Primeira Revolução Industrial
A Primeira Revolução Industrial foi a etapa que introduziu a maquinofatura e a mecanização de processos produtivos no interior das fábricas, na Inglaterra, entre 1760 e 1850.
A Primeira Revolução Industrial foi a primeira etapa do processo de industrialização, estendendo-se de 1760 a 1850. Seu início se deu na Inglaterra, o que ficou conhecido como pioneirismo inglês. O país tinha amplo acesso a fontes de matérias-primas e de energia, além de ter ampliado o seu mercado consumidor por meio de suas colônias e acumulado capital para a expansão produtiva. Soma-se a isso medidas legais internas, como o cercamento de terras, que causou êxodo rural e acelerou o crescimento das cidades.
Durante a Primeira Revolução Industrial, as oficinas deram lugar às fábricas, as quais eram equipadas com maquinários movidos a vapor, como os teares e as fiadoras hidráulicas. Os trabalhadores passaram a desempenhar funções únicas, e houve a expansão dos meios de transporte com o trem e as embarcações a vapor. Apesar das inovações técnicas e da consolidação do sistema capitalista, problemas surgiram, como a precarização do trabalho e a degradação ambiental.
Leia também: Quais foram as três fases da Revolução Industrial?
Resumo sobre a Primeira Revolução Industrial
- A Primeira Revolução Industrial foi o processo de mecanização do processo produtivo que aconteceu na Inglaterra entre 1760 e 1850.
- Entre suas causas estiveram o acúmulo de riquezas pela classe burguesa na Inglaterra, a ampla disponibilidade de matérias-primas e fontes de energia e também medidas como o cercamento de terras.
- A produção acontecia dentro das fábricas, e não mais nas oficinas. Cada trabalhador tinha uma função específica e atuava em jornadas longas e exaustivas.
- O carvão mineral era a principal fonte geradora de energia, enquanto o ferro e o algodão eram as principais matérias-primas do período.
- Os teares mecânicos, as locomotivas a vapor e as embarcações a vapor são algumas das inovações tecnológicas da Primeira Revolução Industrial.
- Além do advento da maquinofatura, das inovações técnicas e da consolidação do sistema capitalista, impactos negativos como a degradação do meio ambiente e das condições de trabalho foram consequências da Primeira Revolução Industrial.
Videoaula sobre a Primeira Revolução Industrial
O que foi a Primeira Revolução Industrial?
A Primeira Revolução Industrial foi o processo de transformação do modo de produção internacional que deixou de lado a manufatura para adotar a mecanização dentro das unidades fabris, estendendo-se de 1760 a 1850. Esse processo foi movido pelo que ficou conhecido como pioneirismo inglês, iniciando-se na Inglaterra e rapidamente se expandindo para outros países europeus. Mais tarde, a Revolução Industrial adquiriu escala global.
Considera-se a Primeira Revolução Industrial como sendo, na verdade, apenas a primeira fase de um longo caminho de inovações tecnológicas que proporcionaram uma mudança profunda não somente na maneira como se produzia como também no sistema econômico vigente. Foi com a Revolução Industrial que o capitalismo se consolidou, trazendo com ele os aspectos socioeconômicos e espaciais do mundo moderno.
Contexto histórico da Primeira Revolução Industrial
A Primeira Revolução Industrial começou na Inglaterra num momento que o país estava expandindo os seus domínios internacionais e seus mercados consumidores, aqueles territórios que adquiriam produtos confeccionados no território inglês. Lembremos que o mundo passava por um processo de maior conexão dos espaços globais desde as Grandes Navegações, o que permitiu a criação de verdadeiras redes comerciais abrangendo países em continentes distintos (Ásia, África e América).
A Inglaterra se transformou em um dos principais centros coloniais da Europa e do mundo nesse período, tendo sido a fundadora das Treze Colônias na América, que mais tarde se tornariam os Estados Unidos. O Império Britânico, como eram conhecidos os domínios ingleses de além-mar, era composto também por territórios na África e na região da América Central.
