João Calvino e a Reforma Protestante
Entenda o papel de João Calvino na Reforma Protestante, bem como o processo de desdobramento das reformas religiosas na Europ
Quando estudamos as Reformas Protestantes, dois nomes destacam-se: Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564). Sabemos que Lutero, apesar de ter tido alguns precursores, foi o primeiro reformador religioso a ter um impacto realmente decisivo no interior da tradição da Igreja Católica e, sobretudo, na instituição política do Sacro Império Romano-Germânico.
A circulação das ideias luteranas (propiciadas principalmente pela invenção da máquina de imprensa) logo alcançou a Europa inteira e passou a influenciar desde clérigos e camponeses a reis e nobres. Um dos lugares de maior repercussão do luteranismo foi a Suíça, onde floresceu, a partir da década de 1530, o pensamento de João Calvino. Para compreendermos o contexto em que se desenvolveu o calvinismo, é necessário entender um pouco da situação da Suíça nessa época.
No fim do século XV, especificamente no ano de 1499, a Suíça conseguiu tornar-se independente do Sacro Império Romano-Germânico. Contudo, a sua organização política não era unitária, de modo que havia concentração de poder em várias cidades que eram verdadeiros polos comerciais e centros de uma burguesia ascendentes que se fortalecia progressivamente. Contudo, essa ascensão era cerceada pela falta de legitimidade ideológica. Nesse contexto, um personagem antecedeu Calvino e deu início à reforma religiosa nas cidades suíças: Huldrych Zwingli.
Zwingli apoiava as ideias de Martinho Lutero e propagava-as abertamente. Tornou-se uma figura de certa popularidade por causa de suas ações humanitárias empreendidas na época em que a Suíça foi atingida pela peste bubônica. Zwingli, entre outras coisas, rejeitava o sacramento da confissão e defendia a premissa da predestinação. Seus pensamentos agitaram várias regiões da Suíça e chegaram a provocar a guerra civil de 1531, na qual morreu. Nesse mesmo ano foi proposto um primeiro acordo, intitulado “Paz de Kappel”, com vistas ao estabelecimento da tolerância religiosa na Suíça.
Nos anos seguintes, as revoltas prosseguiam em outras regiões, principalmente em Genebra, que ainda estava dividida entre os católicos e o protestantismo ascendente. Foi em Genebra que Calvino despontou como um personagem de grande importância dentro do protestantismo. Assim como Zwingli, Calvino era um entusiasta das ideias de Lutero e levou algumas de suas premissas às últimas consequências teológicas, como a questão da predestinação.
A atuação de João Calvino em Genebra começou no ano de 1536 com a publicação do livro “Instituições da religião cristã”. Além da premissa da predestinação, Calvino também defendia a salvação pela fé, a valorização moral do trabalho e a prática da poupança como caminho para o enriquecimento. Essas defesas iam ao encontro dos interesses da burguesia de Genebra, que acolheu Calvino e cedeu-lhe grande espaço para atuação política.
O calvinismo logo se espalhou para outras regiões da Europa, sobretudo para a Inglaterra, Escócia e França, onde os adeptos do calvinismo passaram a ser chamados de puritanos, presbiterianos e huguenotes, respectivamente.
Por Me. Cláudio Fernandes
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