História

Guerras Médicas

Guerras Médicas (499 a.C.-449 a.C.) foram os conflitos travados entre as cidades-estados gregas e o Império Persa. O conflito é considerado o primeiro entre Oriente e Ocidente.

As Guerras Médicas são consideradas o primeiro conflito entre Oriente e Ocidente.

As Guerras Médicas foram os conflitos travadas entre as cidades-estados da Grécia Antiga, lideradas por Atenas e por Esparta, e as tropas do Império Persa entre 499 a.C.-449 a.C. Os persas foram inicialmente liderados por Dario e depois pelo seu filho, Xerxes.

Na época do início da guerra, o Império Persa passava por grande expansão, e, para evitar que os persas também conquistassem a Grécia Continental, as cidades gregas se uniram na Confederação de Delos, chamada também de Liga de Delos.

Os persas foram derrotados nas duas Guerras Médicas e os gregos conseguiram manter a independência; mas o fortalecimento de Atenas durante o conflito levou a uma nova guerra, desta vez, gregos lutaram contra gregos no campo de batalha, na Guerra do Peloponeso. A guerra, mesmo terminando com a vitória de Esparta, enfraqueceu as cidades gregas que foram conquistadas por Filipe II, governante da Macedônia.

Leia também: Guerras Púnicas — os conflitos travados entre Roma e Cartago entre 264 a.C. e 146 a.C.

Resumo sobre as Guerras Médicas

  • As Guerras Médicas foram os conflitos travados entre as cidades-estados gregas e o Império Persa entre 499 a.C. e 449 a.C.
  • Ocorreram durante o Período Clássico grego.
  • Os persas fundaram seu império após a vitória sobre o Império Medo.
  • Após a Revolta Jônica, em 499 a.C., as Guerras Médicas se iniciaram.
  • A Primeira Guerra Médica foi vencida pelos gregos após a vitória na Batalha de Maratona.
  • A Segunda Guerra Médica foi vencida pelos gregos. A principal batalha foi a de Salamina.
  • A marinha de guerra grega, sobretudo a marinha de Atenas, foi fundamental para a vitória.
  • Após o fim da guerra, houve um breve período de paz na Grécia, mas as desavenças entre as cidades levaram a um novo conflito, a Guerra do Peloponeso.

O que foram as Guerras Médicas?

O trirreme foi a principal embarcação utilizada pelos gregos nas batalhas navais das Guerras Médicas.

As Guerras Médicas foram as guerras travadas entre as cidades-estados gregas, lideradas por Atenas e por Esparta, contra o Império Persa, na época o maior império do mundo. As Guerras Médicas duraram meio século, de 499 a.C. até 449 a.C.

Elas nãos foram contínuas. Houve um período de conflito, seguido por um momento de trégua e um novo momento de guerra, por isso os historiadores falam em Primeira Guerra Médica e Segunda Guerra Médica.

Durante as Guerras Médicas, os persas utilizaram principalmente armas de médio e longo alcance, como arco e flecha e lanças, bem como armadura de couro relativamente leve, feita de couro e linho, ideais para proteção contra flechas. A exceção persa foram os membros da cavalaria, estes utilizavam pesadas armaduras de metal. Já os gregos tinham, no período, o combate corpo a corpo como principal estratégia, por isso priorizaram o uso da espada e de armaduras de metal.

O ponto forte dos gregos durante as guerras com os persas foi sua marinha, que contava com centenas de trirremes, embarcações geralmente movidas a vela, mas que, durante os combates, eram propulsionadas por remadores, que tornavam o trirreme mais veloz. Na frente do trirreme, abaixo da linha da água, existia uma espécie de aríete com ponta metálica, utilizado para furar e afundar a embarcação inimiga.

Contexto histórico das Guerras Médicas

Na época das Guerras Médicas, as cidades gregas iniciavam o Período Clássico, a era de ouro da civilização grega. Nessa época, Atenas era a principal cidade-estado e sua influência se estendia por todas as cidades gregas.

No Período Clássico, a democracia passou a ser o sistema de governo adotado em Atenas, a filosofia se desenvolveu, assim como o teatro, a arquitetura, a literatura, a música, a matemática e diversas outras áreas do conhecimento.