Com a sua expansão colonial, desenvolvia-se no território inglês uma nova classe social, formada pelos indivíduos detentores de terras e de unidades de produção, tendo os burgueses emergido no contexto da Revolução Inglesa (1640-1688). Em outras palavras, a burguesia detinha o capital e os meios de produção, sendo a classe de maior importância socioeconômica da Inglaterra à época.
Veja também: Segunda Revolução Industrial — quais as principais inovações do período?
Quais foram as causas da Primeira Revolução Industrial?
O contexto histórico apresentado acima foi importante para a viabilização da Primeira Revolução Industrial, paralelamente a transformações espaciais e políticas na Inglaterra e a características inerentes aos país. Assim, apontamos como as causas da Primeira Revolução Industrial:
- Cercamento de terras agrícolas na Inglaterra, promovendo uma intensa onda de êxodo rural de pequenos produtores e o crescimento das cidades.
- Acumulação de riquezas (capital) na Inglaterra por parte de uma classe social específica, detentora dos meios de produção, e capaz de investir no setor produtivo.
- Expansão dos mercados consumidores dos produtos ingleses, o que aumentou também a sua demanda. O principal setor em que isso aconteceu foi o têxtil. Então, era preciso ampliar o ritmo e o volume de produção.
- Acesso a territórios ricos em recursos naturais, o que incluiu o próprio Reino Unido. Esses recursos foram principalmente o carvão mineral, o ferro e a lã. Mais tarde, o algodão passou a ser importante nas fábricas têxteis inglesas.
Características da Primeira Revolução Industrial
A Primeira Revolução Industrial foi chamada de revolução por ter quebrado com os padrões de produção que estavam em voga na Inglaterra até então, implementando transformações profundas na economia, principalmente, e também no espaço. As principais características da Primeira Revolução Industrial foram:
- As fábricas (ou unidades fabris) passaram a ser a unidade produtiva, substituindo as oficinas.
- Amplo desenvolvimento do setor têxtil inglês, com a produção de roupas e tecidos.
- Mecanização do processo de produção, com o emprego de máquinas a vapor para a realização de etapas produtivas. Elas eram, entretanto, manuseadas por trabalhadores.
- Divisão do trabalho e especialização, com o trabalhador passando a exercer uma única função dentro da fábrica.
- Jornadas longas e exaustivas, com o emprego de mão de obra infantil.
- Utilização do carvão mineral e da água como principais fontes geradoras de energia, tanto para os maquinários das fábricas quanto para os meios de transporte.
- Dado o tipo de produção desenvolvida, o ferro e o algodão eram as principais matérias-primas utilizadas nas fábricas.
- Desenvolvimento de novos meios de transporte, principalmente as locomotivas a vapor.
- Concentração das atividades econômicas no meio urbano, com amplo desenvolvimento das cidades inglesas e do modo de vida urbano.
Principais inovações da Primeira Revolução Industrial
As inovações tecnológicas da Primeira Revolução Industrial tiveram impacto em diversos setores, com destaque para a produção, a comunicação e os transportes. Confira, a seguir, quais foram as principais inovações do período:
- máquina de tear, dentre as quais esteve a chamada spinning jenny (ou jenny giratória);
- máquina de fiar hidráulica (movida a água), conhecida como water frame;
- descaroçadora de algodão, responsável por separar a semente da fibra;
- locomotivas e embarcações a vapor (barcos e navios).
Primeira Revolução Industrial no Brasil
Quando do desenvolvimento da Primeira Revolução Industrial na Inglaterra e, posteriormente, pelo restante da Europa, o Brasil passava por transformações que estavam ligadas com a descoberta de ouro em Minas Gerais e o eventual fim do sistema colonial e implementação do império como forma de governo. Por conta desses e de outros fatores políticos e econômicos, o país experimentou o que ficou conhecido como industrialização tardia, iniciada no século XX, mais precisamente a partir de 1930.
Consequências da Primeira Revolução Industrial
Ao mesmo tempo em que a Primeira Revolução Industrial foi, inegavelmente, fundamental para o desenvolvimento da indústria, para o surgimento de novas tecnologias produtivas e para o reordenamento espacial da Inglaterra, ela trouxe certos impactos negativos para a população, sobretudo para a mão de obra urbana, e para o meio ambiente.
