias pela via do golpe, sendo que o primeiro levante tenentista foi o Levante do Forte de Copacabana, em 5 de julho de 1922.
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Videoaula sobre as revoltas da Primeira República
Revolta Paulista de 1924
Foi nesse contexto que se organizou uma nova revolta tenentista no Brasil. A conspiração que deu início à Revolta Paulista de 1924 ocorreu no ano anterior, 1923, e tinha como proposta organizar revoltas tenentistas em diferentes partes do território brasileiro. O objetivo, como citado, era derrubar o governo de Artur Bernardes e, a partir daí, estabelecer as mudanças definidas pelos próprios revoltosos.
Os três grandes nomes da conspiração eram os tenentes Joaquim Távora, Juarez Távora e o general reformado Isidoro Dias Lopes. Ainda em 1923, esses militares insatisfeitos com o governo se irritaram mais ainda quando os envolvidos na Revolta do Forte de Copacabana foram expulsos do Exército.
A estratégia inicial contava com revoltas que deveriam acontecer nos seguintes estados: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso. Esses locais acompanhariam São Paulo, e assim que os paulistas se rebelassem, os tenentistas desses outros locais também o fariam.
O levante em São Paulo se iniciou no dia 5 de julho de 1924, e já nesse dia grandes combates armados aconteceram nas ruas da cidade. Os tenentistas conseguiram conquistar um quartel militar e o quartel da Força Pública de São Paulo. Os tiroteios nas ruas da capital paulista se estenderam por cinco dias e resultaram na conquista da cidade pelos revoltosos.
O presidente de São Paulo Carlos Campos decidiu fugir do Palácio dos Campos Elíseos, pois ele estava em posição ameaçada, e se estabeleceu em um bairro da Zona Leste da cidade, conhecido como Guaiaúna. Enquanto isso, Artur Bernardes decretou estado de sítio e enviou milhares de soldados para São Paulo.
Imediatamente após conquistar a cidade de São Paulo, os revoltosos deram início à formação de um governo por meio de uma junta militar sob o comando de Isidoro Dias Lopes. Os revoltosos teriam convidado o vice-presidente de São Paulo, coronel Fernando Prestes, a se juntar a eles, mas o coronel rejeitou o pedido.
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Repressão à Revolta Paulista de 1924
Uma vez que a cidade de São Paulo foi tomada, o governo de Artur Bernardes agiu para controlar o movimento. A repressão à Revolta Paulista de 1924 foi violenta, e, na incapacidade de recuperar a cidade por solo, o governo iniciou uma campanha de bombardeio aéreo a São Paulo.
Os bombardeios realizados pelos aviões do governo brasileiro atacaram locais como Perdizes, Brás, Mooca, Largo da Sé, Luz, Campos Elísios e outros locais próximos dos quartéis dominados pelos tenentistas. O objetivo disso era colocar a população da cidade contra os revoltosos, obrigando-os a fugirem.
Os bombardeios disseminaram pânico na cidade de São Paulo e motivaram cerca de 300 mil pessoas a abandonarem a cidade durante a revolta. Além disso, muitos abandonaram suas casas e foram para locais mais afastados, onde os ataques não aconteciam. Enquanto isso, outros problemas atingiam a cidade, como os saques e a falta de alimentos.
Essa violência impactou bastante a população civil, e, durante os pouco mais de 20 dias em que os revoltosos controlaram a cidade, cerca de 4000 pessoas ficaram feridas, com a maioria delas sendo enviada para a Santa Casa de Misericórdia. Os bombardeios aconteceram, principalmente, em bairros de trabalhadores e imigrantes.
Desfecho da Revolta Paulista de 1924
Enquanto a cidade era bombardeada, o presidente do estado decidiu cercar São Paulo para impedir que os revoltosos recebessem qualquer tipo de reforço. Além dos bombardeios, as batalhas por terra aconteciam na capital paulista, e o passar dos dias fez com que o ânimo da população diminuísse, e assim as lideranças tenentistas se viram obrigadas a abandonar a cidade.
Desse modo, em 28 de julho de 1924, os tenentistas fugiram de São Paulo e partiram na direção do Paraná. Com a fuga, o presidente do estado de São Paulo retornou ao palácio do governo estadual ainda no mesmo dia.
Enquanto isso, os membros da Revolta Paulista se encontraram com tenentistas que haviam participado de uma revolta no Rio Grande do Sul. Lá, eles se juntaram e decidiram formar a Coluna Prestes, um dos maiores movimentos tenentistas do período. Alguns dos envolvidos com a revolta em São Paulo foram presos e enviados para uma prisão localizada no atual estado do Amapá.
Por fim, como consequência da Revolta Paulista de 1924, centenas de pessoas faleceram, e a maioria das mortes aconteceu por conta dos bombardeios realizados pelas tropas legalistas (que defendiam o governo) na cidade. Estima-se que cerca de 720 pessoas morreram na revolta.
Créditos da imagem
[1] FGV/CPDOC