Vale lembrar que a Grécia Antiga não era um país ou reino, mas se organizava politicamente em cidades autônomas, cada uma contando com seu próprio governo, moeda, código de leis e exército. Todavia, todas as cidades gregas compartilhavam da mesma cultura, religião, língua, costumes, culinária, entre diversas outras características comuns. Existia identidade entre os gregos, que se viam diferentes dos persas, portanto, a guerra foi, também, a luta de duas culturas distintas.

Do outro lado, os persas possuíam um império em plena expansão na época das Guerras Médicas. Desde o século VII a.C., os medos formavam um império na região do atual Irã, e, no século VI a.C., as tropas persas derrotaram os medos e formaram o próprio império. O primeiro imperador persa foi Ciro, o Grande.

Ciro continuou a expandir o Império Persa até sua morte, em 530 a.C., e seus sucessores continuaram com a política de expansão. Em 500 a.C., o Império Persa controlava o Egito, regiões da Índia, Ásia Menor, Trácia e Macedônia, estas três últimas regiões eram habitadas por população grega, que vivia em cidades-estados que passaram a ser controladas pelos persas.

Quando ocorreram as Guerras Médicas?

Por ter sido um conflito longo, com períodos de guerra aberta, de pequenas batalhas e de tréguas, os historiadores divergem entre as datas de início e fim dele, utilizando diferentes fatos históricos como marcos iniciais e finais. A seguir, os fatos mais importantes e algumas concepções de periodização do conflito.

→ Datas importantes das Guerras Médicas

  • 499 a.C.: início da Revolta Jônica. Período em que os gregos da Ásia Menor se sublevaram contra os persas. Considerado por muitos historiadores o momento inicial das Guerras Médicas.
  • 492 a.C.: tentativa persa de invadir a Grécia. É para os historiadores o momento inicial da Primeira Guerra Médica.
  • 490 a.C.: grande campanha grega de invasão da Grécia. Vitória grega na Batalha de Maratona, fim da Primeira Guerra Médica (492 a.C.-490 a.C.)
  • 480 a.C.-479 a.C.: segunda Guerra Médica. Segunda tentativa persa de invasão da Grécia, nova vitória grega.
  • 449 a.C.-Paz de Cálias: acordo entre a Liga de Delos e o Império Persa, em que este reconheceu a autonomia das cidades gregas.

→ Principais datas apresentadas pelos historiadores para as Guerras Médicas

  • 499 a.C.-449 a.C.: os historiadores que defendem essas datas argumentam que, durante todo esse período, gregos e persas estavam em conflito.
  • 492 a.C.-479 a.C.: eles defendem as duas Guerras Médicas como limites temporais para o conflito e consideram a tentativa frustrada de invasão persa como marco inicial da Primeira Guerra Médica.
  • 490 a.C.- 479 a.C.: eles consideram as duas tentativas de invasão persa como o período das Guerras Médicas.

Quais as causas das Guerras Médicas?

A maior causa das Guerras Médicas foi a expansão do Império Persa e a ameaça que ele representava para as cidades gregas. Em 499 a.C., iniciou-se, na Ásia Menor, uma revolta das cidades-estados gregas contra os dominadores persas, a chamada Revolta Jônica. Para a maioria dos historiadores, esse fato marcou o início das Guerras Médicas, uma vez que gregos passaram a lutar contra persas.

→ Por que o nome Guerras Médicas?

Os medos eram um povo que vivia na região do atual Irã e que formou um império, conhecido como Império Medo. Posteriormente o Império Medo foi conquistado pelos persas, mas os gregos continuaram a chamar os habitantes da região de medos, inclusive os persas, por isso o nome do conflito, Guerras Médicas, ou seja, guerra contra os medos.

Os medos foram um dos povos que lutaram no exército persa. Vale lembrar que o Império Persa era enorme, e controlava diversos povos. O exército persa era um exército multiétnico, composto por tropas de diversas regiões.