As principais consequências da Primeira Revolução Industrial:
- advento da maquinofatura como principal modo de produção;
- estabelecimento de fábricas no lugar de oficinas;
- desenvolvimento tecnológico sem precedentes no meio produtivo e nos transportes;
- precarização do trabalho com jornadas exaustivas e baixos salários;
- aceleração do processo de êxodo rural e urbanização, com o crescimento das cidades;
- crescimento populacional observado em um contexto geral;
- aprofundamento das desigualdades socioeconômicas no meio urbano;
- consolidação do sistema econômico capitalista;
- deterioração da qualidade de vida no meio urbano, causando doenças;
- intensificação da emissão de gases do efeito estufa na atmosfera;
- problemas ambientais como desmatamento, poluição hídrica e atmosférica.
Saiba mais: Quando começou a Terceira Revolução Industrial?
Exercícios resolvidos sobre Primeira Revolução Industrial
Questão 1
(Urca) Foram características da denominada “Primeira Revolução Industrial” (meados do século XVIII a meados do século XIX):
a) O uso do carvão mineral e do ferro como fonte de energia e matéria-prima; a utilização de máquinas na produção e o sistema de produção fabril.
b) O predomínio do trabalho familiar; a utilização dos moinhos de água como fonte principal de energia e a produção de bens artesanais.
c) O advento da produção de cobre; a prática do nomadismo e a descoberta do fogo.
d) A diminuição do comércio; a fuga das cidades e a intensificação da ruralização.
e) O predomínio do uso do petróleo e o início do uso da energia nuclear.
Resolução: Alternativa A
O carvão mineral foi a principal fonte de energia utilizada na Primeira Revolução Industrial, que teve o ferro como uma de suas matérias-primas de destaque. Além disso, o trabalho artesanal deu lugar à mecanização.
Questão 2
(Unesp) “Entrar numa fábrica pela primeira vez podia ser uma experiência aterrorizante: o ruído e o movimento do maquinário; o ar sufocante, cheio de pó de algodão, muitas vezes, mantido opressivamente quente para reduzir a quebra; o fedor penetrante de óleo de baleia e de gordura animal usados para lubrificar as máquinas (antes da disponibilidade de produtos petrolíferos) e do suor de centenas de trabalhadores; os semblantes pálidos e os corpos doentios dos operários; o comportamento feroz dos supervisores, alguns dos quais carregavam cintos ou chicotes para impor disciplina. Nas salas de tecelagem, o barulho ensurdecedor de dezenas de teares, cada um com uma lançadeira recebendo pancadas de martelo umas sessenta vezes por minuto, impossibilitava que os trabalhadores se ouvissem.”
(Joshua B. Freeman. Mastodontes: a história da fábrica e a construção do mundo moderno, 2019.)
O trabalho nas primeiras fábricas inglesas é caracterizado no excerto
a) pela insalubridade e opressão no ambiente de trabalho.
b) pela apropriação do tempo e do excedente do trabalho pelo capitalista.
c) pelo aumento da produtividade e da otimização do ritmo de trabalho.
d) pelo desenvolvimento da tecnologia e da divisão de tarefas.
e) pelo aproveitamento de energia de origem mineral.
Resolução: Alternativa A
O trecho acima ilustra o quão insalubre e opressor era uma fábrica inglesa no início da Revolução Industrial, oferecendo condições de trabalho precárias, jornadas longas e exaustivas e baixos salários.
Créditos das imagens
[1] Biblioteca Nacional do País de Gales/ Wikimedia Commons
Fontes
IGLÉSIAS, Francisco. A Revolução Industrial. São Paulo, SP: Brasiliense, 1990, 10ª ed. (Tudo é História 11).
LUCCI, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado, 2: ensino médio. São Paulo, SP: Saraiva, 2016. 3 ed. 289p.
MOREIRA, Igor. O Espaço Geográfico: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo, SP: Editora Ática, 2004. 47ª edição, 3ª reimp. 455p.
SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, 6º ano: ensino fundamental, anos finais. São Paulo: Scipione, 2018.268p.