Primeira Guerra Médica

A Primeira Guerra Médica se iniciou em 499 a.C., quando cidades gregas na Jônia, região da atual Turquia, iniciaram uma revolta contra o domínio persa. Durante a revolta, Atenas e outras cidades gregas deram apoio às cidades gregas da Jônia, o que incomodou os persas. Estes tiveram trabalho em conter as cidades gregas e muitas perdas durante os conflitos, que só se encerraram em 493 a.C., com a derrota das cidades gregas da Jônia.

Em retaliação ao apoio das cidades gregas continentais aos revoltosos, em 492 a.C., o imperador Dario ordenou que tropas persas invadissem a Grécia Continental. A expedição foi comandada pelo genro de Dario, Mordónio, mas a esquadra persa enfrentou uma forte tempestade no Mediterrâneo, perdendo grande parte das suas embarcações, obrigando o comandante a retornar para a Pérsia.

Em 491 a.C., diversos embaixadores persas foram enviados para as cidades da Grécia Continental, exigindo que elas se submetessem ao domínio persa, evitando assim a guerra. A maior parte das cidades gregas se recusou a se submeter aos persas e preferiu a guerra, entre elas Atenas e Esparta.

Em 490 a.C., os persas iniciaram o primeiro ataque à parte continental da Grécia, atacando e conquistando cidades litorâneas e insulares no norte do Mar Egeu. Depois, os persas rumaram para a região da Planície de Maratona, onde desembarcaram parte das tropas na praia.

As tropas se enfrentaram em Maratona e os gregos venceram a batalha. A praia não era grande e contava com uma elevação no seu fim, onde os gregos se posicionaram. O pouco espaço deu vantagem aos gregos, superiores no combate corpo a corpo.

Após a vitória, os gregos marcharam rapidamente para Atenas, conseguindo chegar à cidade antes da marinha persa. Esta, ao avistar os soldados em Atenas, resolveu deixar a Grécia.

Segunda Guerra Médica

Em 486 a.C., o filho de Dario, Xerxes, assumiu o comando do Império Persa prometendo vingar a derrota do pai e conquistar a Grécia. Persas e gregos passaram a se preparar para um novo conflito. Em 480 a.C., Xerxes iniciou uma nova tentativa de invasão ao território grego. As cidades gregas assinaram uma aliança militar que ficou conhecida como Liga de Delos, por ela, todas as cidades lutariam juntas na guerra. Os líderes dessa aliança foram inicialmente Esparta e Atenas.

Persas e gregos se enfrentaram na Batalha das Termópilas, na qual tropas espartanas, lideradas pelo rei Leônidas e conhecidas como “Os 300 de Esparta”, e tropas atenienses tiveram como principal objetivo retardar o avanço persa para Atenas. Os persas venceram a batalha e rumaram para Atenas, onde promoveram saques e incendiaram parte da cidade.

Após conquistar Atenas, Xerxes pretendia vencer os gregos em uma batalha naval para garantir o domínio do Mar Egeu. Em setembro de 480 a.C., persas e gregos se enfrentaram na batalha marítima de Salamina, que terminou com uma grande vitória da marinha grega, liderada por Atenas. Enfraquecida, as tropas persas tentaram ainda por dois anos conquistar a Grécia, retornando, enfim, para a Ásia.

Em 449 a.C., os persas assinaram o Tratado de Susa, reconhecendo a supremacia grega sobre as regiões da Ásia Menor e se comprometendo a não invadirem novamente a Grécia.

Consequências das Guerras Médicas

A primeira consequência das Guerras Médicas foi a preservação da independência das cidades gregas que não se submeteram ao império persa. Alguns historiadores defendem que a vitória grega preservou a cultura desse povo que seria muito influente na formação do que chamamos hoje de Ocidente.

Outra consequência das Guerras Médicas foi a Guerra do Peloponeso, travada entre Atenas e Esparta. Durante as Guerras Médicas, foi fundada a Liga de Delos, aliança militar entre as diversas cidades-estados gregas. A liga era liderada por Atenas, e todas as cidades deveriam realizar uma contribuição financeira, todos os anos, para ela. Tais recursos eram guardados em Delos.

Inicialmente o dinheiro recolhido foi utilizado para o esforço de guerra, como para a produção de armas e de embarcações, mas, com o tempo, Atenas passou a utilizar os recursos em seu próprio benefício. Atenas também passou a ser uma cidade poderosa e a interferir na política de algumas cidades gregas.

Esparta deixou a Liga de Delos e formou a própria aliança, a Liga do Peloponeso, formada por Esparta e outras cidades da Península do Peloponeso e que tinha por principal objetivo se contrapor ao poderio de Atenas.

Guerra do Peloponeso

Diversos atritos ocorreram entre cidades da Liga de Delos, liderada por Atenas, e da Liga do Peloponeso, liderada por Esparta, até que, em 431 a.C., a guerra entre elas se iniciou. O conflito recebeu o nome de Guerra do Peloponeso, pois a maior parte das batalhas ocorreu na península de mesmo nome.

No início da guerra, Esparta levou vantagem nas batalhas terrestres, e, Atenas, nas navais, havendo certo equilíbrio entre as duas potências.

Em 421 a.C., atenienses e espartanos estabeleceram uma trégua no conflito assinando o Tratado de Paz de Nícias, que deveria durar meio século, mas, apenas seis anos depois, a guerra retornou entre as duas cidades e suas aliadas.

Esparta passou a receber apoio do Império Persa e construiu uma poderosa marinha de guerra, vencendo os atenienses na Batalha de Egospótamos.

Após a derrota, a cidade de Atenas se rendeu no ano de 404 a.C. Para saber mais detalhes sobre a Guerra do Peloponeso, clique aqui.

Exercícios resolvidos sobre Guerras Médicas

Questão 1

(UFTM) Inspirado nos quadrinhos de Frank Miller, o filme norte-americano “300”, no qual um ator brasileiro interpreta Xerxes, rei persa, trata da Batalha de Termópilas, parte das Guerras Médicas. Essas guerras:

A) contribuíram para a unificação e o fortalecimento das cidades-Estado gregas, que venceram e passaram a dominar a Ásia Menor.

B) representaram um choque de imperialismos entre a nascente república de Roma e Cartago, colônia persa no norte da África.

C) resultaram do expansionismo do Império Persa, que conquistou colônias gregas na Ásia e ameaçou as próprias cidades-Estado.

D) foram motivadas pela conquista macedônica sobre o território helênico, o que levou à criação do Império Helenístico.

E) tiveram, como consequência, a hegemonia de Esparta na Liga de Delos, que financiou o combate contra os persas.

Resolução:

Alternativa C

As Guerras Médicas ocorreram como uma consequência da expansão do Império Persa sobre as cidades gregas. Os persas, antes das guerras, já dominavam diversas cidades-estados gregas nas regiões da Ásia Menor, Trácia e Macedônia. Uma revolta grega na Ásia Menor deu início ao conflito.

Questão 2

(ESPM)

(…)

A batalha de Maratona foi longa e cheia de peripécias. Os bárbaros conseguiram desbaratar as fileiras do centro do exército ateniense, pondo em fuga os remanescentes; mas as duas alas compostas de atenienses e plateus atacaram as forças adversárias que haviam rompido o centro do exército, impondo-lhes uma derrota irreparável. Vendo-as fugir lançaram-se em sua perseguição, matando e esquartejando quantos encontraram pela frente, até a beira mar, onde se apoderaram de alguns dos navios inimigos.

(Heródoto. História)

Assinale a alternativa que apresente, respectivamente, o nome da guerra em que ocorreu a batalha de Maratona bem como os bárbaros, mencionados no texto:

A) Guerra do Peloponeso – troianos

B) Guerras Médicas – troianos

C) Guerra do Peloponeso – persas

D) Guerras Médicas – persas

E) Guerras Púnicas – cartagineses

Resolução:

Alternativa D

Heródoto, historiador de origem grega, foi o primeiro a analisar as Guerras Médicas. A Batalha de Maratona foi a principal batalha da Primeira Guerra Médica, e Heródoto, de forma preconceituosa, se referia aos persas como “bárbaros”.

Fontes

CARTLEDGE, Paul. Grécia Antiga. Editora Ediouro, São Paulo, 2009.

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. Editora Contexto, São Paulo, 2011.

SILVA, Lorena Pantaleão da. Grécia e Roma e seus reflexos nos dias atuais. Editora InterSaberes, Paraná, 2017.

Por Jair Messias Ferreira Junior

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